Dizem que o tempo cicatriza qualquer ferida, mas eu posso afirmar que em alguns casos apenas nos fazem conformar com o caminho que devemos seguir e aceitar o que nascemos para ser, sem vergonha, sem vitimismo ou dramas desnecessários.
Por outro lado é impossível não se sentir mal quando as pessoas fazem questão de a cada oportunidade que tem diminuir o outro por sua condição financeira ou a por causa da cor de sua pele. E por mais que eu tente não me importar com isso, seguir o que minha mãe sempre me ensinou, que eu não sou diferente de ninguém, nem melhor ou pior do que qualquer outra pessoa, não é tão fácil quanto parece ser.
Quando eu iria iniciar o terceiro ano do ensino médio, eu decidi parar de estudar, em partes foi mesmo porque eu precisava ajudar a minha mãe com as despesas, procurando um emprego, mas um dos motivos, que não contei nem mesmo para ela, foi por não aguentar mais as provocações dos meus colegas de classe, que muitas vezes nem tinham uma situação financeira tão melhor do que a minha, mas que sentiam prazer em jogar as suas frustrações em cima de quem não tinha nada haver com o que estivessem passando fora da escola.
Então eu comecei a me questionar como que em pleno Século XXI ainda poderiam existir pessoas com esse tipo de mentalidade, que preferem continuar sendo desagradáveis, julgando o caráter de alguém pelo que ela tem ou por sua cor, e não pelo o que ela realmente possa ser. E foi justamente por pensar nisso, que eu parei de acreditar nas amizades e na bondade que me era oferecida.
Acho que por essa razão que quando eu comecei a trabalhar como Copeira na Parker Dress For Less, que eu tentei ser invisível para todo mundo, buscando fazer o meu trabalho da melhor forma possível, não cometendo erros e dar motivos para ser mandada embora, até porque a Senhorita Parker mal olhava na minha cara quando eu entrava em sua sala, não importando de fato com a minha presença.
Não vou negar que eu até tentei ser amigável com os meus colegas de trabalho, mas eu não conseguia me sentir a vontade entre eles, principalmente com a Andrea, que fazia questão de humilhar os novatos e senti que comigo ainda era pior, por eu ser negra - a única de toda a Loja - apenas porque eu trabalhava na Copa e não no salão de Vendas como ela. Posso dizer que a Marta tenha sido uma exceção, sendo sempre muito amável e a Melissa, que mesmo sendo Vendedora, o que depois eu descobri que ela vem de uma família muito rica de Seattle, também me fazia sentir acolhida no meu novo ambiente de trabalho.
Até que alguns meses depois, a Ana começou a trabalhar na Loja como Vendedora e não sei por qual motivo, ela foi se aproximando querendo ser a minha amiga. Ela conseguiu aos poucos atravessar os muros que aprendi a colocar em volta do meu coração, na intenção de me proteger e não me frustrar novamente por me permitir fazer uma nova amizade. E mesmo que eu tentasse, foi difícil mantê-la longe, pois o seu olhar e o seu sorriso sempre foram verdadeiros quando direcionados a mim. E de certa forma, eu sentia que nela eu poderia confiar de verdade.
Talvez seja por isso que me vi contando parte do meu passado para ela, quando me apaixonei pela primeira e última vez. Quando precisei deixar os meus únicos dois amigos - que eu acredito que tivessem sido, pelo menos -, sem conseguir me despedir. Que eu precisei ver a minha mãe controlar cada centavo que tinha de suas economias para conseguir nos dar um teto para morar e ter alimentos na mesa para comer, até que conseguisse um novo emprego.
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Destinos Entrelaçados - Spin-off - Série Destinos
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