15

213 16 18
                                    

Tive que voltar na delegacia outras duas vezes naquela semana, e por ordens do Justin, Mike me acompanhou durante todo o trajeto.

Maia estava com problemas para comer e dormir. Quando o cansaço de toda aquela situação foi passando, ela passou a dormir bem menos do que estava acostumada.

Estava com algumas alergias, problemas para fazer xixi e estava sempre se queixando de dor de cabeça, e perdeu completamente o ânimo da vida ativa que tinha antes.

Justin estava preocupado com a menina. Ele via como tudo aquilo a afetou e estava cada dia mais distante, talvez por não saber lidar com aquilo.

Nossa comunicação era mínima novamente, ele odiava o delegado, queria por tudo que a investigação acabasse logo. E querendo ou não, quando ele odiava alguém por sequer olhar para mim, ele se distanciava e tentava ter o máximo de controle do que eu fazia o tempo todo.

Eu estava bem. Minha recuperação foi um pouco conturbada pois a situação de Maia mexia muito comigo, eu não conseguia descansar porque ela não dormia e eu ficava ali acordada para que ela não se sentisse sozinha.

Era quarta feira, pouco mais de uma semana depois da morte de Bárbara. Eram 04:00am quando ela finalmente pegou no sono.

Desci para fazer um chá, eu estava com dor de cabeça e como havia tomado muitos remédios naquela semana, Ronda me recomendou beber chá para ajudar com as dores de cabeça.

Coloquei a água para esquentar e me sentei no balcão como sempre fazia. Respirei fundo e senti todo o peso daquela semana em meus ombros.

— Mamãe? - Ouvi a voz da Maia. Olhei para o lado e ela estava ali com seu pijama de dinossauros (ela amava dinossauros). — Não consigo dormir, o papai não chegou?

— Sente-se na cadeira, estou fazendo chá. Pode beber um pouco, talvez ajude já que o leite morno não ajudou. - Falei com carinho e ela obedeceu. — Seu pai não está, quer ligar para ele?

— Ele não vai atender, como na noite passada. - Olhou para mim com os olhos pequenos. — Quando vamos para casa mamãe?

— Não vai demorar meu amor. Quer que eu mande buscar o Oscar? - Perguntei e ela negou.

— Não, mãe, eu quero mesmo ir para casa. Não gosto daqui, se trouxer o Oscar, ele não vai ficar feliz porque eu não estou feliz.

— Não está feliz? - Ela abaixou a cabeça.

— Estou feliz por estar com você e perto dos meus tios, mas eu quero minha casa.

— Vou fazer o possível para gente ir o quanto antes. - Prometi e ela deitou a cabeça na mesa e ficou olhando para mim.

Finalizei o chá e dei um pouco para ela. Ficamos na sala até ela pegar no sono mesmo. Já se passavam das 06:00 da manhã, eu estava exausta então decidi que ia subir para descansar.

Desliguei a tv e quando ia pega-la, Justin chegou. Estava sério, não estava bêbado como de costume e pela expressão dele, eu sabia que ele havia passado a noite em uma missão que não saiu como ele queria.

— Eu levo ela. - Disse e eu assenti. Dei um beijo em Maia, peguei as canecas e fui até a cozinha.

Quando terminei de lavar a louça ele entrou e parou ao lado da pia.

— O que a psicóloga disse? - Perguntou sobre a consulta da Maia.

— Disse que ela não fala de jeito nenhum sobre a Bárbara e que todo esse comportamento dependente está ligado à ausência que sentiu de afeto. Ela quer se sentir segura, mas mesmo se esforçando, está traumatizada. - Olhei para ele. — Eu vou ter que fazer um relatório de toda consulta dela para você? - Cruzei os braços.

Murder Love (Parte 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora