Place In Me • c.t.h

Capítulo 5

Flashback 27 de abril

O celular da garota começou a tocar por volta das três da manhã, em primeiro momento ela apenas achava que era Alec ligando para perguntar se podia ir dormir com ela, o que ele normalmente fazia.

—Oi?

—Ravena?

Aquela não era a voz do Alec.

Aquela voz era do Calum.

—Calum? O que você quer?

—Me desculpa...é minha culpa.

Um arrepio percorreu por todo seu corpo, todo seu sono havia sumido com apenas algumas palavras.

—Onde você está?

—Mercy West Hospital.

Não poderia deixar o desespero tomar conta do seu corpo, mas sabia o que aquilo significava, sabia que naquele momento não poderia ser fraca.

A garota apenas pegou uma calça preta que estava jogada no chão e um moletom, pegou as chaves do carro de sua mãe e dirigiu até o local.

Quando atravessou a porta da emergência foi como se tudo estivesse em câmera lenta. Sua mente voltou para quando tinha onze anos e entrou no hospital com sua mãe e dois irmãos. Lembrava que sua mãe estava chorando tanto que Oliver teve que segurar Rubi nos braços.

—Oliver, o que aconteceu? —A pequena Ravena perguntava enquanto via sua mãe desmanchando em lágrimas.

—Rav, a mamãe precisa da gente agora, ok?

—O papai morreu, não é?

O garoto apenas concordou com a cabeça, a menininha tentou ao máximo conter suas lágrimas, mas não foi possível. Se aproximou de sua mãe abraçando a mesma.

Sabia que estava ali pelo mesmo motivo, mas daquela vez estava completamente sozinha.

Seus olhos percorreram por um senhor que vomitava em uma bacia enquanto uma garota, provavelmente sua filha, o ajudava a se limpar.

Talvez Alec apenas estivesse passando mal por conta da bebida.

Notou um homem no final do corredor chorando, implorando, rezando a um Deus, que não levasse sua esposa.

Talvez esse Deus levasse Alec hoje.

—Ei, o que você está fazendo aí— Uma das enfermeiras se agachava para ver a menina debaixo de alguns dos bancos.

—Desculpa, eu não queria atrapalhar ninguém

—Está tudo bem, qual é seu nome?

—Ravena

—O meu é Danielle, por que você está se escondendo?

—Eu não aguentei ficar lá, minha mãe não para de chorar e eu sei que meu irmão está se segurando

—O que aconteceu?

—Meu pai morreu

—Ele está em um lugar melhor agora, com Deus.

—Eu não acredito nele, não mais

Ela costumava acreditar, de verdade. Desde que seu pai foi diagnosticado com câncer do estômago ela rezava para que Deus não levasse seu pai. Acreditava que se acreditasse e pedisse ele iria a escutar.

Foi naquela noite que ela perdeu totalmente sua fé.

E ela estava de volta naquele inferno, Deus estaria punindo por ter perdido sua fé? A fé que ele arrancou no dia que levou seu pai.