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Encontro Kelly fazendo nosso almoço quando chego em casa.

— E aí? Como foi? — Pergunta sem tirar os olhos da cenoura que estava cortando.

Me jogo no sofá e dou um longo suspiro.

— O cara é tudo que eu previ e mais um pouco. — Respondo, sincera.

Ouço Kelly rir baixinho.

— Não pode ser tão ruim.

— Você diz isso porque não tem que trabalhar com ele.

Pela primeira vez desde a casa de Dante pego no meu celular ainda cheio de areia. Haviam algumas atualizações das redes sociais, mas também tinha uma mensagem de um número desconhecido. Geralmente eu odiava receber mensagens de números não adicionados, mas daquela vez senti que poderia ser diferente.

E era.

"Oi, sou eu. Mateo.

Será que você poderia ligar para mim quando tiver um tempinho?"

Senti um aperto de ansiedade. No mesmo instante, corro para o meu quarto e fecho a porta. Respiro fundo umas duas vezes e aperto o botão para ligar para o número de Mateo que eu havia acabado de adicionar. Ouço o toque de espera até que ele me atende.

— Olívia?

— Oi. — Mais uma vez pareço uma boba tentando falar com Mateo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Tecnicamente, ele era o único que tinha que levar aquela conversa para a frente.

— Então, senti uma coisa estranha hoje de manhã e imaginei que poderia ter acontecido alguma coisa com você.

Minha mente varre todas as memórias que eu tinha daquela manhã. Ah, claro. O acidente com a bola.

— Acho que você está se referindo ao meu pequeno incidente com uma bola de vôlei. — Explico tentando não rir de nervoso.

— Nossa! Você está bem?

Apenas pelo fato da preocupação de Mateo ser genuína, eu fico mais eufórica. Parece que o tempo não tinha apagado a nossa afeição por completo.

— Estou sim, foi só um susto.

— Na verdade, foi exatamente isso que eu senti. Um susto, sabe. — A voz dele fica mais abafada. — Mesmo depois de todo esse tempo eu pareço não estar acostumado com a conexão dos nossos corações.

Sento na ponta da minha cama.

— É. — Concordo. — Não é algo natural no final das contas.

— Mas... — Mateo hesita. — Logo depois você ficou envergonhada não foi?

Me lembro da minha conversa com Dante e sinto minhas bochechas queimarem mais uma vez.

— Não foi nada demais! — Minha voz soa histérica ao tentar mudar de assunto. — Foi só uma vergonha que eu passei no meio da rua.

Solto uma risada forçada, tentando dar veracidade à minha história.

— Sério? Parecia mais como...Quando eu te elogiava, sabe.

Suspiro e fecho meus olhos, lembrando de cada uma das vezes em que ele fazia questão de me dizer o quanto eu era bonita. Infelizmente, depois do procedimento de conexão que fizemos esses elogios foram ficando cada vez mais escassos.

— Sinto falta daquela época. — Digo.

— Exceto pela parte em que você fica doente. — A voz de Mateo parece mais séria do que deveria. — Você não deveria desejar nada aquilo de volta. Foi aterrorizante.

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