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Antes do dia da festa chegar na quarta-feira, eu pensei inúmeras vezes em ligar para Dante. Até peguei o celular para mandar mensagem algumas vezes, mas sempre parava no meio do caminho. Minha mão sempre acabava acariciando a tela preta do meu telefone desligado no final das contas. Eu sentia saudades de Dante, talvez isso fosse amplificado pelo sentimento de culpa de não o ter correspondido como eu deveria.

Na quarta, ainda atormentada pela lembrança do meu beijo com Dante e as suas palavras afetuosas para mim, eu me arrumava para me encontrar com Mateo na frente do meu apartamento. Comprei um vestido novo, era vermelho vinho e tinha um decote tomara-que-caia. Sim, minha cicatriz iria ficar a mostra, mas não era o maior dos meus problemas. Mesmo que eu não estivesse falando com Dante, ainda me lembrava da insistência dele para que eu vivesse como realmente deveria. Aquela era uma coisa que eu queria homenagear.

Antes de sair de casa, me despeço de Kelly. Quando disse para a minha melhor amiga que eu iria sair com Mateo, ela quase riu na minha cara, mas parou ao ver a minha seriedade. Assim como eu mesma, ela estranhou o fato de eu não estar animada como deveria. De qualquer forma, naquele momento era tarde demais para voltar atrás.

O novo carro prata de Mateo já me esperava na frente do meu prédio. O seu dono estava encostado na porta dianteira, usando um terno preto que ficava muito bom com o seu cabelo penteado para trás. Ele sorri quando me vê e estende o seu braço para mim.

— É uma bela noite para ser tão bonita quanto você está. — Mateo me cumprimenta, mas as suas palavras são parecidas demais com o que Dante me diria. Engulo em seco e faço o máximo possível para me esquecer daquele detalhe.

— Você também está muito bem. — O elogio de volta.

Entramos no carro e vejo o quanto era estranho estar naquela situação com Mateo. Pego um chiclete da minha bolsa de festa e coloco na boca sem que o motorista note.

Depois de alguns minutos, uma dúvida surge na minha mente e eu tento me conter para não dizê-la em voz alta, mas minha curiosidade é mais forte.

— Posso te perguntar algo?

Mateo nem hesita quando fala:

— Claro. Vai em frente.

Sua concentração continua no trânsito, mas dava para perceber que ele estava atento no que eu iria falar.

— Até alguns dias atrás você parecia distante de mim, como se sua cabeça ainda estivesse fora do país. — Começo o meu raciocínio. — No entanto, agora você me chama para uma festa, ficando todo atencioso pro meu lado.

A testa de Mateo se franze, mas o seu olhar continua voltado para a frente.

— Eu não entendo como isso pode parecer estranho.

— É estranho para mim. — Tento buscar palavras para me explicar. — É como se finalmente minhas táticas para te fazerem mais próximo de mim finalmente funcionassem. Foi uma surpresa, só isso.

Mateo fica em silêncio. Seus minutos sem falar são o suficiente para me fazerem lembrar das vezes em que Dante me dava carona em seu carro. É uma das inúmeras vezes em que me lembro dele naquela noite. Também faz meu coração ficar pequeno, como sempre.

— Eu acho que só precisava de tempo para me acostumar com as coisas antigas.

Mateo tenta parecer tranquilo, com uma voz comedida. Entretanto, sinto que ele está tenso. Não menciono isso na nossa conversa.

— Eu sou antiga?

Ele desvia o olhar da estrada rapidamente na minha direção.

— Você sabe o que eu quis dizer.

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