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Sinto meu pulmão se encher de ar enquanto eu me levanto de súbito de onde quer que eu estivesse deitada. Arfo, em busca de mais ar. Meus olhos estão bem abertos, vasculhando um quarto de hospital, procurando identificar o que tinha acontecido. Meus olhos encontram a minha mãe ao meu lado, ela coloca a mão no meu ombro e também arregala os olhos.

— Querida, você acordou! O que aconteceu? Quer que eu chame a enfermeira?

Sacudo a minha cabeça, passando as mãos pelo meu cabelo. Paro imediatamente quando noto uma coisa. Meu cabelo estava muito maior do que o meu último corte. Era uma questão de mais de cinquenta centímetros. Meu Deus, quanto tempo eu tinha dormido? Anos?

— Mãe, onde está o Mateo? — Me viro para ela, desesperada por uma resposta que me confirmasse que ele estava bem.

O olhar da minha mãe se torna mais ameno e ela sorri, em seguida afasta uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Ele está no seu quarto se recuperando da cirurgia.

— Cirurgia?

Franzo a minha testa. A situação de Mateo foi tão séria que tiveram que operá-lo? O que havia acontecido? Será que já estávamos fora de perigo?

— A cirurgia para colocar os aparelhos, Filha. — Minha mãe me responde com paciência, mas eu sabia que ela já estava começando a ficar preocupada.

Abro a boca para fazer mais perguntas, mas a fecho. Algo estava muito errado. Não era possível que haviam colocado os aparelhos de novo. Eu e Mateo já tínhamos feito aquilo, não havia necessidade alguma.

A não ser que... Não. Seria muita loucura da minha cabeça.

Me recosto propriamente na cama e toco o meu peito. Uma grossa camada de curativos se encontrava no lugar, exatamente como quando eu fiz a cirurgia de conexão. Talvez eu não estivesse totalmente errada na minha teoria, mas ainda assim era impossível.

Minha mãe começa a verificar o meu soro.

— Mãe, onde está a Kelly?

Imediatamente a minha mãe para de olhar se o líquido estava na quantidade certa. Sua testa se franze e ela desvia o olhar do meu para a porta do quarto. Com certeza ela queria chamar a enfermeira.

— Eu acho que não conheço esse nome, Querida. — Ela sorri um pouco embaraçada. — É alguma enfermeira eu você ficou amiga?

Minha boca se escancara de espanto. Tento me manter calma, mas sinto que era quase impossível. Ou minha mãe estava brincando comigo ou ela de fato não fazia ideia de quem era Kelly. Entretanto, como era possível? Minha teoria absurda começa a ficar mais forte na minha cabeça. Decido enfrentar a situação com coragem e inteligência.

— Mãe. — Chamo a atenção da minha progenitora. — Será que você poderia me dar o meu celular?

Minha mãe finalmente fica mais tranquila e tira da bolsa um aparelho. De fato, era o meu celular. O meu celular da mesma época em que eu tinha descoberto a minha doença e me conectado com Mateo. Minhas mãos começam a tremer involuntariamente e a minha mãe percebe. Ela começa a cariciar os meus cabelos com afeto.

— O seu médico provavelmente já vai estar aqui daqui a alguns minutos. Você vai ver, Filha, já deu tudo certo.

Aceno com a cabeça e tento sorrir, mas não sei se parece convincente o bastante. Ergo o meu velho aparelho e checo a minha aparência. Não havia dúvidas: Eu estava uns seis anos mais nova, com a mesma aparência que as fotos do meu aniversário de 18 anos. Ligo o visor e a data não nega o que eu pensava ser loucura. Agora que eu parava para notar, as rugas de expressão da minha mãe não pareciam tão evidentes quanto eu tinha notada da última vez que eu a vi.

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