Wernigerode - Alemanha, 1915.
Quatrocentos e oitenta e cinco anos haviam se passado depois da morte de Hwa Young. Muita coisa mudou durante esses anos, o mundo mudou, as pessoas evoluíram, outras, retrocederam. Os humanos descobriram a tecnologia. Eu vi guerras acontecerem e serem vencidas. Vi impérios nascerem, crescerem e ruírem. Vi imperadores caindo e seus legados serem destruídos. Presenciei a primeira guerra mundial se iniciar e ela ainda não havia acabado. Parecia que o mundo ainda era o mesmo, cheio de podridão, com alguns frutos descentes dentre os estragados.
O vazio dentro de mim deixado pela morte de Hwa Young ainda existia. Não havia um dia em que eu deixei de pensar nela, desde o momento em que eu durmo, até o momento em que acordo, ela está em minha mente constantemente.
Meus olhos varrem o local em que eu estava, achei que nunca mais colocaria meus pés nessa cidadezinha, Wernigerode, o lugar onde eu conheci Hwa Young. Esse lugar era onde as bruxas se reuniam e era aqui seu lar e parecia o mesmo. Os prédios muito bem conservados, as cores branco, vermelho, verde, laranja e amarelo reinavam nas paredes. Após a sua morte, eu voltei aqui, há cem anos com minhas irmãs, depois de sermos forçadas a deixarmos a única cidade em que, pela primeiras vez em séculos, nossa família estava reunida e quase que totalmente feliz, eu nunca mais tive contato com elas.
Me encaminhei até o bar mais próximo, eu não estava aqui para ficar relembrando o passado. Entrei no local e alguns olhares se viraram em minha direção, analisando minhas vestes e eu os ignorei, caminhei até o balcão e os barulhos dos saltos de minha bota preta cessaram. Eu usava uma roupa completamente preta, uma calça, uma blusa com botões na frente de mangas compridas e soltas, e por fim, luvas de couro. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo.
Uma garçonete veio até o balcão me atender toda sorridente.
“Como posso ajudar?” pergunta.
“Um uísque, por favor. O mais forte que tiver.” peço educadamente.
A mulher assente e se vira, pegando a garrafa e um copo, ela enche o copo até a metade e faz menção de retirar a garrafa, mas eu a seguro.
“Por favor,” fixo meu olhar dentro de seus olhos e ela paralisa, me olhando. Não havia verbena em seu organismo, o que torna tudo mais fácil para hipnotizá-la. “deixe a garrafa.”
“É claro...” responde a garçonete, em uma voz robótica.
Ela sai e vai atender outra mesa.
Bebo o conteúdo do copo em um só gole e em seguida, encho-o novamente. Uma das desvantagens da imortalidade era não poder ficar bêbada e por isso, eu aproveitava para beber o quanto eu quisesse. Nada nunca iria anestesiar a dor eterna que existia em meu peito.
A história da minha vida vem de um caminho tortuoso e difícil de explicar, mas tudo começou com minha família, há mil anos atrás. Tudo que queríamos era tentar sobreviver. Éramos quatro, três meninas e um menino. Nosso irmão caçula, o favorito de nosso pai foi morto por lobisomens e então, nossa mãe que era adepta as artes das trevas, coagida por nosso pai realizou um feitiço que nos transformou em monstros, sugadores de sangue. Demônios que só podiam caminhar pela terra à noite. A magia de nossa mãe fez anéis que permitisse com que caminhássemos pelo dia entre os humanos. Fomos os primeiros da nossa espécie. Éramos três, Yerim, Joy e eu.
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Otherwise | Seulrene EM HIATUS
FantasyA vampira original, Seulgi, retorna para seu antigo lar em uma pequena cidade da Alemanha no século XX. Ela só não esperava ser surpreendida pelo destino ao reencontrar uma mulher idêntica ao seu amor antigo, Hwa Young, que agora tem o nome de Bae J...