O sorriso do Cheshire

Your Smile...

Estou presa em um mundo em que as pessoas e seres magicos que aqui residem só querem saber de tomar chá e tonar minha vida mais confusa do que ela já é...

Pensava enquanto andava em meio ao que parecia uma aldeia. Estava velha, a terra maltratada, casas silenciosas e em sua maioria abandonadas.
Eramos só eu e o chapeleiroa um bom tempo.
Sabe quando a vida e o destino te pregam uma peça? Ou te fazem entender da pior forma que o que você quer pode não ser o que você precisa?
Você entende o que quero dizer?

Estava ali a dias e não entendia o porquê de não conseguir voltar a clínica. Parecia que minha mente queria me dar o troco por todos os dias que reclamava e clamava mentalmente por querer não estar em Flaningam e sim naquele lugar que acahava conhecer tão bem.

Três dias. Três dias sem as roupas brancas folgadas e com manchas. Três dias sem os medicamentos e sedativos. Três dias sem o Olly.

Me perguntava se ele estava bem quando fui tirada de meus próprios devaneios pelo homem que andava ao meu lado.

- Parece distraída.

- Eu estou. Estou cansada demais para manter minha mente ligada a algo. - Disse e tropecei em uma pequena pedra no chão. - Ai !

- Mas o que.... - ele olhou a pedra e a colocou no lugar onde estava antes de meus sapatos a atingirem.

O observei. Que tipo de pessoa fazia algo como aquilo? Colocar uma pedra no chão e monitorar sua posição? Uma atividade louca , sem dúvida. Uma atividade que me fazia lembrar de um certo garoto ruivo.
Olly teria a mesma atitude. Uma vez ele me disse "Tudo acontece por uma razão. Todos nós, cada exemplo de ser vivo e matéria, estamos aqui por uma razão" . Porque eu estava ali? Será que realmente havia uma força maior controlando minhas ações? Se sim, nossa, porque eu tinha que ser tão... Desnecessária.
Quando eu era menor meu pai me falava sobre o futuro. Como devia ser quando me tornasse uma mulher. Uma mulher bem sucedida na vida e bem aceita na alta sociedade. Estes eram os sonhos do meu pai para sua filha mais nova. Eu sentia uma pontada de culpa todos os dias por ter alcançado algo que não era comum na família Linddell. O fracasso.

Na verdade fracasso não era bem a palavra para isso. Era mais algo como o fundo do poço , literalmente. Eu não entendia como as vindas aquele lugar se tornaram algo tão... Atormentador.

Lizzie com certeza teria alcançado esse sonho. Ela era tão serena em seus movimentos e modo de falar. Tão cálida. Uma vida tão nova . Tantas páginas limpas e o ponto final veio tão cedo. Elizabeth Linddell, sinto tanto a sua falta. E sinto mais ainda por ter sido eu a culpada.

- Eu não aguento mais - Parei e encostei em um barril vazio, havia alguns buracos em sua superfície de madeira - Eu preciso de um tempo. Tem me arrastado por um bom tempo e nem ao menos se digna a me dizer para onde!

- "Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: Quanto tempo?" - Disse mais para si do que para qualquer outra pessoa - As coisas iam continuar sem fazer o mínimo sentido pra você. - Ele parou em minha frente, tirou sua cartola da cabeça e sentou , colocando o chapéu sobre as pernas cruzadas no chão.

- Eu não ligo. A confusão já é algo bem comum a minha pessoa. Ande. Fale.

- Estamos indo ao sul para o castelo da rainha branca. - Ele respondeu-me simplesmente enquanto me olhava com seus grandes olhos verdes brinlhantes.