Down The Rabbit- Hole...But what?

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mar.05. 1864

INCÊNDIO EM MANSÃO MATA FAMILIA LIDDELL

Nessa madrugada um incêndio causado aparentemente por um castissal que caiu em uma cortina pôs fim a vida dos prestigiados membros da família Liddell.
Nessa fatídica quarta-feira dizemos adeus com um peso enorme a  Elizabeth Liddell, ao professor Arthur Liddell  e sua esposa Mary Liddell.
A única sobrevivente da tragédia e última descendente do clã Liddell  é Alice, a filha mais nova dos falecidos, com 13 anos .
A jovem está nas dependencias do prédio da justiça em Londres e aguarda a análise mental e física.

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Eu definitivamente não estava mais no Sanatório Flaningan. Aquele não era o ar frio dos campos da terra da rainha e muito menos os jardins da clínica.

O céu possuía uma cor  rosada e indicava o fim da tarde,  sentia a brisa e olhei para baixo notando que não usava mais a camisola branca velha e encardida do sanatório , um vestido azul claro estava em seu lugar, e meu laço preto estava perfeitamente alinhado em minha cabeça.

Sorri, finalmente havia chegado a meu paraíso, o país das maravilhas estava lá novamente para mim.

Haviam 3 semanas. 3 semanas sem paz, somente apagava e nada de campos floridos, bosques com arvores de cores variadas e muito menos riacho com cogumulos roxos maiores que os maiores casarões da grande Inglaterra. Mas ali finalmente estava e não perdi tempo ao correr pelos campos.

A sensaçao era a melhor. Simples , amada e limpa liberdade. Limpa de problemas, dor ou qualquer item do tipo.

Foi quando o vi. Um coelho branco....usando trages formais? Por que não me surpreendo?

Pelo menos agora sei quem foi o ser  que havia feito a enorme e quase infinita toca, a qual sempre foi a minha passagem para aquele lugar.

Eu simplesmente caia e lá estava, estranhamente naquele dia foi diferente, mas não estava reclamando, afinal aterrissar num átrio todas as vezes não era lá um modo muito confortavel, era seguro, mas não confortavel.

O pequeno animal (que tinha feito a enorme toca (?) O que não faz muito sentido mas acho que essa é a menor das loucuras) segurava um relógio de pulso e olhava para mim sobe as patas traseiras.

— Você está atrasada, muito atrasada! Onde está a sua pontualidade britânica? Estamos atrasados!— o coelho exclamou e eu dei mais 3 passos a frente.

— Mas.... Estamos atrasados para que exatamente ? —perguntei sem entender.

— Estamos atradados para a verdade! Para a guerra! Para os problemas! E mais importante, Para o chá! Existem duas coisas que não esperam por ninguem aqui! A  verdade e o chá!

—Mas....quem é você?—disse e o pequeno animal se aproximou de mim a dois pulinhos.

—Quem é você é a pergunta que deve ser feita Alice Liddell— ele disse dando ênfase ao "você" .

—Você acabou de responder sua propria pergunta senhor.... coelho?

—Que perfunta? —ele parou e me olhou com um ar vazio, de louco , sua expressão permanecia vazia, mas logo voltou ao normal, se é que isso era possivel  — Veja bem, isso não importa!  Estamos atrasados! Venha, siga-me!

E lá se foi o pequeno animal peludo e branquinho , campo abaixo e em direçao ao bosque. O que eu fiz? O que uma boa insana faria, segui o coelho falante que usava paletó.

Ouvia as flores cochichando (não, você nao leu errado, as flores realmente cochichavam) e passaros no topo das arvores, que tinha acabado de alcançar, cantando e me observando.

O coelho simplesmente corria e pulava e corria e saltava troncos e outros animais pequenos e falantes, como o proprio bosque, e eu ia logo atrás.

— Onde estamos indo?

— Isso não importa mocinha!

— E o que importa?!

— Seu passado importa? —falou enquanto deu um salto sobre uma poça de agua verde musgo que cai entre nós, fedia — Não pise nisso!

—Espere,sabe sobre meu passado?—perguntei ainda o seguindo e desviando do líquido fedido.

— O que? Oh não, estava lhe  perguntando. 

—Perguntando ? —disse ainda sem entender, aquela conversa estava mais sem nexo que as que eu tinha com outros internos no sanatório, e aquilo me incomodava.

—Perguntando?  Sobre o que?

—Ok eu Desisto de conversar com você, leve-me ao tal chá.

—Chegamos — O coelho parou em uma clareira aparentemente vazia.

—Chegamos? Chegamos onde?

—A lugar Nenhum, clareira do bosque de Lugar nenhum.

—Está falando Serio?

—Ora vamos Alice, não tem niguem aos risos aqui, agora venha.

Tinha um coelho me puxando pela mão. Sobre as duas patas traseiras. Um Coelho. Ok acredito que você já tenha entendido , vamos a descriçao do local.

Havia uma neblina densa, a grama era baixa em verde musgo e parecia que quanto mais eu andava mais ao "nada" eu chegava.

É estranho e louco falar ou pensar algo assim, mas não tinha outro modo de descrever o local. Parecia que você se esquecia de seu proposito e o recuperava em seguida e a ação se repetia, era um ciclo vicioso.

Foi quando eu vi em meio a neblina uma mesa com lanternas sobre a mesma.

Me aproximei e pude ver finalmente os meus anfitriões.

Uma Lembre de cor cinza,  pelo arrepiado e olhos vermelhos de ressaca, como os de alguém que bebeu muito ou que simplesmente não dorme a dias. E tinha mais alguém. Um homem com uma cartola vinho e tiras penduradas na mesma como um pêdulo de relógio e ainda havia uma fita vermelha e preta contornando parte do chapéu. Seus olhos eram verdes brilhantes e cabelo vermelho assim como... os de Olly .

—Bem vinda Alice, estavamos te esperando—Sorriu para mim e seviu-se com uma xicara de chá.

O sorriso do CheshireOnde histórias criam vida. Descubra agora