The queen of hearts 1.1

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Mas o que eram aquelas cartas gigantes afinal?

Eu pensava enquando andava pelos corredores escuros e umidos do sanatório. Tudo que me lembro é de ter acordado suando e sentindo meus pés molhados, na cama de meu quarto.

Lembro do que realmente tinha acontecido naquele quarto noite passada e me sinto mal. A prepotência sempre estava no meu ser, mas naquele momento mais forte do que nunca ela se manifestava. Nunca contaria sobre aquilo a ninguém. Ninguém deve saber, muito menos Olly.  Não sei do que ele seria capaz se soubesse e nós , todos os internos, pagariamos depois. Josh não deixaria barato.

— Atenção, ponham-se a caminho do Teatro. – ouvi a frase vinda dos autofalantes e suspirei andando.

O Teatro. Era assim chamado o salão onde a terapeuta do sanatório fazia varias de suas sessões conosco. Era como uma especie de terapia. A médica preferia isso a procedimentos como a lobotomia, infelizmente Clarisse não era assim.

Ao chegar lá mirei os imensos seguranças nas portas e próximos a um palco improvisado.

— Hoje vamos fazer algo diferente, cada um de vocês subirá no palco respondera perguntas "aleatorias". – A terapeuta me disse dirigindo seus olhos enormes para mim – Você podia ser a primeira Alice. Estou aqui para te ouvir e te dar as respostas que você precisa, mas eu, antes de qualquer coisa preciso saber, você sabe do que precisa?

A olhei confusa, o que não era lá tão estranho e fui subindo ao palco. Em instantes parecia que não havia mais ninguém. Só eu, ela e um pequeno palco.

A nossa terapeuta era magra, tinha um rosto gentil e suave, parecia que tudo nela era frágil, como uma xícara de porcelana. Usava óculos e tinha o cabelo longo loiro e preso em um rabo de cavalo.

Dirigiu mais uma vez os olhos azuis para mim e eu olhei meus proprios pés descalços com o cabelo caindo e cobrindo meu rosto.

— Então Alice, como foi a sua noite?– Ela falou alto e em tom de simpatia.

— Boa. – Respondi simplesmente ainda olhando os pés calejados, talvez de tanto ficar de pé fazendo os exercicios (ou tortura, chame do que quiser) que o sanatorio proporcionava nos dias de quarta, ou talvez fosse de andar muito tempo por um certo mundo paralelo.

— E tem tido sonhos?

— Alguns.

— Com o que exatamente?

— Sonhos....confusos. Não lembro exatamente com o que.

Menti . Eu sabia exatamente com o que eu sonhava, se é que sonhava, por mais confuso que fosse ou que minha mente esteja parecendo agora. E eu com certeza lembrava de cada detalhe.

— Ahn...

A porta se abriu e eu pude ver o homem com o paletó cinza e uma mulher com um vestido longo e elegante vermelho e preto.

Clarisse Backward, a diretora do sanatório. A mulher mais cruel que já tive o desprazer de conhecer. A manda chuva.

Ela olhou para mim sobre o palco. Minhas pernas ficaram bambas e meu sangue gelou. Por sorte sua mira foi transferida de mim para Ágata, a terapeuta.

— Ok queridos. Continuamos depois, que tal um intervalo extra? Vão para o pátio. – Ágata sorriu gentil e eu sai do palco receosa.

O que Clarisse havia vindo fazer aqui? Ela sempre comandava as atividades do casarão a distância com a ajuda de Cheshire.

— Isso não me cheira bem – Olly disse vindo ate mim enquando iamos ate a saída.

— Faço de suas palavras as minhas. Isso não parece boa coisa.

— Viu a cara dela? Me dá medo!

— Não só a cara. As ações dela são o que me assusta.

O sorriso do CheshireOnde histórias criam vida. Descubra agora