cap 4 ◇

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n/a: peço perdão pela demora!! nunca pensaria que levaria tanto tempo para eu conseguir encontrar inspiração e dar continuidade a história. mas agora me sinto renovada, então por favor, esperem por mim. lembro tbm que essa fic tem playlist no spotify e na deezer, além de um trailer, que estão no fixado no meu twt: taeclari

estou animada para o próximo capítulo!! espero que vocês também <3 boa leitura!




Faz três dias que Jeongguk não sai do quarto.

Em sua defesa, há barrinhas de cereal e snacks de alga guardados na gaveta ao lado da cama, e o banheiro fica poucos passos depois da porta. Não há vontade em seu âmago para levantar e desbravar o mundo, conversar, estudar. Jimin já havia tentado falar com ele diversas vezes, o punho incessante batendo contra a madeira, chamando pelo apelido, oferecendo comida, ombro, filme. E por mais tentador que soasse, Jeongguk já sentia seu corpo fundo sobre o colchão, lençóis o afogando.

Mas Jimin entende.

Hoje completa um ano.

Um ano. Como o tempo passa, Jeongguk pensa, como os dias correm e horas voam e como é injusto viver. Como é injusto que o mundo não tenha parado de rotacionar, que pessoas acordem e trabalhem, riam, comam, como se tudo estivesse normal. Como se nada tivesse mudado.

Um ano não é muito tempo. Jeongguk ainda consegue fechar os olhos e ouvir o coração batendo alto no peito, os dedos tremendo e a voz falhando, perguntando tá tudo bem? O que eu faço? O que eu falo? Por favor, por favor, me responda, me ajuda, eu quero te ajudar.

Jeongguk deveria ligar para alguém. Ele tem certeza que as chamadas perdidas no seu celular correspondem a Ayun, seu irmão e sua avó. Sua mãe. Talvez ele devesse voltar para casa. Talvez ele nunca devesse ter saído de lá em primeiro lugar.

Mas são dez horas da manhã, e apesar de não ter dormido, Jeongguk sente o corpo desperto, os nervos vibrando em ansiedade. Ele levanta e decide que, melhor do que ficar deitado em sua cama olhando para o teto, seria assistir um pouco de tv na sala para se distrair. É um horário seguro, porque Jimin deve estar em aula há centenas de metros de distância, o apartamento vazio e silencioso.

Envolto por cobertores, o mais novo tenta focar em qualquer desenho animado passando pela tela, cores e personagens caricatos aparentemente tentando encontrar um tesouro no alto de uma montanha. Jeongguk jura que tenta prestar atenção, concentrar nas palavras, nos traços. Mas sua mente não descansa, gritante e frágil, repetindo memórias que não consegue esquecer; já não escuta as vozes finas provindas da animação, não entende o enredo, não enxerga nada, porque lágrimas turvam e escorrem dos olhos já imersos.

Ele pisca rapidamente, irritado, os punhos tentando enxugá-las com força, mas é difícil contê-las. Ele aperta os dedos contra os olhos molhados, respira fundo, mas apenas soluços saem ao abrir a boca. Por que seu corpo não funciona como quer? Como exige? Por que sempre se afoga em sentimentos que não consegue conter?

Jeongguk tenta se concentrar no que é real. Não é ambulância, não são luzes piscantes ou pés correndo. As cobertas macias são reais. Elas abraçam o seu corpo. A fome que sente é real. A música leve e infantil do desenho é real. Jeongguk existe. Seu coração bate, dói, mas é resistente, é forte. Suas lágrimas molham as palmas das mãos, os pés são firmes contra o tapete felpudo. Ele respira, tentando controlar a situação.

Ele quase não escuta. Jeongguk foca em expandir e contrair o pulmão, corpo lentamente obedecendo aos seus comandos, quando uma chave gira na fechadura. Click.

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