✦ ──『 01. DESPEDIDAS 』── ✦
Termino de conferir minha bolsa para ver se não esqueci nada do que precisaria na viagem, mas antes que eu consiga fechá-la, a porta do meu antigo quarto se abre revelando minha mãe com uma expressão de desdém, automaticamente faço a mesma expressão. Ela adentra o cômodo calmamente, com seus saltos fazendo barulho ao bater contra piso de madeira, onde o carpete não cobre. Fecho a bolsa com agressividade.
— Pensei que não teria coragem de realmente ir. — comentou com descaso, analisando o quarto como quem não quer nada. Reviro os olhos e pego a última mala que estava em cima da cama, a colocando no chão.
— Pensou errado, não fico mais nenhum segundo debaixo do mesmo teto que você. — rebato sem paciência, levanto a alça das malas e começo a arrastá-las para fora do quarto com um pouco de dificuldade. Antes que eu consiga passar, ela se coloca na minha frente, barrando minha passagem. Nós nos encaramos, olho no olho.
— Vai, e não volta. — fala pausadamente, a frieza em sua voz foi cortante. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas não deixo nenhuma cair, me recuso a parecer fraca em sua frente, com meu orgulho falando mais alto. Mesmo com o nó se formando na minha garganta, respondi à altura.
— Pode deixar que o meu rosto, você não vê mais. — com um tom de raiva na voz, a olho de cima a baixo com desprezo. — Aproveita seus dias de luxo, um dia meu pai acorda e vê a megera que ele banca.
Passo esbarrando em seu ombro e aproveitando a situação, empurro a mala para o lado, assim passando as rodinhas por cima do seu pé coberto por um salto gucci. Um sorriso nasce em meu rosto ao escutar seus gemidos e resmungos de dor.
— Você me paga, garota!
— No crédito ou no débito?! — questiono alto pela distância, rindo e descendo as escadas com um pouco de dificuldade pelas malas. Na sala de estar, encontro meu pai me observando enquanto nega com a cabeça.
— Já está atormentando sua mãe novamente, Helena? — questiona tentando parecer sério, mas sua expressão diz tudo. Ele queria rir. — Não perde uma, mesmo.
— Não pude deixar de aproveitar minha última oportunidade de atormentar ela. — dou de ombros andando até parar em sua frente. O abraço apertado, inalando seu perfume que me traz conforto desde que eu era uma criança ingênua.
— Vou sentir sua falta, minha princesinha... — ele sussurra deixando um beijo singelo em meus cabelos em um ato doce e de carinho.
— Também vou sentir sua falta, pai. — murmuro de volta, sentindo as lágrimas voltarem para os meus olhos. Uma solitária escorre pelo meu rosto e eu logo trato de me separar do abraço para limpá-la, disfarçando logo em seguida. — Certo, me leva até o aeroporto?
— Claro, vamos antes que sua mãe desça e comece a reclamar. — nós dois rimos juntos e ele me ajudou a carregar as malas até o carro. — Tem certeza que o tal diretor irá aceitar você no meio do ano letivo, Helena?
— Pelo que a Aurora me disse, Doutor Jonas Araripe preza pela imagem do seu colégio, pessoas bonitas, de famílias importantes e ricas são sempre bem-vindas. Então não será difícil, papai. — respondo sarcasticamente. Prevejo que não me darei bem com esse diretor. — Já que eu sou bonita, de família importante e muito rica.
Ele dá risada pela minha falha tentativa de parecer esnobe com um sotaque engraçado.
O caminho até o aeroporto foi bom, conversamos, ouvimos músicas e nos divertimos como há muito tempo não fazíamos. A despedida foi dolorosa, choros das duas partes e muitos abraços. Não demorou muito e eu já estava no avião, sentada confortavelmente com fones de ouvidos e uma máscara para dormir.
Estava tentando não pensar muito sobre onde ficaria até encontrar uma casa definitiva. Na ligação, Aurora, após me convencer definitivamente a ir morar no Rio de Janeiro, disse que eu poderia ficar em sua casa pelo tempo que eu quisesse, mas eu não queria abusar, mesmo que fossemos amigas a bastante tempo. Precisava de um lugar para poder pensar em como minha vida mudou rapidamente, um lugar onde eu teria paz.
De repente, como se uma lâmpada se acendesse em minha cabeça, o lugar ideal me veio em mente. Mesmo sabendo que eu não teria paz no começo, parecia ideal para o meu caso, e sabendo que Aurora não ficaria chateada, parti em direção ao meu destino.
Dormi a viagem toda e cheguei no Rio de Janeiro quando estava perto de escurecer, e agora, no táxi indo em direção a Vila Lene, esperava não incomodar Vicente.
¶| aaaaa eu tô amando escrever!!
¶| o que acharam??? ela já conhece o melhor personagem dessa novela, pasmemmm
¶| votem e comentem plisss
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𓍢 *݂ 𝅄 !SUAS LINHAS, pedro c.
No Ficción▋REBƎLDE ▋ ❛rebelde, chegou a minha vez... o que sou ninguém vai mudar.❜ Falta de dinheiro nunca foi uma questão a ser pensada para Helena Duarte, em seus pensamentos, conta bancária transbordando é igual a problemas transbordando. De fato, pro...