No quartel, enquanto preparava o almoço, a mente de Amanda estava acelerada. Estava se desconcentrando a todo momento e derrubou algo na cozinha, pelo menos umas três vezes. Peter Mills perguntou se estava tudo bem e só o que podia dizer era que sim, ele não precisava se preocupar.
Queria ter alguém para conversar, alguém com quem pudesse desabafar sobre toda aquela bagunça que estava sentindo.
Quando chegou em Chicago, depois do acidente, se sentia confusa e perdida, porque não sabia quem era. Agora, cerca de sete meses depois, sentia-se confusa por lembrar tantas coisas, mas tudo continuava meio borrado. Precisava de algo para lhe dar amparo, algo que acalmasse seu coração e a fizesse entender. Estava tão cansada de se sentir perdida...
— Acho que hoje está perigoso demais você na cozinha. — Peter Mills comentou, colocando uma mão no ombro de Amanda e com a outra tirou uma faca de sua mão. — Se quiser ir embora ou tomar um ar, vai lá. — O sorriso carinhoso do moreno, a incentivou.
— Certo... Vou lá fora um pouco, minha cabeça só está... acelerada demais. — Respirou fundo e sorriu de canto, sem muito ânimo.
Peter Mills apenas se aproximou um pouco, ainda com a mão no ombro da garota, e lhe depositou um beijo na lateral da cabeça. Então lhe sorriu, com o jeito maroto de sempre e indicou a porta com o queixo, indicando que ela podia ir.
Sentada no banco em frente ao quartel, Amanda ficou olhando para a rua, um ou outro carro que passava. Podia ouvir ao longe, os sons de uma Chicago movimentada. Suspirou e fechou os olhos por um breve momento, absorvendo uma sensação que nem ela sabia dizer qual era.
Ao abrir os olhos novamente, mudou de posição, apoiando os cotovelos nas coxas. Então olhou para as próprias mãos juntas, tentando com certo sacrifício organizar os próprios pensamentos. Tentou reunir todas as pecinhas do quebra cabeça, que já tinha.
Era brasileira, tinha um melhor amigo e irmão postiço chamado Pedro, talvez morasse perto ou já tenha visitado um parque chamado Ibirapuera, era paramédica e bom... Olhou para a fachada do quartel 51 atrás de si, era fã das séries de One Chicago.
Tinha decidido, semanas antes, que apenas viveria aquilo tudo, sem procurar por respostas. Aproveitaria cada minuto de uma experiência única. Mas no fundo, sentia que ter respostas e entender o que realmente estava acontecendo... Era a chave para saber que poderia ficar. Ou para levá-la embora. Mas aí já seria outro problema para lidar, tinha que lidar com uma coisa de cada vez.
Tinha criado laços ali, verdadeiros e reais. Fez amigos, ganhou uma família e um amor. Não eram personagens e histórias escritas por alguém apenas para entrete-la. Eram parte dela. Precisava entender tudo que estava envolvido no que aconteceu... Para ter certeza que não os perderia.
— Quer um charuto? Costuma ajudar a esvaziar a mente... — a voz de Kelly Severide fez a garota levantar a cabeça e olhá-lo.
— Eu dispenso — riu levemente e ele se sentou ao seu lado.
Dando mais uma olhada para trás, enxergou Matt Casey entrando no quartel, a fazendo imaginar que os dois provavelmente estavam fumando juntos.
— Por que está aqui fora sozinha? — o tenente colocou as mãos nos bolsos do casaco e esticou as pernas ao cruzá-las, olhando para a amiga.
— Só precisava pensar um pouco — ela deu de ombros e Kelly apenas assentiu, olhando para a rua.
Amanda o observou de perfil, cada traço de seu rosto. Os olhos pequenos, tinham pequenas marcas de expressão no canto e alguns fios brancos, no cabelo bem cortado, davam um charme especial a ele. Acabou sorrindo, não que tivesse dúvidas antes, mas ele realmente era um homem muito bonito.
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Uma Nova Vida Real [One Chicago] - Livro 1
Fanfiction"- Não há registros de uma Amanda Rodrigues, em nenhum lugar do mundo... É como se ela não existisse". Amanda acordou no hospital depois de sofrer um acidente. Mas muitos detalhes sobre si mesma ela não se lembra, como de onde é e o porque de estar...