Uma montanha russa poderia facilmente descrever o mundo que nos cerca: repleto de altos e baixos. Por mais que eu tentasse mostrar para todos que estava no alto, todo meu corpo sabia que não era verdade; eu tinha feridas que internamente sempre me c...
gente, como assim já temos 244 leituras?? no cap anterior eu estava agradecendo as 100, sério, eu tô muito feliz com isso, de vdd <33
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— Já vai embora? – Austin perguntou vidrado em seu jogo.
— Sim. Hope e eu combinamos de nos encontrar às seis horas e ela é bastante pontual. – coloquei meu gorro e me olhei no espelho que havia ao lado da porta.
Um mês havia se passado e aquele, de fato, seria o meu primeiro encontro com Hope. Eu deveria estar nervoso, porém eu não estava; esse tempo todo Hope e eu criamos uma conexão muito forte. Eu já sabia que ela tinha alguns dias em que não estava bem, dias que ela não queria falar com ninguém e, quando ela estava assim, eu sempre dava o espaço que ela precisava. Hope também tinha autoestima baixa e vivia se colocando para baixo e, quando isso acontecia, eu fazia questão de animá-la, e, por vezes, eu até conseguia.
A verdade é que Hope era uma menina especial e eu odiava vê-la triste. Eu fazia tudo o que estava ao meu alcance para que ela não se sentisse daquela forma, afinal, eu sabia muito bem como era se sentir um lixo e vazio e, aquele sentimento, eu não deseja nem ao meu pior inimigo.
— Eu espero que dessa vez vocês se beijem. – Payton disse ao sair da cozinha com duas latas de cerveja e eu o encarei de cara feia, o que o fez rir. — Ah, Zion. Você conhece a Hope há um mês e até agora nada. E tá na cara que o sentimento de vocês é recíproco, não sei porque tanta demora. – sentou-se ao lado de Austin e abriu uma latinha enquanto a outra deixou no chão.
— E você e a Jade? – o vi quase se engasgar com a cerveja que bebia. — Desde a minha festa nem uma mensagem você teve coragem de mandar e quer falar de mim?
— São situações diferentes. – o vi ruborizar. — Sabe que eu tenho um... Lance com a Nessa. Não vou trocar algo certo por algo duvidoso, a Jade parece ser muito desapegada. – Austin riu.
— Tá com medo dela ser muita areia pra você? – ri junto de Austin e o moreno bateu em Porter.
Deixei os dois ali brigarem e saí da casa de Austin, onde não demorei para pegar um táxi e ir até a estação. Hope me levaria para dar uma volta no Brooklyn e, depois, veríamos um filme no cinema.
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Assim que cheguei ao Brooklyn, Hope já estava lá me esperando. Assim que nos cumprimentamos, a loira brincou dizendo que, dessa vez, ela que faria a minha noite ser a melhor de todas. A primeira coisa que decidimos fazer foi ir até uma loja de conveniência que havia perto de sua casa e compramos cachorro-quente, já que Hope disse que era o melhor dali.
— Vai, dá uma mordida. – Wright sorriu e eu fiz o mesmo. — Se você não concordar, os seus gostos são estranhos. – dei uma mordida em meu cachorro-quente e arregalei os olhos ao saborear aquilo.
— Nossa! Realmente, se esse não for o melhor cachorro-quente de Nova York, eu não sei qual é. – riu enquanto eu continuei a comer.
— Mas então, como é morar no Queens? – Hope perguntou antes de dar uma mordida em seu cachorro-quente.
— Eu cresci lá, então acho que é por isso que eu amo o Queens. – sorri. — Antigamente eu morava em frente a estação de trem e, o meu despertador para ir a escola era ele. Hoje em dia eu moro próximo a ponte e, sendo bem sincero, eu prefiro o apartamento de agora do que o antigo.
— É melhor porque agora você acorda com o doce som dos carros buzinando em um engarrafamento? – indagou de boca cheia e eu ri.
— Você tem que concordar que é mil vezes melhor do que o som dos pássaros cantando. – brinquei e ela riu. — Mas também é porque, mesmo que eu ainda more na periferia, onde eu moro agora é bem melhor. Antigamente diziam que um negro como eu nunca sairia da rua onde eu morava e eu consegui. Já é um grande avanço.
— Eu sei que não se compara com você, mas... Os meus pais também diziam que eu nunca sairia do Brooklyn. Eles diziam que a minha irmã já tinha um futuro: morar em Manhattan, ou Los Angeles. – riu sem humor. — Pra eles eu nunca sairia do Brooklyn e eu nunca saí. Talvez eles estivessem certos... – seu sorriso se desfez e meu coração se apertou.
Hope ainda não havia aberto 100% da sua vida comigo, — tampouco eu fiz o mesmo também — mas eu já tinha uma ideia de quando ela não estava bem, ou ficava chateada. Ela era bem bastante transparente quanto às suas emoções e, como se ela fosse feita de vidro, eu podia ver através dela.
— Não, eles não estavam. Porque eles disseram tantas coisas ruins de você e eu não consigo ver nada do que eles falaram. Eu só consigo ver uma garota simples, doce, engraçada e disposta a fazer o que estiver ao alcance para ajudar quem gosta. – olhei fixamente em seus olhos azuis e ela desviou o olhar.
— Eu não consigo esconder nada de você mesmo, não é? – riu fraco e colocou a sua destra na frente da sua boca, pelo fato de estar com comida na boca.
— Talvez eu esteja te conhecendo melhor do que esperava. – empurrei seu ombro levemente com o meu.
— Tem certeza de que sua série favorita não é You? – Hope arqueou uma de sobrancelhas e eu revirei os olhos sorrindo, a fazendo rir.
Terminamos de comer nosso cachorro-quente e decidimos andar um pouco pela periferia antes de ir ao cinema. Aproveitando que o sinal estava fechado, coloquei Hope em minhas costas e atravessei correndo, o que a fez rir.
Corremos de mãos dadas pelas ruas e as pessoas nos encaravam de cara feia, reclamando quando acabávamos esbarrando nelas. Só paramos quando nos faltou fôlego e nos sentamos em um banco, de frente ao cinema para recuperá-lo.
— Essas atrizes são muito bonitas, não é? – Hope apontou com a cabeça em direção a um pôster de um filme que estava em cartaz.
— De fato. Mas, sei lá, acho que todos tem a sua beleza. – dei de ombros.
— Todos, menos eu. – a encarei com o cenho franzido.
— Não diga isso. Todos têm a sua beleza, mas eu não me importo com aparências. – a loira olhou para mim confusa. — É meio bobo dizer isso, mas... A beleza interior é a que mais importa.
— E quando até o seu interior é podre? Como fica? – voltou a olhar para frente e eu suspirei. Eu não gostava quando Hope se colocava pra baixo. O que eu podia fazer para que ela se visse da forma que eu a via?
— Eu não acredito nisso. Caso seja, não há nada que não tenha conserto. – sorri ao olhá-la, porém ela não fez o mesmo. — Olha Hope, nem todos os dias vamos nos sentir bonitos. Tem dias que eu nem quero me ver no espelho. – ri fraco e a loira sorriu de canto. — Eu não te vejo podre, muito longe disso. Pra mim você é a garota mais linda de corpo e alma que eu conheci e... Eu queria que você se visse da mesma forma. – olhei para baixo.
— Por toda a minha beleza, e por toda a minha feiura também, eu quero me amar. – olhei para ela novamente e Hope me encarou fixamente nos olhos. — Assim como você também me ama. – sorriu e eu não pude deixar de fazer o mesmo. — Obrigada Zion. Estar com você... Me faz sentir viva novamente. Você é como a luz que eu sempre busco no fim do túnel. Eu sei que sou complicada, um pouco difícil de se entender, mas... Não desiste de mim, por favor.
— Eu não vou desistir. – não desviei um minuto o seu olhar do meu.
—Ah! Vamos tirar uma foto. – abriu a sua bolsa e pegou a sua Polaroid.
Me virei para olhar para a câmera, porém Hope virou o meu rosto para ela e me beijou. Eu simplesmente fiquei sem reação. Estava beijando Hope Wright, a garota por quem eu estava apaixonado desde a primeira vez que a vi. Aquela foi a nossa segunda foto juntos e nosso primeiro beijo. Hope estava certa: aquela foi a melhor noite da minha vida.