Remorso

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Voltei!! Como vocês estão? Espero que bem!
Mais um capítulo pra vocês, o de hoje será longo. Boa leitura 💖

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Gizelly está dividida em dois a cada segundo em torno de Marcela. A vida era difícil, até ela chegar e torná-la fácil, agora Marcela a torna difícil novamente sempre quando está perto dela, principalmente quando a morena está chateada pra caralho com ela, há uma parte de Gizelly que só quer rasgar sua própria pele até que se desfaça em tiras de sangue e carne crua. Talvez então, Marcela finalmente entenderia o que ela fez com a morena. Talvez então ela finalmente bote um ponto final em tudo, porque Gizelly não pode. A morena já tentou e acabou de volta no mesmo lugar, na mesma cama. Então, tem que ser Marcela quem faz o movimento final.

Ela vai cavar, é claro que ela vai, a loira não vai terminar e Gizelly sabe. Sabe que ela quer tentar mais uma vez.

Agora, enquanto observa Marcela dormir a bolha que tinha se estabelecido em um momento de vulnerabilidade horas atrás se estoura, um calor retumbante percorre o sangue da morena com toda a situação. Ebulição. É algo entre a ira e a paixão, se é que as duas ainda são distinguíveis. Porque quando Gizelly a observa, sua mente gira com desejos conflitantes. Ela queria ficar, queria dar uma chance, mas não conseguia aceitar as desculpas. Não conseguia perdoa-la porque as palavras ressoavam na sua cabeça causando um aperto horrível em seu interior. Algumas palavras machucam mais que facas.

As desculpas de Marcela foram como um som inútil escapando de uma câmara de eco fria. Desculpe, não chega nem perto de consertar nada disso e isso nunca fará uma diferença nas coisas ruins que a loira fez Gizelly passar nos últimos dias. Desculpe não desfaz as atitudes. Não desfaz suas palavras naquela escada. Desculpe, certamente não apaga cada ligação que a loira rejeitou ou cada tentativa de aproximação que ela minou ou os dias que deixou Gizelly no escuro para aparecer beijando outro, também não apagava a desconfiança que se criou ao longo dos meses. Isso está gravado para sempre, para tocar repetidamente todas as noites antes de cair no sono. A desculpa de Marcela significa nada nesse momento. Talvez se tivesse sido alguns dias atrás... Antes de tudo isso...
Como a loira ainda não entendeu isso?
E lá vai Gizelly de novo. Seus olhos se contraem e sua respiração escapa em um estremecimento furioso quando se lembra novamente, por isso se levanta começando a vestir a roupa.

Enquanto veste a calça, seu corpo desacelera olhando pra ela, pensando em acorda-lá para conversar... Talvez se elas pudessem.... "É besteira", a mente de Gizelly grita. Marcela não tem ideia do que a morena realmente quer e do que precisa desesperadamente, porque se a loira tivesse, ela já teria dado. A realidade é que nem Gizelly sabia o que precisava agora. E se elas soubessem, Gizelly não estaria aqui, agora, neste lugar querendo as mãos patéticas e apaziguadoras de Marcela sobre ela e aquela sinceridade falsa em sua voz trêmula. Ela é uma mentirosa. Tudo o que ela tem é "Desculpe". E a morena não quer isso.

Gizelly pega sua mala que estava fechado no canto do quarto e parte alguns segundos depois, deixando a sua chave em cima da mesa. Quando Gizelly chega ao seu apartamento, ela tira a aliança pela segunda vez no dia, se lembrando que Marcela tinha colocado o anel de volta em seu anelar em algum momento durante aquela manhã, tudo fica imediatamente mais leve.

Apesar de toda a emoção e alívio ondulando por seu corpo, a primeira noite é desconfortável. Não apenas fisicamente, já que Gizelly está tão acostumado a uma cama queen-size macia e um corpo quente ao seu lado, mas é como se houvesse ratos correndo no fundo de sua mente, roendo, arranhando e cavando em toda a escuridão. Era uma vez aquela história infantil do hamster preso nas paredes, exceto que está no cérebro da morena e o barulho implacável se recusa a diminuir o suficiente para que ela durma.

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