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O mar sempre trouxe uma certa tranquilidade para mim desde pequena. Muitos dos meus problemas se resolviam quando eu apenas sentava de frente a essa imensidão azul e esperava. Poderia ficar ali por minutos ou horas, mas sempre saia de lá decidida. Ele sempre foi meu refúgio para tomar decisões, sejam elas boas ou más, importantes ou não, e por isso resolvi que seria um bom lugar para o encontro de hoje.
Bem, não era bem um encontro. Tecnicamente seria uma conversa bem desagradável, ou talvez não, mas dependeria de como ela vai acontecer.
O vento gélido bagunçava meus cabelos enquanto me sentava na areia. Fechei os olhos e respirei fundo, mantendo a calma. Fico em silêncio alguns bons minutos, apenas escutando as ondas do mar se quebrando na beira da praia e a minha respiração.
Logo uma movimentação me chama atenção. Eu sabia quem era e sabia o que estaria prestes a acontecer mas mesmo assim decidi continuar do jeito que estava.
Ele se sentou ao meu lado e se manteve em silêncio, respeitando meu espaço. Ele me conhecia muito bem para saber que eu precisava daquilo. Precisava daquele tempo antes de tempo.
Quando estava melhor, soltei um suspiro e abri meus olhos, olhando para Corbyn ao meu lado.
O sorriso fraco que ele deu revelou que aquilo não era fácil para ele também. É, realmente não era, para nenhum de nós.
Terminar um relacionamento de 5 anos não era fácil e nunca seria. Corbyn e eu, além de namorado, éramos também melhores amigos. Eu o conhecia desde os meus 13 anos, quando me mudei para Los Angeles e acabei caindo de paraquedas na escola em que ele estudava. Ele foi a primeira pessoa que conversou comigo, me desejando boas vindas e mostrando a escola. Os seus cabelos eram todos descoloridos em um tom de loiro que eu sempre implicava com ele, fazendo alguma brincadeirinha relacionado. Agora eles estavam escuros. Pretos para serem mais exatos. Seu corpo também não era o mesmo. O menino magrela que virou meu melhor amigo naquela época não existe mais. Ele agora tem músculos, e uma variedade de tatuagens que tive a oportunidade de desvendar. Seu sorriso continua o mesmo. Conquistador, apaixonante, que deixava todas as garotas suspirando.
— Oi, Lia.
— Oi.
Ficamos encarando por algum tempo, com a tensão crescendo cada vez mais em meu peito.
—Acho que quando mais eu adiar o que temos para conversar, pior vai ser. —quebro o silêncio.
—Sim.
—Se importa de conversarmos enquanto andamos?
—Vamos lá.
Ele me ajuda a levantar, tirando um pouco de areia que estava em minhas mãos.
Decidimos ir andando para o lado à direita em onde estávamos, onde já estava vazio e não havia ninguém por perto.
—É tanta coisa que está acontecendo na minha cabeça que não sei por onde começar. —Corbyn diz, passando a mão pelos seus cabelos. É o seu gesto quando está nervoso.
