part 4
JonahNão, não, não, não é possível isso. Não pode ser. Justo a garota que procuro a dias, já possui o destino selado com outro. Eu não posso permitir isso. Eu precisava entender o que essa garota tem de especial, o porque ela me enxerga.
Assim que seu olhar se encontra com o meu no bar, rapidamente dou um jeito de sumir. Venho parar no topo de um prédio qualquer. O vento gélido tarde da noite batia contra meu peito. Minha respiração estava um pouco pesada.
—Isso não pode ser possível. —resmungo. —Não pode.
Ando de um lado para outro, em cima do prédio, tentando gastar toda minha energia.
—Só podem estar de sacanagem com minha cara. —me refiro aos deuses, ou quem quer que seja que me mandou essa missão.
—Quem é você? — Me assusto com uma voz vinda atrás de mim. Me deparo com os olhos castanhos que há dias insistia em ficar em minha cabeça.
—Cloe?
—Como você sabe meu nome? Quem é você? Porque está me seguindo? —tantas perguntas me deixaram confuso.
—Acho que eu que deveria perguntar, quem é você? —respondo secamente.
A garota me olhava com uma certa curiosidade, ou seria medo?
—Apenas uma brasileira perdida em Los Angeles. —Cloe se aproxima de mim, o que me fez dar alguns passos para trás, agarrando as costas no parapeito do prédio. —Agora eu posso saber quem é você?
—Eu sou o Jonah.
—É um nome bonito.
—É, deve ser. —resmungo. —Como você me achou aqui?
—Eu não sei muito bem. Apenas tive uma sensação. —vejo que Chloe estava um pouco confusa. Mas quem não estava?
—Que tipo de sensação? —questiono com um tom de voz diferente. Tento juntar algumas peças desse quebra cabeça, mas de nada adianta.
—Eu não sei, ok? Eu só...—ela foi interrompida pelo seu celular, que tocava dentro de sua bolsa. —Alô, Lizzie?
Observo a garota andar de um lado para o outro falando ao telefone. Cada detalhe nela me deixava cada vez mais curioso. Ela era um enigma para mim, e tudo o que eu mais quero é decifrá-la.
—Ok. Até amanhã.
Antes dela se virar para mim novamente, eu desapareço.
•
Qual lugar é melhor para juntar casais senão em um jogo de basquete?
—E a noite está agitada por aqui! —ressoou uma voz dos alto falantes espalhados pela a quadra. —New Orleans Pelicans vs Los Angeles Lakers.
A galera gritava por todo o local. As luzes fortes me deixaram um pouco tonto, mas continuei meu caminho, desviando de algumas pessoas. Sem dúvidas, o basquete é um dos esportes mais populares nos Estados Unidos. É incrível que os ingressos se esgotam rapidamente.
Já fazia alguns dias desde meu encontro com a Cloe. Se é que aquilo poderia chamar de encontro. Foi bem estranho e confuso o que aconteceu.
Encontrei um lugar nos assentos mais altos, onde é possível ver meu alvo chegando. Daniel. Finalmente decidiu sair da toca. Já fazia alguns dias que o observava e tentava entender o porque teria que juntá-lo com a Chloe.
Chloe.
Desde nosso último encontro eu tento me manter afastado, mas parece que todo esse meu esforço vai por água abaixo, quando a vejo caminhando por entre as arquibancadas. E para minha sorte -ou azar- ela me viu.
Seu olhar vem diretamente ao meu, e sua expressão não é a melhor. Resmungo baixo, apesar que ninguém possa me ver. Ótimo. Daniel e Chloe no mesmo lugar. Não era o que eu planejava para hoje à noite.
Ignoro completamente a presença de Chloe e decido me divertir um pouco. Com as flechas em mãos, meu olhar vagueia por todo o estádio em busca de um casal. A "câmera do amor" que normalmente aparece em jogos como esse, é ativada e está procurando alguém para ser seu "alvo", o que é um pouco engraçado, pois será o meu também.
Ela escolhe um casal de uns 40 anos, que se beijam e levam a arquibancada à loucura. Sorrio. Eles parecem ser bem felizes.
—Não custa nada. —digo e arqueio o arco, atirando em seguida. A flecha atinge os dois mas eles não veem e nem sentem. A câmera foca em diversas pessoas por todo o local, e os gritos, urros e a animação de todos me fazem sorrir. Tudo estava indo perfeitamente bem, até que a câmera pegou alguém que eu não esperava.
Travo o maxilar ao ver o resto de Chloe no telão. E ao seu lado, Daniel.
—Não, não é a hora. Por favor não seja. —resmungo. Implorava para não ser a hora em que eu tivesse que juntar os dois. —Por favor não seja.
Sua amiga, Lizzie, dava sorrisinhos para Chloe, incentivando-a. Sinto que Daniel está um pouco desconfortável ao seu lado, mas seus amigos estão dando alguns empurrões.
As pessoas em volta gritavam para os dois se beijarem. Vejo Chloe sussurrar algo para ele e o mesmo a puxa para um abraço desengonçado. Seja o que for que ela disse, acabo soltando o ar que estava segurando.
•
A partida estava acirrada. New Orleans Pelicans e Los Angeles Lakers estavam empatados e a 1 minuto do final.
—Quem será que vai ganhar a partida hoje? —a voz de mais cedo soou dos altos falantes. —Façam suas apostas.
Los Angeles Lakers estavam em posse da bola, e com apenas uma cesta de três pontos, eles foram o campeão da noite.
A arquibancada vibra e algumas pessoas se levantam e começam a ir embora. Dirijo meu olhar ao local em que Chloe estava, mas fico confuso ao encontrar apenas Lizzie com seu noivo. Me viro para procurá-la e sinto um calafrio ao dar de cara com ela.
—Posso falar com você?