Prólogo • O Orbe de Resin

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Não muito tempo atrás, nasceu em Agathon um pequeno e talentoso silfo: uma criança de cabelos castanho-claros como uma semente de carapa e olhos azuis como o mais límpido céu; um Fytos, como eram sua mãe e seu pai. Antes de atingir a primeira década de vida, controlava seus poderes com tamanha graciosidade que mesmo as crianças mais velhas impressionavam-se com suas demonstrações.

Seu nome era Kilgore Resin. Conforme cresceu, seu poder também aumentou, de forma que as altas patentes da Armada de Agathon começaram a notá-lo como um prodígio que seria extremamente bem-sucedido como membro da mesma, e assim foi: passou em todos os testes com notas dignas de sua excelência e entrou para Armada, onde foi orgulhosamente recebido.

A previsão se realizou. Kilgore progrediu em sua carreira sem maiores dificuldades, tamanho o talento que tinha. De fato, conseguiu alcançar o posto de capitão em menos de cinco anos, e assim que realizou o primeiro teste para Comandante, não houve dúvidas de que aquele era o seu destino.

Contudo, seu talento e poder impressionantes nunca foram suficientes para seu ego, e aqui começa a história que, à época, levou o mais respeitado e invejado silfo a ter sua completa desgraça.

Kilgore era, por trás de sua máscara de bondade e disciplina, um homem amaldiçoado, e apenas tornar-se dono da maior patente da Armada não correspondia às suas expectativas de glória. Por conta de sua ambição pelo poder, o silfo passou a estudar vorazmente tudo o que era até então conhecido quanto à nossa magia, em busca de uma forma de conseguir aumentar a sua própria. Com sua habilidade em desvendar as artes mágicas, e após anos de suas pesquisas secretas, o Fytos finalmente desenvolveu seu invento, um artefato que ficou conhecido até a atualidade como o "Orbe de Resin", o qual multiplicava exponencialmente o poder daquele que simplesmente o segurasse na mão.

O poder, no entanto, não era a única coisa que o aparato poderia trazer. Àqueles que não possuíssem força a força necessária, ele poderia trazer a mais imediata das ruínas: a morte.

Seu trabalho não ficou em segredo por muito tempo, sendo descoberto por dois membros da Armada, um Ouranos, comandante da mesma patente que Kilgore, e uma Ygeios cuja maestria havia apenas começado a ser descoberta. Ambos fizeram o possível para dialogar com o companheiro de anos, mas nem mesmo a afeição pelos parceiros foi suficiente para que lhe arrancasse de sua maldição. Os dois bravos membros de nossa Armada lutaram contra o ex-companheiro, e ao ver que sua criação poderia lhe escapar antes que completasse seu objetivo, ali mesmo segurou o perigoso objeto, e lamentavelmente o casal não foi páreo para os seus poderes recém adquiridos. Os ex-amigos foram cruelmente assassinados, em nome do poder.

Agora, o orbe repousa em seu esconderijo, protegido pelos mais fortes feitiços de ocultamento, entalhados em uma caixa feita da madeira da própria Árvore Rainha, para que jamais seja usado contra nosso povo novamente.

Seu criador, porém, exausto após a luta, foi preso pelos demais membros da Armada naquele mesmo dia, e condenado à pior punição passível de ser recebia até os dias de hoje: a perda das asas e de suas memórias, assim como o completo banimento do território de Agathon. Desse modo, felizmente, nunca precisamos descobrir quais eram seus derradeiros planos.

A maldição que ele carregava, meus amigos, não era outra senão a ambição.

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