3. Capítulo

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Estava parada a mais ou menos cinco minutos em frente ao reformatório, ainda sem ter coragem o suficiente para entrar. Baji ao meu lado com suas mãos nos bolsos de seu casaco, eu sentia os olhos deles presos em mim, mas ele não dizia nada, mas sabia que eu me sentia ansiosa. Mordo o interior de minha bochecha, uma mania que eu tinha de quando me sentia muito nervosa ou ansiosa para algo, porém não de modo bom.

Não sabia como iria ser a reação de Kazutora ao me ver hoje, se ele iria me receber com seu típico sorriso de antes, com seu jeito gentil de falar comigo, que talvez ele ainda faça as mesmas brincadeiras comigo. Nesse tempo parada aqui fora, havia percebido que não tinha coragem de o encarar ainda, tinha medo dele me dizer o como e horrível ali, o como foi uma bosta todos nós o ter abandonado ele. Mil pensamentos se passavam na minha mente, fazendo um suspiro alto escapar de meus lábios, enquanto minhas mãos apertavam a manga da minha camiseta.

- Por quanto tempo você acha que teremos que ficar aqui? – a voz meio impaciente de Baji me chamou atenção, olho para o moreno ao meu lado, que tinha seus longos cabelos soltos. – Não temos muito tempo, o período de visitas e curto, então se podermos ir logo... – balanço minha cabeça em afirmação, o fazendo se calar. Acho que ele percebeu que para mim ainda era difícil.

Mikey não sabia que eu vinha ver Kazutora hoje, já que não o contei no dia anterior e hoje ele não compareceu a escola, o que foi meio suspeito para mim, porém comum, já que ele tinha costume de faltar as aulas. Eu tentei entrar em contato com ele, já que ele não me mandou nenhuma mensagem após me deixar com Mitsuya. Eu sei que ele prometeu me procurar assim que tudo fosse resolvido com a gangue, mas não sabia que era importante para o fazer ocupado dessa forma.

Um guarda nos acompanhava até o local de visitas em completo silencio, Baji e eu não dizíamos nada também, o que fazia o ambiente parecer mil vezes pior para mim. O homem parou em frente a uma porta, abrindo a mesma para que pudéssemos entrar. Meu coração acelerado dentro de meu peito, minhas mãos tremias, sentindo ao apertar meu peito. Estar ali me fazia lembrar do momento em que recebi a notícia, em como Baji chorava por culpa, Mikey se mostrar forte em frente a todos, mesmo eu sabendo que por dentro ele era a pessoa mais destruída.

- Eu acho melhor entrar sozinha, Baji. – minha voz quase não saiu, enquanto olhava para a porta, que ainda se encontrava fechada. Eu sentia que precisava fazer isso sozinha, precisava encarar isso de uma vez por todas. Kazutora e meu amigo, era uma pessoa importante para mim, ele era minha família, assim como os outros garotos.

- Você tem certeza? Vai ficar bem sozinha com ele? – Baji pôs suas mãos em meus ombros, me virando para o olhar. – Kazutora não e o mesmo de dois anos atras, algo naquele dia mexeu com ele de uma forma. Ele as vezes diz coisas estranhas, diz coisas...

- Baji, vai ficar tudo bem. Não precisa se preocupar. – sorriu de forma que pudesse tranquilizar o moreno. Um suspiro escapa de seus lábios, abaixando sua cabeça.

Eu sei que ele só queria me proteger, que eu não me machucasse, mas do que fui machucada, porém tinha coisas que eu tinha que enfrentar, isso eu precisava fazer sozinha. Tinha que escarar Kazutora sozinha, pedir desculpas por ter o abandonado, queria seu perdão por nunca o ter vindo visitar ele antes, pôr o deixar pensando que ele estava sozinho todo esse tempo, que ele não era o único sofrendo.

- Você tem cinco minutos. – o guarda me avisou, antes dele abrir a porta para mim.

A porta se abriu revelando uma imagem do outro lado do vidro, sua cabeça baixa deixando visível algumas mechas loiras, os braços apoiados na bancada em sua frente, havia algo em seu pescoço que só consegui ver quando ele levantou sua cabeça para me ver, era uma tatuagem de um tigre. Eu suspiro alto escapou de meus lábios, quando seus olhos encontraram os meus, um sorriso se formou em meus lábios, o vejo retribuir meu sorriso, porém de uma forma diferente. Não é o mesmo sorriso que ele costumava me dar, era completamente diferente, seu rosto se inclinou para o lado, ainda a me olhar.

Chance To Change - Manjiro Sano Onde histórias criam vida. Descubra agora