A Caminho Da Redenção

🍁Capítulo Cinco🍁

Acordei sufocada com meu próprio choro ao sonhar com a despedida de minha vó no hospital e logo vi Ricardo sair correndo do banheiro com a escova de dentes em mão e a boca meio molhada, vestindo apenas uma bermuda. Ele me encarou e deixou a escova no criado mudo secando a boca na toalha que está em seu ombro e me abraçou me acalentando até que me acalmasse.

— Oh Anny, me parte o coração lhe ver assim — me encara enxugando minhas lágrimas e tirando o cabelo que estava grudando em meu rosto

— Ela mal se foi e já sinto tanta saudade dela, será que é um mal meu? Todas as pessoas que amo e me amam acabam morrendo ou me deixando, eu devo ser o pior ser humano de todos para merecer isso — abaixo a cabeça encarando as minhas mãos

Ricardo soltou um suspiro pesado e pude sentir o cheiro de menta e um ar gelado sair de sua boca assim que se aproximou de mim e segurou minhas mãos com carinho.

— Não meu amor, você é uma pessoa incrível, e não digo isso só pra te confortar, ontem mesmo eu estava lhe dizendo o quanto é maravilhosa, infelizmente, tragédias, mortes e perdas sempre existiu e sempre vão existir em nossa vida, mas isso não significa que somos ruins ou responsáveis por isso, sempre chega a hora de todos, não é? E chegou o de sua vó, é doloroso mas não há o que fazer — o encaro e ele dar um sorriso de lado — Minha mãe falou pra quando acordar se aprontar, ela foi resolver algumas coisas, parece que o enterro só vai poder ser amanhã — assinto — Tem mais uma coisa, seu pai está a caminho daqui, pegou o vôo de manhã cedo

— Era necessário mesmo?

— Ele é o seu responsável agora Anny, é o seu pai, mas minha mãe disse que vai conversar com ele que você pode morar com a gente, caso você e ele queiram

— Eu gostaria de ficar em qualquer lugar que não seja com ele — levanto da cama e vejo minha mochila na poltrona — Você foi pegar minhas coisas?

— Ah... — observa a mochila — Não, foi minha mãe, ela foi lá pegar algumas coisas, trouxe a sacola que tem mais algumas coisas suas também

— A sua mãe é um amor de pessoa — dou um sorriso de lado avaliando o que tem na mochila

— Ela é sim — sorrir ao concordar

Segui para o banheiro e tomei um longo banho com a mesma péssima sensação de ontem, não me sinto tão mal assim desde que mamãe me deixou. Coração apertado, vontade de chorar a todo tempo e sem ânimo ou vontade para fazer alguma coisa. Me permiti chorar enquanto a água corria pelo meu corpo para tentar me manter forte quando o homem que me pôs no mundo chegar.

Vesti uma das roupas que estava na mochila e a escolhi porque minha vó que comprou as duas peças para mim.
Vesti um short jeans de cós alto com elástico na parte superior e dois botões dourado na frente, vesti uma camisa social de botões com manga três quartos na cor creme.

Usei os produtos que ela me trouxe e desembaraço meu cabelo o deixando solto.
Assim que saí do banheiro vi Gabriela no quarto sentada na cama conversando algo com Ricardo que estava em pé na janela fitando o chão.