A Caminho Da Redenção

🍁Capítulo Seis🍁

Ver a minha avó sendo enterrada foi ainda pior do que ver ela dando o seu último suspiro na minha frente.
Sabe? Quando a ficha cai que realmente ela não estará aqui, que realmente ela se foi e não há mais volta.
Eu chorei do início ao fim e fui acalentada por Ricardo e Gabi, Hernanes se manteve o tempo inteiro sério, mas não me surpreende, vó Maria era minha vó materna e se ele não sente amor por mim que sou sua filha imagina por ela que era sua sogra e por um curto período de tempo apenas.

Assim que saímos do enterro ele me fez ir até a casa de dona Márcia buscar as minhas coisas e depois ir arrumar minhas malas lá em casa. Eu não protestei e não disse nada à ele, apenas assentir com a cabeça, estou tão triste que nem forças pra isso eu tenho. E só imagino entrar naquela casa que sempre convivi com minha vó, cada pedacinho daquela casa vai me lembrar ela, eu tenho certeza.

— Amanhã eu irei no aeroporto me despedir de você, tá bom? — Ricardo fala e eu assinto — Anny... — me encara e faço o mesmo ainda calada tentando conter as lágrimas — Vem cá, vem

Ele me puxa para sentar ao seu lado na cama me abraçando, as lágrimas de imediato caiu de forma intensa a medida que ele afagava o meu cabelo, eu odeio isso.

— Eu odeio lhe ver assim, calada, triste, chorando, se eu podesse pegava a sua dor para mim, mas infelizmente eu não posso, mas tenha fé que vai ficar tudo bem, ok?

— Fé? Ter fé em quem? Amanhã estou indo morar com o homem que a anos me despreza, perdi as mulheres que me criaram e se importavam comigo, eu não sei o que vai ser de mim

— Ei Anny, nós ainda estaremos aqui, me promete que se as coisas ficarem difíceis você vai ligar ou mandar mensagem? Sabe que todos nós aqui lhe amamos e deveríamos céus e terra para te ajudar, pode me prometer?

— Sim — assinto enxugando as minhas lágrimas — Eu prometo, mas preciso que me prometa algo também

— O quê?

— Que vai cuidar da Gabi e do bebê dela, na verdade de vocês, eu gostaria de ir embora sentindo que todos os assuntos estão resolvidos, sabe? O que aconteceu ontem entre a gente... — tento pensar nas melhores palavras para usar

— O quê? Vai dizer que não deveria ter acontecido? Que não sente nada?

— Não, jamais seria hipócrita assim, eu ainda gosto muito de você Ricardo, muito mesmo, e ontem eu me senti bem com o que houve, mas estou indo para outro estado e minha confiança em você não é mais a mesma, relacionamento a distância não funcionaria para nós de maneira nenhuma

— Não faz assim Anny, eu te espero o quanto for necessário, te esperarei até que volte

— E se eu não voltar?

— O que quer dizer?

— Que o futuro é incerto e eu não tenho como prever, eu não sei como serão as coisas lá, você tem uma vida aqui e eu vou ter que reconstruir uma lá, você estará aqui, com a mãe do seu filho, focando no bem estar dela, do neném, levando adiante a sua vida... Eu não quero ser uma âncora que te aprisiona a um lugar, Ric... — seguro as suas mãos o encarando enquanto ele me olha com algumas lágrimas presas nos olhos — Vamos deixar as coisas tomarem o seu devido lugar, no seu devido tempo, se for pra gente ficar juntos vai acontecer, na hora certa e da maneira certa, se não for, eu sei que você vai estar com uma pessoa fantástica e que lhe fará feliz como nunca foi, só não para a sua vida por mim, ok?

Ele apenas me encarou, não confirmou e nem negou, ficou apenas em silêncio me observando. Lhe dei um meio sorriso e ele tocou em meu rosto fazendo carinho em minha bochecha.

— Você é a garota mais fantástica que eu já conheci Anny,  e o sentimento de lhe perder é horrível

— Você não está me perdendo, independente de qualquer coisa eu sempre serei sua amiga, tá? — sorrio fazendo carinho em seu cabelo — Eu preciso ir, não quero Hernanes vindo aqui descontar seu mal humor em vocês — me levanto e deixo um beijo na bochecha dele