Anjo na minha cabeça

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É estranho o que você lembra naqueles segundos de puro terror.

Quando o mundo entra em câmera lenta e tudo como você conhece mudou.

Me lembro de Jace nos levando para perto do acidente, minha mão na porta antes mesmo de pararmos.

Me lembro de ver as luzes dos outros respondentes pelo o canto do olho, quase lá, mas não exatamente. 

Fomos os primeiros a chegar e, em uma situação em que segundos podiam significar a diferença entre a vida ou a morte, eu sabia que precisava agir rápido.

— Ouça, porque você não assume o backup enquanto eu socorro... – Jace começou, mas antes que ele pudesse terminar a frase, e antes mesmo de pararmos completamente, eu estava pulando da ambulância, e correndo em direção aos destroços, meu sangue corria forte em minha cabeça, e era tudo o que eu podia ouvir.

A fumaça saía de baixo do capô do caminhão, mas não vi fogo e não havia vazamentos de gás. Por causa de onde os carros bateram, o tráfego parou em todas as direções e, exceto por um idiota tentando manobrar em torno do acidente, a cena estaria protegida de quaisquer outros incidentes, pelo menos até que o outro pessoal de emergência chegasse.

Quando cheguei mais perto, pude ver o quão ruim estava o carro de Magnus, mas foi o corpo dele afundado no airbag do volante que fez meu coração disparar, e as orações começarem. 

Oh Deus, por favor, que ele esteja vivo. Por favor, não o deixe morrer. Por favor me ajude.

A janela do lado do motorista estava rachada com uma mancha de sangue, mas ainda intacta, e tentei não olhar para ela enquanto levantava a maçaneta da porta e a encontrei trancada. 

Eu não estava prestes a arriscar quebrar uma janela perto dele, e precisava chegar até ele rápido, então arranquei o medidor de pressão arterial da bolsa que peguei antes de sair da ambulância. Com meus dedos, empurrei o topo do batente da porta o suficiente para enfiar o aparelho dentro, e então comecei a bombear.

— Vamos, vamos. – Eu disse, sentindo o tique-taque do relógio enquanto Magnus estava deitado imóvel a centímetros de distância.

Conforme a algema se expandia, a porta começou a se afastar para longe do carro, me dando acesso suficiente para destrancar a porta com uma haste fina e depois abri-la com força.

Meu coração batia mais rápido do que em toda a minha vida, mas de alguma forma minhas mãos estavam firmes enquanto eu calçava minhas luvas e, em seguida, segurei o pulso de Magnus, todo o treinamento e anos gastos em situações de emergência me mantendo com os pés no chão.

Ele tinha pulso, graças a Deus, embora não fosse tão forte quanto eu gostaria, e sua respiração fosse superficial. Mas ele estava vivo. Por enquanto.

— Magnus? – Eu chamei, precisando que ele me respondesse, mas não houve resposta. Porra. – Magnus, se você pode me ouvir, eu vou tirar você daqui. Eu só preciso que você fique comigo, ok? E não tente se mover.

Um gemido saiu de sua garganta quando eu rapidamente cortei seu cinto de segurança, e comecei a fazer uma avaliação visual de seus ferimentos. 

Ele tinha sangue escorrendo do corte no lado esquerdo de seu crânio, onde parecia que a força do impacto tinha jogado sua cabeça na janela do lado do motorista, então havia traumatismo craniano e possível lesão no pescoço e na coluna. 

Não me esqueça (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora