Capítulo 7 - O Vale da Salvação

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—Sobre o que raios você está falando? —questiona Karl

—Um velho apareceu dois dias após o bombardeio, me convidando a ir com ele para ''O vale da Salvação'' —Liz faz aspas com as mãos —eu vi esse vale, é uma nova esperança de vida, tem alimento, abrigo, segurança, medicamentos, enfim, tem vida...

—Liz, eu não vou te deixar na mão. Por que você não vem com a gente, talvez a Jade esteja, lá

—O Karl está certo, Liz, a garota pode estar no vale

—Ela não está

—Como você tem tanta certeza?

—Porquê, quem comanda tudo nunca deixaria nem eu e muito menos a garota entrar. Ela só nos aceitaria caso eu me ajoelhasse e implorasse, e sabe quando eu vou fazer isso? Nunca

—Então, nós não vamos —afirma Lauren

—É um lugar bom, essa mulher só quer o titulo de ''salvadora do mundo'' e pode ter umas técnicas invasivas, mas talvez sejam necessárias... Não citem o meu nome de forma alguma, nem dormindo e muito menos por um descuido, para o bem de vocês.

—Você está louca —diz Karl

—Talvez eu esteja. Caso não queiram ir, podem ficar aqui, mas saqueadores perambulam pela floresta, para roubar suplementos e revistar cadáveres e se não estiverem preparados para matar 3 a 4 pessoas por dia, aqui não é o lugar

——————

Liz acordou cedo o suficiente para não ver rastros do sol. Ela pega uma mochila coloca um punhado de frutinhas, um cantil com água e uma corda. Liz, abre a porta lentamente, tentando evitar que Karl e Lauren, acordem.

—Está pronta? —Karl levanta da cama e pega sua mochila

Lauren também levanta com determinação.

—Você não acha que vai sozinha mesmo, né? —questiona Lauren

Liz olha para os dois e diz:

—Eu dou o meu abrigo para vocês morarem, digo onde tem um lugar para ficarem e vocês decidem vir comigo andar embaixo de um sol escaldante, e matar igual loucos?

—Sim —fala os dois em uníssono

—Você fala que precisamos viver, mas porquê você também não se permite viver? —Karl, pergunta

—Eu nasci para sobreviver, simples assim

—Então, vamos sobreviver juntos, iremos resgatar a menina e depois vamos viver —Lauren fala

—Muito bonito, mas eu preciso começar a caminhar, antes do sol nascer

——————

Liz caminha pela floresta densa e neblinada, com uma leve mochila nas costas e empunhando uma espada.

—Vai Liz, desmancha essa cara —Lauren bate no ombro dela com um sorriso de canto

—Qual é Liz...você vai passar o caminho todo sem falar com a gente?

—Eu já disse que prefiro caminhar sozinha, assim eu só me preocupo comigo mesma

—Então, você se preocupa com a gente? —Karl, levanta uma sobrancelha e fala com um ar convencido

—Eu não fa...

Liz puxa Lauren, antes de uma armadilha atingi-la.

—Por Deus... —Liz bufa e continua a caminhar

—Eu me distrai, foi sem querer —fala Lauren assustada

—Então, não se distraia, a não ser que queira ser degolada da próxima vez

—O que iremos fazer quando chegarmos na clínica?

—Um acordo

—Liz, você acha mesmo que eles querem um acordo com você, depois de tudo que fez?

—Eu tenho algo que eles querem, e eles tem algo que eu quero

—O que você tem?

—O maldito amuleto

—Você achou?

—Acharam para mim. Uma pessoa me devia favores, eu pedi para ela se infiltrar no Vale da Salvação, e roubar o amuleto para mim

—Deve ter sido difícil...nem quero imaginar o que aconteceu com essa pessoa —fala Lauren

—Eu matei

—O que?!

—Ele roubou o amuleto que estava com a... ele foi seguido por um grupo

—Liz, você não tem o direito de matar alguém, só porque acha que é o certo

—Eu não sei você, mas uma morte rápida e muito melhor do que a ''Caixinha de pregos'', eu não iria querer ficar com as duas mãos inutilizáveis na situação que estamos

—Se for pensar por esse lado... —fala Karl

—Mas, vocês já pararam para pensar a utilidade desse amuleto, o porquê, eles fazem tanta questão de recupera-lo? —questiona Lauren

—Não, só quero devolver esse negocio logo, e recuperar a garota

—Eles não são brincadeira, Liz. Você viu o bombardeio, o que aconteceu na clínica, e se duvidar essa nevoa roxa e invenção deles

—Vocês ainda têm a opção de desistir

—Não vamos desistir! —exclama Lauren

—Mas se esse amuleto não tiver uma utilidade, e isso só for uma emboscada

—Teremos que lutar

—Essa é a sua estratégia?

—Eu não tenho estratégia, tenho um objetivo que é tirar a garota de lá viva

Todos continuam o caminho em silencio, até o sol se por e começarem a montar o acampamento e acender a fogueira. Agora, Liz, Lauren e Karl, estão em volta da chama que ilumina os seus rostos cansados.

—A garota é como você? —pergunta Karl

—Provavelmente

—Mas, como? —questiona Lauren

—Jade não é filha de Arthur, ela é fruto de uma traição. A ''mistura'' dos sangues de Ghade e Ramme, traz um tipo de imunidade a nevoa e a infecção, se a Jade estiver na clínica...

Liz, não termina de falar, mas todos entendem o que ela quer dizer.

—Mas, se eles querem trazer a cura da infecção e a imunidade a nevoa, não haveria motivos para terem causado ela —afirma Karl

—Eles acreditam que a mistura dos dois reinos, trazem um tipo de poder, como um armazenamento de habilidades passadas de geração em geração. Acreditam que temos o instinto natural da guerra, nascemos sabendo lutar e sobreviver a qualquer situação.

—Isso é loucura

—Por esse motivo, eu não quero que vão comigo

—Não vou voltar atrás, Liz

—Eu tenho o sangue que eles querem, tenho o maldito amuleto, eles não vão me matar, são poucas pessoas que possuem o sangue de Ghade e Ramme, se é que ainda existem essas pessoas.

—E se eles conseguirem te usar para testes?

Liz fica em silencio,sem saber o que responder

A Herdeira da Guerra. Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora