capítulo 8

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— Sua louca, onde você estava? - Júlia berra entrando no meu quarto.

— Que horas são? Pergunto sonolenta.

— Tá preocupada com as horas? Você quase me mata de preocupação. Agora são 6 e alguma coisa.

— Me desculpa amiga. Eu surtei quando o carinha que eu tava dançando me beijou e sai correndo.

— O Thomas quase mata o coitado achando que ele fez algo com você. A gente tava perto de vocês e vimos a hora que vocês se afastaram, achamos que ele te fez alguma coisa sei lá.

— Aí meu Deus, ele bateu no rapaz?

— Deu um soco quando ele disse que não sabia onde você estava, mas os seguranças tiraram ele. O rapaz só não foi preso porque foi esperto e pediu pra olharmos na câmera de segurança e vê que você não saiu com ele.

— Tadinho do rapaz. Ô amiga desculpa estragar sua noite. Eu só não sei o que deu em mim. - falei realmente triste.

— Tá, relaxa, não estragou nada não. Eu fiquei mais tranquila quando vi pelas câmeras que você saiu com o gostosão do seu chefe, me chama de safada por eu pegar meu chefe e tá fazendo igualzinho. - falou rindo.

— Eu não tô pegando meu chefe. Ele só estava lá e me trouxe pra casa, afinal já era tarde.

— Confessa, Saby, você está gostando dele. Por que não conseguiu ficar com o carinha lá? Você não era assim.

— Nunca fui de sair por aí ficando com qualquer um.

— Realmente, mas surtar igual um pré adolescente que nunca beijou é de mais. Mas se você não quer assumir tudo bem, vamos ver quando você voltar dessa viajem.

— Idiota, não tô gostando de ninguém não. Só não quis o carinha lá, ele tava fedendo a bebida.

— Tá, tá bom bora ver, agora vou fazer um café tô de ressaca e esfolada. Transei de mais, o ano entrou pegando fogo pra mim.

— Depravada. - falei rindo daquela ninfomaníaca.

Hoje é sábado e segunda já viajo com o meu chefe. Não vou negar que estou ansiosa e nervosa, quando olho pra ele sinto umas coisas estranhas, vergonha, felicidade, desejo. Desejo? Não, não posso me atrair pelo meu chefe. Ele jamais olharia pra mim.

Júlia e eu fomos ao shopping comprar algumas coisas e também pra se distrair. Acabei indo ao salão e arrumando as unhas e cabelo pra viajem.

Já tem um mês que estou trabalhando pra o senhor Adam e pro Benjamin e eu não sei quase nada sobre ele, ainda não conheci a mãe, ela nunca foi na empresa, mas já ouvi eles conversando meu chefe parece que gosta muito dela.

O final de semana passou rápido. O Benjamin me mandou uma mensagem explicado o horário que passaria aqui pra me pegar e mais algumas informações.

Agora são 8 em ponto da manhã e um carro buzina na frente da casa. Saí já com minha bagagem porque tenho certeza que é ele, ele nunca se atrasa pra nada.

Ele saiu do carro e abriu a porta do passageiro pra mim. Nessa hora meu coração parece que perdeu o freio e desceu ladeira a baixo, pra que isso coração? Pra que? É só meu chefe gostoso como diz a Júlia.

— Bom dia.

— Bom dia, senhor Benjamin.

Entramos no carro e ele seguiu pro aeroporto. Meu chefe estava muito concentrado na estrada, então peguei meu celular e colocoquei o fone.

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã. Mais uma vez eu sei.

Escuridão vi pior de endoidecer gente sã...

Espera que o sol vem...

Quando olhei pro lado meu chefe me olhava sorrindo e pela primeira vez eu vi seu sorriso completo, aquele de mostrar os dentes sabe? Velho, pense na vergonha que eu fiquei. Só Deus sabe como eu estava cantando.

— O português... É incrível pra mim - Ele procurava as palavras. - Acho muito interessante. Nunca estudei mas tô pensando seriamente em aprender.

— Nossa, foi mal aí, você não merecia ter ouvido isso, não pela música e sim pela intérprete. - e rimos da minha vergonha.

— Nunca ouvi você cantando em inglês, mas pelo menos português você canta muito bem. - aí meu pai, morri de vergonha.

— Pode traduzir pra mim?

Fiquei surpresa pelo pedido, mas traduzi pra que ele pudesse entender o que eu estava cantando.

but of course the sun will come back tomorrow again i know. darkness I've seen worse than maddening sane people. Wait the sun is coming.

— Essa música trás uma mensagem muito bonita. O sol sempre vem amanhã independente do que aconteça. Concordo com autor quando diz que já viu escuridão pior. - e riu meio sem humor. Que escuridão foi essa que ele já viu?

— Verdade. O sol sempre volta amanhã.

— Essa será minha música brasileira preferida de agora em diante.

— Mas você só conhece essa chefe. - falei rindo.

— Quem disse? Tem uma que fez sucesso aqui. Vou te mostrar.

"Nossa, nossa, assim voce me mata, seu te pego ai ai se eu te pego
Delícia delícia..."

Quando ele terminou de cantar eu já estava roxa de tanto rir.

— Para não foi tão ruim assim.

— Não foi ruim não, foi engraçado... você cantando com sotaque ficou bonitinho.

— E claro que a senhorita vai me apresentar outros sucesso brasileiros não é? E a culinária também.

— Pode deixar.

Foi hilário ver meu chefe cantando delícia do Michel Teló, nem parecia aquele homem sério do escritório. Tomara que ele continue assim.

Finalmente chegamos ao aeroporto e embarcamos no avião, estou ansiosa pra conhecer outra cidade.

A Felicidade Está Em Nova YorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora