capitulo 6

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Fui pra minha sala um pouco frustrado comigo mesmo, se a Sabrina não estivesse na reunião eu ia tomar um rombo enorme com aqueles filhos da puta. Não posso dar esse tipo de vacilo. Pedi que ela fosse pra seu horário de almoço, não quero comer nada agora, deitei no sofá da minha sala afim de relaxar um pouco, mas uns 20 minutos depois alguém bate na porta. A Sabrina deve ter ido almoçar quem será?

- Entra! - berrei sem paciência.

Quando a porta se abriu ela apareceu meio tímida com uma bandeja nas mãos.

- Me desculpe incomodar, mas eu não acho bom... É ficar sem comer sabe? Por isso eu trouxe seu almoço. A tarde o senhor não vai ter tempo de almoçar, porque tem uma visita lá na fábrica. Então aqui está. Vou almoçar na minha mesa, qualquer coisa pode chamar.

Eu não tive tempo de responder ela saiu e fechou a porta. Fiquei meio atônito sem reação, ninguém nunca se preocupou comigo dessa forma. Achei que não estivesse com fome, mas quando senti o cheiro da comida percebi que estava, ela acertou na escolha, pastrami, arroz e salada. Ainda tinha um suco natural de laranja, prefiro de uva, mas ela não tem obrigação de saber isso. Ela já foi gentil o suficiente trazendo meu almoço aqui.

Terminei de almoçar e não tinha percebido o tanto que eu estava cansado. Deitei pra tirar um cochilo e acabei dormindo, acordei com minha secretária me chamando.

- Senhor Hernández, me desculpe lhe acordar, mas o senhor tem que ir a fábrica daqui 15 minutos. Acho que ficaria irritado se não lhe acordasse.

Meu Deus eu dormir isso tudo?

- Você tem razão, ficaria chateado se não me acordasse, que tipo de patrão eu seria se deixasse de ir a meus compromissos pra ficar dormindo em meu escritório? - falei passando a mão no rosto pra tentar "desamassar" a cara
ela deu uma pequena risadinha.

- Mas eu realmente precisava desse descanso. Afinal como conseguiu tomar conta de tudo? Esse é seu segundo dia. - falei arrumando minhas coisas pra sair.

- até agora foi tudo tranquilo. Tive uma pequena dúvida, mas perguntei ao senhor Adam.

Quando ela disse isso eu paralisei, merda o que meu pai vai pensar se ficar sabendo que eu dormir no escritório?

- Disse pra meu pai que eu a acabei dormindo? - falei tentando parecer calmo e falhando miseravelmente. Eu estava me sentindo um idiota, ela pode pensar que eu devo explicações ao "papai", mas não é isso. Só não quero manchar minha reputação com meu pai, já basta o jhon que não quer nada com a vida.

- Não, senhor. Eu disse que o senhor estava em uma teleconferência. E eu não podia interromper. Se ele perguntar inventa algo aí. - ela disse mais uma vez sorrindo.

Respirei aliviado. Ainda bem que ela é discreta.

- Não me interprete mal, não é que eu deva satisfações ao meu pai. Só não quero que ele pense que não estou levando meu trabalho a sério.

- Claro, eu sei. Mas seu pai sabe do seu comprometimento. O senhor só dormiu porque estava muito cansado e se ele soubesse disso iria ficar preocupado. Por isso eu... menti. Não gosto de mentira, mas assim o senhor descansou e seu pai ficou tranquilo.

Ela tem razão, meu pai sabe que eu prezo muito pelo meu trabalho, e se soubesse que ando cochilando pelos cantos ia pensar logo que estou doente.

- Obrigado por tudo hoje, e desculpa ter feito você mentir. Estou indo pra fábrica e não volto mais hoje, você por ir pra casa também.

- Ok.

Ela foi pra sua mesa e começou arrumar a bolsa.

- Quem te trás é a doidinha da Júlia não é?

- Sim.

- Então você não tem carona agora. Vamos? Eu te levo.

- Não precisa senhor Hernandez. O senhor já está quase atrasado eu pego um táxi.

- Depois de tudo que fez por mim eu não aceito não como resposta.

- Tá certo então.

Entramos no elevador em silêncio, e eu comecei a raciocinar, a solidão é perigosa, ela é viciante. Uma vez que você percebe quanta paz há nela, você não quer mais lidar com pessoas.

Mas hoje eu percebi como é boa a sensação de ter alguém cuidando de você, se preocupando. Alguém pra dividir as dúvidas, medos, os afazeres nem que seja nas coisas simples. Viver na solidão pode até nos trazer paz e sossego, mas a alma começa a ficar cinza e fria.

Entramos no carro e ela me passou seu endereço. Fomos o caminho todo em silêncio, esse é um ponto positivo na minha secretaria, ela não é tagarela, não é aquele tipo de pessoa chata que faz seus ouvidos doerem, apesar de eu gostar de ouvir sua voz.

- Chegamos.

- Muito obrigada, senhor Hernández. Espero que não se atrase muito na visita a fábrica.

- Por favor me chame pelo meu primeiro nome, eu gosto mais dele. E não se preocupe, se eu chegar atrasado coloco a culpa no trânsito.

Ela deu um pequeno sorriso e se despediu. Acenei e sai com o carro, hoje foi um dia atípico pra mim e eu preciso meter a cara no trabalho pra mudar o foco.

Fui pra fábrica com um sorriso besta nos lábios. Acho que tô é com carência, vou hoje em uma balada de um amigo meu ver se distraio um pouco.

A Felicidade Está Em Nova YorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora