A sentença

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Eu não estava pensando em mais nada, acabar com aquele que matou Ethan era meu único objetivo. No momento, eu estava frente a frente com meu pai, junto com uma arma apontada para o mesmo.

-“Então é isso que você quer fazer, Sakura? Depois de todas as vezes que te ensinei sobre o único caminho que você deve trilhar”,- Meu pai dizia tais coisas como se pudesse me manipular novamente. Eu já estava cansada disso, eu não queria... Mas a única que pode parar Kira, sou eu.

-“Você matou alguém importante pra mim, e ainda acha que eu vou trilhar o mesmo caminho que você”?!- Eu sentia lágrimas escorrendo dos meus olhos, a arma já estava tremendo na minha mão. O que eu estava fazendo?

-“ Emoções só atrapalha seu raciocínio filha, você precisa entender que matar Ethan foi necessário.”- A partir daquelas palavras, eu tive certeza que ele nunca amou minha mãe, nem ninguém de sua família, principalmente sua própria filha-“ Não vê como é belo o mundo que eu criei? Você não iria querer me decepcionar estragando ele”.- Continuou o mesmo.

-“ Você nunca me amou não é Kira? Você realmente só me via como um mero legado”.- Dizer isso me doeu, não ter o amor do meu pai só me fez enxergar que seguir o mesmo caminho que ele, me tornaria só mais uma.

-“Querida, eu nunca amei ninguém, por que com você seria diferente?”.- Ele estava rindo, ressaltando que sentimentos são realmente uma piada. Foi a gota d’água, sequei as lágrimas e firmei a arma novamente.

Pai eu sinto muito.

Atirei em uma parte não vital do corpo dele, eu não queria... Mas as palavras dele, e principalmente aquela risada estavam pedindo para que eu fizesse isso.

-“Sakura como você pôde atirar no seu próprio pai”?- Ele se contorce de dor, ao mesmo tempo que mantinha seus olhos cerrados de ódio.

-“Eu não queria fazer isso. Mas você iria continuar matando as pessoas que eu amo, entenda que meu caminho não é este”.-Digo isso atirando em mais um membro não vital, eu queria ver Kira sofrer até implorar pela morte.

Enquanto ele se agoniava no chão, aproveito o momento para tocar no caderno pela primeira vez. Vejo o Shinigami que realmente possuía uma aparência amedrontadora, eu não conseguiria matar meu pai diretamente, Ryuk era o único ali que eu poderia contar.

-“Shinigami. Eu precisava parar Kira de alguma forma, mas eu ainda eu não consigo eliminar meus sentimentos. Você pode fazer isso por mim e pelo mundo”?- Cada palavra que eu dizia era como uma facada em meu coração, eu agora, estava o enxergando como meu pai.

-“Eu lembro bem das vezes que Light dizia que queria ser Deus, e ele realmente conseguiu, até ele fazer sua própria destruição. hahahahah”.- Ryuk dava gargalhadas, ao mesmo tempo que tirava do bolso um outro caderno. Enquanto isso, Kira estava sangrando do chão, não se contorcendo mais.

Minhas emoções como minha eu do passado, retornam.

Seus olhos possuía uma leveza como se estivesse aceitando a morte... Pai... Eu sempre irei carregar essa culpa dentro de mim, mas não posso deixar seu controle no mundo acontecendo, me perdoe.

Cheguei mais perto de seu corpo, e como um último gesto, beijei sua testa como uma despedida. No mesmo segundo, vi seu coração parando...

Acabou pai... Acabou Kira.

Quando vi seus olhos fechando eu só conseguia chorar sobre seu corpo.
Fui me acalmando aos poucos e levantei minha cabeça, Ryuk ainda permanecia no lugar. Pedi para o mesmo, levar o caderno de Kira para o mesmo local de onde veio.

Enquanto eu saia da sala, vi minha mãe sentada no chão atrás da porta, seu olhar era desesperador com certeza ela me enxergava como um monstro agora. Eu não tive tempo de falar com ela, a mulher passou direto entrando no local sem olhar nos meus olhos.

Ela se agarra no corpo do meu pai, se eu continuasse vendo aquilo iria me sentir pior ainda. Larguei a arma no chão, indo até sua casa.

Vou até meu antigo quarto fazendo minhas malas, eu precisava sair dali urgente. Enquanto terminava de arrumar minhas coisas, me pego pensando em Ethan novamente.

Desço até a sala, encontrando as rosas que eu havia ganhado do garoto, pego o presente, levando comigo. Vejo que minha mãe já estava na porta de entrada, bloqueando-a como se não quisesse que eu fosse embora. Ela me encarava com os olhos marejados ainda sem conseguir dizer uma palavra.

Eu não sabia o que fazer, então como nunca mais iria voltar aquele lugar, abracei ela mesmo não sendo retribuída. Me desculpe mãe... Espero que me procure futuramente.

Saio dos braços dela indo direto para fora, eu preciso voltar para Mikoto.

Enquanto caminhava, passei pelo parque que eu tinha ido com Ethan enquanto estávamos nos conhecendo.

O lugar permanecia vazio, então comecei a gritar alto, foi um grito de alívio e felicidade, como se eu estivesse liberando todas as minhas emoções.

Eu venci.

Nós vencemos, Ethan.

3 anos depois

Com meus 18 anos, observo de cima de um prédio, o Novo Mundo que criei. Meses atrás, minha mãe cometeu suicídio, sem termos tido tempo de esclarecer as coisas uma para outra.

Contar sobre quem realmente foi meu pai, para minha vó, foi doloroso. A mesma acabou entrando em depressão. Dessa vez, nem minha tia poderia ajuda-la, já que ambas estavam péssimas psicologicamente.

Eu havia criado uma nova força-tarefa, agentes bem treinados em cada canto do mundo. As pessoas estavam aliviadas por não existir mais aquele que se nomeava Kira.
Mikoto estava morando em outro país, ela foi meu único apoio depois dos acontecimentos com meu pai. Fico totalmente feliz por sua conquista.

Recebo um comunicado urgente de um dos agentes, retorno para o prédio, que por coincidência, é o mesmo prédio usado por L. Enquanto entrava, avisto os homens com os olhares preocupados...

-“Chefe, recebemos informações de que o caderno está sendo leiloado”.- Um dos agentes fala em um tom de desespero.

Não era possível... Ótimo, mais um Kira que iremos parar. Sorrio determinada com tal pensamento.



Espero que tenham gostado!!!

A parte final, foi referência a história: Death Note Justice or Evil. (Super recomendo lerem, inclusive).

Aquela Que Cuidará Do Novo MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora