Capítulo 4 - Fenestra, parte 2.

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Era de noite de novo. Sinceramente, é incrível como os dias tem sido tão curtos ultimamentes. Eu acordei, e me sentei em minha cama, meus olhos cansados olhando diretamente para frente.

E meus olhos viram ele de novo, sentado- não, esparramado em minha poltrona, pernas abertas e braços nos descansos, olhando para mim. Seus olhos pareciam especialmente brilhantes essa noite, mas a beleza não foi o suficiente para me fazer esquecer o quanto eu queria que essa besta maldita não estivesse aqui.

"Você parece confuso ultimamente." Ele continuou ali, imóvel, olhando fixamente para os meus olhos. O seu olhar fixo não me incomodava tanto assim, porém mesmo assim, ele ainda me deixa completamente imóvel, sem opção além de olhar de volta.

Sua existência me deixa mais confuso ainda.

Eu consegui ver o canto de sua boca se levantar um pouco, dando um meio-sorriso, contente com meu conflito.

"Vem cá." Ele disse, batendo em sua coxa como se eu fosse algum tipo de animal.

Eu olhei para baixo, e depois para seu rosto. Levantei uma sobrancelha, uma expressão amarga de dúvida, para mim, já era resposta o suficiente.

"Vamos lá," Ele disse, retribuindo meu olhar cínico com seus dentes afiados em um sorriso. "Eu sei o que você quer."

Mentira. Eu nunca iria querer nada dessa criatura abissal, especialmente quando ela envolve qualquer tipo de contato da minha pele com seu couro nojento. Porém se eu queria ou não, não impediu-me de, de alguma maneira, parar no colo dele. Ops.

Eu estava sentado de maneira recatada, pernas juntas, e me mexendo o mínimo possível. Ele não parecia se importar se eu me mexia ou não. Ele estava tranquilo de qualquer maneira, fazendo-se confortável em minha poltrona.

Quando eu estava... """""Confortável""""" com ele, eu respirei fundo, imóvel, tentando o mínimo de contato possível. No entanto, qualquer tentativa foi frustrada por ele próprio, o Diabo, passando suas mãos por minha cintura, e por meu peito, e me puxando, colocando minha nuca contra seu peito.

Prendi a respiração. Eu senti mais uma vez aquele peito, relaxado, peludo. E, em meu silêncio, consegui sentir seu coração batendo, seu tórax, subindo e descendo. Os movimentos eram tão serenos, que eram o suficientes para acalmá-lo ao ponto de dormir, se ele não fosse, bem, ele.

"Olhe para o céu" Minha cabeça levantou-se, fazendo o mínimo de movimento possível. Olhei pela janela o céu noturno, e estava, sem dúvidas, belo como sempre. Era uma semana de lua cheia, seu brilho insigne, e o céu estrelado, em especial, consegui distinguir o Cinturão de Órion, as três Marias, certamente decepcionadas com minha situação. "A lua está linda, não?"

"Mm-hm." Eu respondi, desligado. Bem, pra mim a lua sempre foi linda, mas isso não importa.

"Perfeita para um ritual."

Eu virei-me para ele com olhos arregalados, esquecendo qualquer tipo de conservadorismo que eu tinha em relação à não me mover enquanto eu estava... sentado em seu colo. Ele olhou minha expressão confusa e assustada e riu. Riu! Gah, o absurdo!

"Eu tô brincando!" Ele disse, ainda rindo de mim. Tch.

Ah, Claro que está.

Eu me virei de volta, ouvindo como suas risadas desvaneceram, um pouco depois de meu pensamento sarcástico. Estava tão chocado, que mal notei que eu voltei a colocar minha cabeça em seu peito, mesmo depois de tirá-la de lá para encará-lo.

E eu me distraí completamente. Enquanto eu olhava o céu, não via mais nada ao meu redor, ainda pensando no que ele havia dito. Claro, demônios, rituais, blá-blá-blá, mas... o quê? Bem, decidi não questionar. Esse tipo de coisa não é de Deus.

Tive 🔥uma experiência 🔥 💋diabólica💋 com o 😈Diabo😈Onde histórias criam vida. Descubra agora