Talvez Inimigos

Capítulo (F)

Como eu não disse nada, minha mãe resolveu me deixar sozinha, e disse pra mim chamar se caso precisasse. Estava passando mil coisas pela a minha cabeça, era a minha mãe, o Katsuki, o Shigaraki… aquele desgraçado, ele fugiu e eu estou aqui presa. 
Eu estava tão confusa, que estava começando a achar que eu tinha problema de bipolaridade. Eu odiava os heróis, mas gostei de ter minha mãe perto, além do fato de eu não conseguir matar o Katsuki e ter tentado salvar ele; e por outro lado eu era uma vilã e estava começando a odiar os vilões também, primeiro por causa do desgraçado do King, o cara que matou o meu pai, e agora pelo fato do Shigaraki ter me deixado pra trás, mas mesmo com isso eu não queria deixar de ser vilã, mas ao mesmo tempo eu não aguentava mais essa vida, sempre fugindo e se escondendo. Basicamente eu estava vivendo um conflito interno. 

Depois de um bom tempo quebrando a cabeça com tudo o que estava acontecendo, finalmente consegui organizar meus pensamentos. Eu já tinha decidido, eu não seria nenhum dos dois, nem vilã e muito menos heroína, o ideal pra mim era evaporar os dois lados, pra gente viver em uma sociedade sem esses rótulos. Mas pra isso, eu vou precisar fazer algo que não me agrada muito. Primeiro vou ter que me fazer de boazinha pra minha mãe, pra ela me soltar, e assim que eu fugir tenho que me juntar com Shigaraki novamente, pra ajudar ele a matar o herói número 1, o All Might e depois matar o próprio Shigaraki, e aí eu teria o controle de tudo. Eu já tinha tudo planejado, data e hora, era só começar a colocar em prática. O problema da maioria das pessoas é que elas não tem paciência pra fazer as coisas, mas eu aprendi com o meu pai que a gente deve subir um degrau de cada vez, e com cuidado ainda, e mesmo que leve meses pra tudo dá certo eu vou tentar. 

Eu comecei a me soltar aos poucos pra minha mãe, quando ela foi levar o jantar, fiquei numa boa com ela, deixei ela me dar comida na boca, coisa que particularmente eu gostei, e depois eu deixei ela contar a história da vida chata dela. 

- O seu avó foi um herói profissional, e isso me motivou a ser uma heroína. - Ela disse.

O que me deixou curiosa foi o fato dela se juntar ao meu pai. Ele nunca disse, e eu tinha curiosidade em saber.

- Como conheceu o meu pai? - Perguntei séria.
- Hm? Ele não te disse?
- Se eu tô perguntando né!
- Verdade. Bom, eu tinha 20 anos quando conheci ele. Eu estava fazendo patrulha e encontrei ele bêbado sentado em um banco! Eu ofereci ajuda, e ele aceitou. Levei ele até um prédio onde ele morava, ele disse durante todo o caminho que eu era muito bonita e perguntou se eu namorava. Eu ignorei pelo fato dele está bêbado, mas aí uns dias depois eu acabei vendo ele de novo, e ele começou a insistir em ficar comigo. Depois de alguns meses eu aceitei. Ele teve que voltar para o Brasil, e então eu resolvi ir com ele. Nós namoramos por dois anos, e então eu engravidei, e nós resolvemos nós casar. Só que ele era bem misterioso, andava escondendo algumas coisas de mim. Depois de alguns meses, quando você estava perto de nascer, eu vi ele matando um herói. E foi aí que eu descobri que ele era um vilão. Eu tenho certeza que ele me amava, mas eu não era capaz de continuar com aquilo, então eu pedi o divórcio, e mesmo ele negando acabou aceitando depois, acho que o motivo era porque ele já planejava roubar você. No dia do seu nascimento, eu estava apenas com um amigo meu no hospital. Tinham levado você pra mim poder te ver, eu estava tão feliz. - Ela disse chorando, e acabou me dando uma tristeza. - De repente eu ouvi um barulho, e o seu pai entrou no quarto acompanhado de 4 capangas. Eles me seguraram, e o seu pai pegou você e fugiu. Aquele foi o pior dia da minha vida!

Quando ela terminou de falar, eu fique surpresa. Ela chorava mais que tudo, e acabou me fazendo chorar também. Eu não esperava que ouvir o lado dela da história faria diferença na minha vida. Eu sabia que o meu pai tinha me roubado, mas a forma que ele me contou me fez acreditar que a errada da história era a minha mãe.