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Sentado no sofá, Marcel aguardava a boa vontade dos ponteiros no apático relógio de parede à sua frente

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Sentado no sofá, Marcel aguardava a boa vontade dos ponteiros no apático relógio de parede à sua frente. Segurava a sua Glock, passando os seus dedos pelo baixo relevo desenhado na lateral da arma. Os seus pensamentos estavam longe. Pensava nos méritos que receberia, na alegria de seus pais, nos filhos que queria ter, na casa com um grande quintal para o seu cachorro correr e brincar, no sorriso de sua futura esposa e no almoço de domingo com a família reunida. Sonhava com uma vida que ainda não tinha e que poderia tornar-se realidade caso a sua pesquisa produzisse bons resultados.

 Sonhava com uma vida que ainda não tinha e que poderia tornar-se realidade caso a sua pesquisa produzisse bons resultados

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O antigo rádio localizado ao lado da televisão começou a tocar de repente. O susto deixou Marcel inquieto, enquanto tentava explicar-se do motivo de ter acontecido aquilo. Procurou convencer-se de que se tratava de alguma falha nos componentes internos do relógio, ou algum tipo de descarga elétrica. As vozes saiam entrecortadas, com um forte chiado que as deixavam inaudíveis. Vagarosamente levantou-se, olhou para os lados, e teve a sua atenção capturada pela janela entreaberta, por onde passava um fio de vento que fazia a cortina ondular. Segurou a arma com mais força, como se a sua vida dependesse disso. Sentia os seus nervos tencionados, prontos para encarar o desconhecido, embora a sua vontade fosse a de sair correndo e nunca mais olhar para trás. Chegou perto do rádio e desligou, sem parar de olhar ao seu redor. De repente escutou um ruído vindo de trás do móvel da televisão. Aproximou-se e virou a cabeça para direcionar melhor sua audição, até encostar a orelha na madeira empoeirada. Havia alguma coisa ali. Colocou a arma ao lado da televisão e moveu a mobília com as duas mãos. No mesmo instante sentiu algo tocar os seus pés.

— Ahhh Rato?! Mas que droga!

Dezenas de roedores surgiram do espaço que Marcel abriu. Subiram pelo sofá e jogaram-se pela janela, estilhaçando o vidro no processo e manchando de sangue a cortina branca. Marcel tentava chutar alguns, pisar em outros, mas a maioria ele só conseguia atingir através dos incontáveis xingamentos, em um acesso de raiva e nojo. Encostou a mão na arma para se apoiar e chegou a apontá-la para os roedores, mas não queria causar um alvoroço na cidade, visto que ele estava prestes a invadir uma igreja. Quanto menos barulho, melhor. Esperou o fluxo constante de roedores parar, até que todos tivessem pulado pela janela. No lugar de onde os ratos escaparam havia apenas um pequeno buraco que Marcel achou melhor cobrir com um livro antes de voltar com a mobília para o seu devido lugar.

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