O momento...

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...era de cautela, visto o pouco movimento na região. Já imaginando o desfecho, deixou a câmera sobre o banco do carona, precisava registrar tudo. O CRV parou e, na hora, uma travesti apoiou os braços na janela. Gabriel apagou os faróis e pode avançar sem chamar atenção. Parou junto ao meio-fio, desligou o carro e pegou a câmera. A travesti deixou o CRV, que continuou parado e ligado. Então outra aproximou-se e entrou no carro, sem rodeios. Gabriel conseguiu boas fotos do momento. O Honda começou a mover-se novamente, o detetive continuou a segui-lo. Foram pela via do Parkway em direção à Águas Claras, seguiram até a EPTG – sempre em velocidade abaixo da via, uns 40km/h. Fizeram toda a EPTG até ingressar novamente na EPIA e mais uma vez entrar no Parkway pela EPNB, onde a travesti deixou o carro.

O trabalho estava encerrado e foi mais fácil do que presumido por Gabriel. Bastava juntar as fotos ao relatório e entregar à contratante, que pagaria o combinado – um valor bem abaixo do praticado mais indicações dos serviços – e saberia, enfim, que o marido mantinha relações com travestis.

Depois de tantas noites mal dormidas, aquela seria de bom sono e alívio, pois dava o primeiro passo na nova carreira. A cabeça repousada no travesseiro, todavia, passou a refletir. A travesti entrou no carro, o carro de Demétrio, com Demétrio ao volante. Estes eram os fatos. Contudo, o carro não entrou em motel ou qualquer outro lugar, só rodou lentamente pelas vias até retornar ao ponto inicial. Vai que o homem aprecie algo para o qual não precisasse parar o carro. Seria isso? Pronto. A interrogação foi suficiente para tornar aquela noite desagradável como as outras. Só pôde sossegar quando decidiu retomar o assunto na manhã seguinte.

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