Se um café expresso...

1 0 0
                                    

...na padaria mais próxima seria o ideal para aquela manhã chuvosa, ter de fazer um solúvel era ruim por si só. A chuva não era intensa, mas suficiente para molhar bem caso fosse à padaria. Usar o carro nem pensar, somente para o trabalho. Temos de economizar.

Enquanto bebia meio forçadamente o liquido que em quase nada lembrava café, Gabriel retomou o assunto pendente. E resolveu tão rápido que até estranhou. Decidiu só entregar o relatório à cliente quando tivesse mais informações. Simples assim. Nada como um dia após o outro.

Cláudia avisaria quando Demétrio tivesse intenção de sair novamente. O retorno veio na quarta-feira seguinte, à tarde. O CRV saiu perto das 21 horas e, confirmando ainda mais o padrão, rodou até aquele mesmo ponto de prostituição. Não era possível dizer se a fotografia registrara o mesmo indivíduo da outra semana. O trajeto da perseguição foi o mesmo até a EPTG, porém convertendo para Taguatinga, Pistão Norte e Estrutural, sempre rodando calmamente. Depois Jóquei, EPTG e Parkway de Águas Claras, finalizando no ponto de partida.

Até aquele momento nada de respostas. A travesti desceu do carro e este saiu em direção à EPNB, provavelmente retornando para casa. Gabriel não perdeu a travesti de vista e conduziu seu carro até onde ele estava.

Pela janela aberta pediu licença, a travesti se aproximou. O valor por uma hora não era um absurdo, ademais iria para a conta da cliente. Fechado o contrato, a travesti se acomodou no assento ao lado. Mal fechou a porta e Gabriel foi dizendo que desejava apenas conversar, fazer perguntas, proposta aceita com certa frustração. Ficou indiferente ao saber tratar-se de um detetive, mas avisou que não falaria de clientes, questão de ética. Indagado o nome, respondeu: Cassandra. Gabriel retribuiu mesmo sem ser perguntado.

O detetive emendou, adiantando que a cliente já tinha conhecimento das saídas do marido.

– Quer dizer, ela sabe que uma travesti entra no carro do marido toda semana. Eu só queria, como vou dizer... Confirmar o óbvio, porque nas duas vezes que segui vocês, vocês não pararam em lugar nenhum. E não tem como saber o que rola dentro do carro. Entende? Eu só preciso confirmar.

Cassandra interrompeu, dizendo que "não rola nada".

Missão CumpridaOnde histórias criam vida. Descubra agora