Servente

#5

Ela sorri mais uma vez. "Eu tenho mesmo de ir." Diz ela.

"Antes de ir, logo à noite pode vir ter comigo à biblioteca?" Pergunta.

"Claro." Ela entra pela porta da cozinha e deixa-o com um sorriso de parvo na cara.

Pela primeira vez Lucifer reconhece o que Katherine disse... gosta dela. O problema... tudo está contra eles e não pode lutar por ela... mesmo que seja o que ele mais quer no mundo. Lucifer sabe que não lhe devia ter pedido para o encontrar na biblioteca, mas agora o mal está feito. Lucifer quer conhecê-la mesmo que no final lhe vá doer afastar-se dela.

~oOo~

Chloe sabe que não pode se envolver com o filho dos patrões. No que estava a pensar quando aceitei ir à biblioteca? Lucifer parece ser uma pessoa simpática, mas a sua tia avisou-a.... As aparências iludem e ele pode estar a tentar aproveitar-se da sua situação mais frágil.

O dia passou muito depressa e quando Chloe deu por si já estava a lavar a loiça do jantar. Estava frio na cozinha, Chloe queria acabar rapidamente o serviço para sair dali.

"Onde vais com tanta pressa?" Pergunta Katherine.

"Bem, o Sr. Lucifer pediu-me para ir à biblioteca agora."

"Hum... E vais assim vestida?"

Chloe olha para a farda. "Sim, o que tem?"

"Não tens de ir assim, podes vestir uma roupa tua."

"Mas eu sou uma empregada..." Chloe diz, mas é cortada.

"Eu já percebi que ele gosta de ti não tens de ter medo dele. Ele não é o bicho papão!"

Chloe sorri. "Ele pode gostar de mim, mas não vai passar disso."

"Se tu o dizes..."

"Não é certo e eu não me vou iludir."

"O que não está certo em duas pessoas gostarem uma da outra?" Ela pergunta.

"Ele é rico e eu sou empregada dele. Conheci-o ontem..."

"Não te tentes enganar Chloe, o dinheiro não é o problema, tu é que estás a fazer o problema na tua cabeça. Eu sei que ele abdicaria de tudo se fosse preciso."

"Ele não faria isso." Ela diz. Chloe não podia acreditar nisso, nem que uma outra empregada estava a sugerir um relacionamento com o patrão.

"Vamos ver... Vai lá vestir alguma coisa apresentável."

Ela volta ao quarto e veste um vestido simples que já tem desde os 15 anos. Fica-lhe um pouco a acima do joelho, Chloe cresceu desde essa altura e infelizmente não tive como comprar um novo. Talvez no final do mês possa comprar um novo com metade do dinheiro que receber. A restante metade ela planeia enviar para os pais.

Chloe volta pelo corredor para a cozinha. "Assim está muito melhor, mas falta uma coisa." Ela diz.

"O quê?"

"O cabelo."

Chloe tira o laço que lhe prende o cabelo, ele cai solto pelos ombros. Passa os dedos pelo cabelo na esperança de o pentear um pouco.

"Acho que estás muito bonita, minha querida." Diz-lhe Katherine.

"Obrigada!"

"Estás à espera do quê? Vai lá!"

"Onde é a biblioteca?"

~oOo~

Lucifer está sozinho na biblioteca a ler um livro à lareira. Ele levanta-se do cadeirão quando ouve alguém bater à porta. O coração bate forte contra o peito, mostrando uma ansiedade que Lucifer não está habituado a sentir.

"Menina Chloe, entre!" Ela faz isso e passa por ele. "Alguém a viu?"

"Não, ninguém me viu." Ela diz.

"Os meus pais não podem saber, eles não irão compreender."

"Pedir para uma empregada vir aqui durante a noite? Eu também não compreendo, quer-me esclarecer?"

"Eu... algo me cativa." Lucifer está sem palavras pela primeira vez na vida... ele era um homem de negócios e argumentos e a sua ansiedade aumentou. Chloe olha para ele e depois olha em volta como se não acreditasse onde está.

"Eu não cativo pessoas, eu afasto-as!"

"Porque diz isso?"

"Eu nunca fui uma criança de muitos amigos. Sempre fui diferente das outras raparigas, não sei o meu lugar... eu devia estar na minha aldeia, casar com um homem com algumas terras para ajudar a minha família." Diz ela triste.

"Ser diferente é bom Chloe! Eu também não me sinto bem aqui, os meus pais detestam-me por os desafiar constantemente e quebrar as regras. Eu não sou aceite nesta casa."

"Eu sou uma das regras?"

Lucifer olha-a nos olhos e ela percebe que sim. "É melhor ir antes que tenha problemas por minha causa." Ela diz docemente.

"Não por favor fique Chloe." Lucifer praticamente implora tocando-lhe no braço gelado. "Sente-se, podemos falar mais um pouco." Apontando para os dois cadeirões junto à lareira.

Falaram por pouco mais de 1 hora e a cada palavra que saia da boca dela, Lucifer estava mais perto de se apaixonar por ela. Ela sempre quis continuar os estudos e luta para que o irmão o consiga. A família dela ama-a e ele tem inveja disso, mas também está feliz por ela, pois nem tudo é mau. Ela gosta de ler, apesar de não ter muitos livros para o fazer. "Pode ler todos os livros que estão nesta biblioteca." Lucifer oferece-lhe.

Ela olha mais uma vez à volta "Eu nunca vi um sítio com tantos livros na minha vida... Não é apropriado eu ler estes livros." Ela sorri para ele.

"Menina Chloe, eu mandei-a ler e não aceito um não como resposta. Eu não me importo por ser inapropriado." Ele levanta-se para pegar um livro e entrega-lho.

"Obrigada!" Ela sorri.

Chloe podia admitir que aquele ambiente quente e aconchegante era sem dúvida a favor do cenário romântico que se formou na sua mente. Ela resiste, mas gosta de ser cortejada por ele. Ele é uma pessoa muito doce, contou-lhe sobre ajuda crianças que têm dificuldade na escola e que tem algumas ideias de negócios que podem favorecer os mais desfavorecidos.

"Eu acho que o Lucifer se sairá bem. Pelo menos já tem um grande coração!" Ai a minha boca grande... Ela sorri para ele sem saber o que fazer para remediar a situação. "Eu gostava de ensinar crianças, mas isso nunca vai acontecer. A única pessoa a quem ensinei foi o meu irmão."

"Nunca diga nunca! A Chloe faria qualquer coisa pelo seu irmão?" Ele pergunta.

"Eu faria qualquer coisa, por isso estou aqui." Ela olha para o tapete. "É muito difícil estar aqui sem ter um abraço dele à noite antes de ir para a cama. Ele prometeu tomar conta de tudo enquanto eu estiver fora." Ela choraminga. Não consigo controlar o lado sentimental.

"Eu não a queria aborrecer eu sei que deve ter saudades de casa."

"Eu tenho, mas tudo vai ficar bem." Limpa as lágrimas. "É muito doce o que faz pelas crianças."

"Talvez um dia possa vir comigo. Pode ajudar."

"Sim claro desde que possa sair." Ela terá as suas tarefas domésticas primeiro de tudo.

"Certo quando tiver livre por favor diga-me. Quando não estou na faculdade, estou quase sempre aqui na biblioteca." Ele diz-lhe.

"Eu direi. Acho que é melhor ir, amanhã tenho de acordar muito cedo." Diz por fim.

"Sim claro." Ele levantasse e acompanha-a até à porta.

Ele agarra-lhe a mão e beija-a fazendo-a estremecer. "Boa noite Chloe!"

"Boa noite Lucifer!"