Capítulo 11

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Eda acordou com a luz do sol no rosto e o som de pombas arrulhando na gaiola. O arrulhar grave das aves penetrava em seu cérebro como o impacto de um martelo na pedra. Gemendo, sentou-se e levou a mão à testa, que doía. Mesmo a distância, os ouvidos sensíveis escutaram pés descalços movimentando-se num outro quarto.
Fechou os olhos: mesmo aquele suave som vibrava em sua cabeça como o ronco longínquo de um trovão. Flutuando numa nuvem cinza, deixou-se cair novamente sobre as almofadas.
— Ah, então finalmente acordou.
Com imenso esforço, ela abriu um olho. Uma mulher alta, elegante, com cabelos tingidos e penteados em ondas intrincadas achava-se aos pé da cama.
— Quem é você?
— Sou Aspásia.
Eda forçou o outro olho a se abrir também. Só então percebeu o quarto amplo, arejado e inundado pelo sol.
— Onde estou? — indagou num murmúrio, depois de um momento.
— Na minha casa — disse a mulher, sorrindo, com pena da confusão mental em que ela se encontrava. — Serkan a trouxe aqui ontem à noite. Você estava sofrendo de uma...irritação indelicada.
A nuvem na mente de Eda moveu-se e tentáculos de névoa ondularam na paisagem marinha de sua mente, deixando-a perceber imagens vagas, distantes. Forçou-se a pensar, a concentrar-se e as imagens ficaram mais nítidas. Lembrou-se de ruas de cidade, escuras e varridas pelo vento.
— Eu me perdi — começou a falar, hesitante.
As lembranças foram surgindo por si mesmas, em cenas rápidas. Um grande grupo de gente ameaçadora, gritando. Um sujeito mal-encarado, de hálito ruim, que a derrubara. Uma velha grandalhona, cuja boca se retorcia num arremedo de sorriso enquanto derramava um líquido em sua garganta. Uma cabeça ruiva brilhando na noite, quando ele enfrentara a turba assanhada. A mesma cabeça colada em seu peito enquanto ela gemia, se contorcia e implorava alívio. Uma cama larga e macia, uma confusão de braços e pernas...
Eda saltou da cama, os olhos horrorizados voltando-se para os lençóis amarrotados e cheios de manchas; então voltaram-se para Aspásia, num movimento muito rápido da cabeça que a fez cambalear, atordoada.
— Não, não tente usar suas forças ainda, senhora Eda — avisou a bonita mulher. — Vai precisar de muitas horas até o afrodisíaco deixar completamente seu organismo.
— Afrodisíaco!
Eda gemeu, sabendo agora que as imagens confusas tinham sido reais, que não se tratava de criações de sua mente descontrolada.
— Sim. O que lhe deram é um particularmente forte. O capitão mal conseguia segurá-la quando chegaram aqui.
Com outro gemido, Eda ocultou o rosto com as mãos, enquanto a risada alegre de Aspásia ressoava no quarto:
— Vamos, senhora, não é tão ruim! Se alguém tem de sofrer os efeitos indignos de tal beberagem, que companhia melhor do que um homem como Serkan?
Com esforço, Eda levantou a cabeça e encarou a mulher:
— Você o conhece bem?
— Se conheço o pênis dele, é isso que quer saber? — Aspásia, riu novamente, deu o braço para a espartana e levou-a aos banhos, na sala ao lado. — Não. Para minha tristeza, não tive esse prazer. Sou a amante de Péricles, o mentor de Serkan e só entretenho o capitão em minha sala de visitas ou no salão de festas. As mulheres de minha casa falam muito bem de suas qualidades físicas, no entanto, e de como ele sabe usá-las.
Ela fez um sinal para as servas ajudarem Eda e sentou-se num divã baixo para observar.Confusa e impressionada com aquela mulher tão bonita, elegante e sofisticada, Eda permaneceu imóvel enquanto as escravas cobriam-lhe o corpo com macias toalhas mornas, para suavizar a pele. Em seguida, esfregaram-lhe vigorosamente o corpo com esponjas, a fim de livrá-lo do sono e do suor.
— E você, acha que minhas meninas têm razão? — perguntou Aspásia, com meio sorriso. — O capitão é mesmo como elas dizem?
— Eu... eu não lembro! — foi a resposta de Eda, suspirando frustrada.

 eu não lembro! — foi a resposta de Eda, suspirando frustrada

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A Escrava de AtenasOnde histórias criam vida. Descubra agora