Cap 4: O Suspeito e a Apicultura

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Hospital

Kara e Lena caminhavam pelos corredores do hospital ao lado de seu novo suspeito, o Dr. Harrison Polk, diretor-geral do lugar. Ao chegarem em seu escritório, uma sala ampla de paredes acinzentadas e bem iluminada pelas grandes janelas de vidro duplo, o homem caminhou até sua mesa e se sentou em sua cadeira, e fez sinal para elas se sentarem nas poltronas em frente a sua mesa, mas elas negaram.

- Viemos falar sobre Amy Dampier. - Disse Kara fitando os olhos do homem, que franziu o cenho ao ouvir o nome. - Ela foi encontrada morta hoje de manhã, estrangulada. - O homem ficou estático com a informação.

- Amy era uma boa pessoa... - Disse o homem se ajustando na cadeira, e em seguida pôs a mão direita em sua testa a esfregando. Após uns minutos pensando, o homem levantou o olhar e fitou as duas mulheres, que o olhavam com o semblante fechado. - Vocês estão aqui porque pensam que tenho algo a ver com isso... - Sua fala era de surpresa e frenesi.

- O Dr. Mantlo disse que você deu em cima dela em uma festa no ano passado. - Kara exclamou.
O homem a fitou e riu sem humor.

- Eu não dei em cima dela, srta. Danvers. - Disse recobrando sua postura séria. - Eu somente perguntei sobre as cirurgias plásticas que ela havia feito.

- Cirurgias plásticas? - Kara questionou, enquanto fitava a expressão do homem.

- Escute. - Pôs as duas mãos em cima da mesa, cruzando os dedos. - Há dois anos, eu ajudei em um evento beneficente aqui no hospital. - Disse a fitando nos olhos. - Eu a conheci antes dessas cirurgias. Tenho fotos, estão aqui no meu computador. Posso mostrá-las para vocês. - Disse puxando a tela do computador e começou a buscar as fotos nele. O homem tinha sua atenção completa na tela do computador.

Lena começou a andar pelo escritório observando cada canto, acompanhada pelo olhar curioso de Kara. A mulher foi até um balcão perto da janela, onde havia uma caixa de sapato número 43, nesse momento sentiu seu coração gelar com as possibilidades que passou por sua cabeça, ela olhou para trás a fim de mostrar a consultora o que havia encontrado. A loira ao perceber assentiu com a cabeça, fazendo gesto para ela voltar para o seu lado.

- Aqui! - Disse o homem virando o monitor para as duas. - Uma foto de Amy e o Dr. Mantlo tirada naquela noite. Vejam! - Ele apontou para o rosto da mulher, que na foto tinha lindos cabelos loiros e um sorriso largo, e uma pequena pinta no rosto, ela estava de braço dado com o marido, o doutor Richard Mantlo. - Agora me digam, senhoritas, vocês também não perguntariam o porquê dela ter feito tantas cirurgias? - As mulheres encaram a foto por uns instantes e depois se entreolharam, Kara se voltou mais uma vez para o Sr. Polk.

- Certo, doutor, agora eu gostaria que me falasse sobre a acusação de perseguição feita contra o senhor há dois anos. - O homem a encarou irritado.

- Convidei minha vizinha para sair. - Disse em tom seco. - Ela apenas exagerou.

Kara manteve a expressão séria em seu rosto ao ouvir o sarcasmo na resposta do homem, mas antes que pudesse questioná-lo mais uma vez, Lena tomou a dianteira e começou a falar.

- Sr. Polk, pode nos dizer onde esteve ontem a noite? - Disse com uma postura autoritária. Atraindo um olhar curioso de Kara.

- Estava em casa. - Disse o homem se ajeitando novamente na cadeira. - Sei que não é um bom álibi, mas não importa porque não fui eu. - Ele disse as últimas partes pausadamente, enquanto encarava firme os olhos de Lena.

...

O sol já havia sumido e a lua brilhava com toda a sua glória no céu. Lena estava ajeitando o seu novo quarto na casa de Kara, ela instalava seus quatro despertadores pelo quarto programando todos eles para tocar às 7 horas em ponto. Após isso ela começou a separar suas roupas pondo as sujas em uma cesta à preparando para levar a lavanderia que ficava no andar inferior. Seus pensamentos ainda estavam em tudo o que havia acontecido pela manhã, os depoimentos dos homens e tudo o que viu Kara fazer em todo aquele dia a intrigava completamente. Ela caminha pelo corredor distraída em seus pensamentos quando sentiu um líquido viscoso, que escorria do teto cair em seu ombro esquerdo, automaticamente ela pôs o cesto no chão e tocou o líquido, sentindo-o. - Mel... - Sussurrou, olhando com o cenho franzido para o teto de onde escorria o líquido. Ela deixou sua sesta ali e entrou novamente em seu quarto e vestiu um grosso caso e calçando suas botas, ela seguiu em direção ao terraço no intuito de descobrir de onde vinha o mel.

...

Kara estava sentada em um banco olhando sua colmeia de observação, ela parecia tão alheia de tudo, apenas observando as abelhas voando pela colmeia, enquanto sentia o frio gélido da noite em seu rosto. Lena se aproximou com cuidado da mulher, ela não queria assustá-la com sua presença repentina ali. A mulher ficou admirando a serenidade e a calma que Kara transmitia ali, como se nada a pudesse atingir. Passou alguns segundos até que a loira se pronunciou pela primeira vez.

- Você ficará aí parada me olhando? - Disse com os olhos ainda vidrados nas abelhas. - Seu olhar está queimando a minha nuca, Luthor.

- Vim porque tem mel escorrendo pelo teto. - Se aproximou sem graça da mulher, sentindo seu rosto queimar.

Kara puxou um banquinho e entregou para Lena, que se sentou ao lado dela.

- Não sabia que você gostava de apicultura. - Disse fitando curiosa as abelhas andando na colmeia.

- Gosto, elas são lindas, né? - Sorriu minimamente. - Estou até escrevendo um livro sobre elas, um manual prático de apicultura com várias observações sobre a segregação da rainha. - Lena a fitou por longos segundos sem entender, a mulher a fitou nos olhos e em uma risada baixa continuou. - O quê? Está tudo na minha mente, acabei de começar o capítulo 23. Quer ouvir os últimos parágrafos?

Lena a fitou boquiaberta e sacudiu a cabeça tentando focar em algo que não fosse o livro de apicultura da loira.

- Escuta... - Se ajustou no banco, indo para mais perto da loira. - Você já falou com a polícia sobre aquele cara esquisito do hospital?

- Na verdade, não.

- Como? - Disse se virando para ver o rosto da mulher. - Pensei que... -Foi interrompida por Kara.

- O Sr. Polk é um babaca, sem dúvida, mas a sua linguagem corporal indica subordinado, não dominante. - Se levantou e caminhou até o parapeito e Lena a acompanhou. - Eu não o vejo tendo coragem suficiente para tirar uma vida. - finalizou.

Lena deu um longo suspiro decepcionado e voltou sua visão para as luzes da cidade iluminando a escura e fria noite. Kara a ficou olhando por longos minutos, enquanto ela estava perdida em seus pensamentos, tentando ver o que deixará passar de tudo o que havia escutado durante os depoimentos. Ela não queria admitir, nem mesmo em seus pensamentos, o quanto havia se envolvido e o quanto havia gostado de trabalhar nesse caso com a loira. Era como se uma dose de adrenalina e color tivesse entrado em seu coração, aguçando seus sentidos, como nunca havia acontecido em sua vida.

Após cinco minutos de completo silêncio entre elas, Kara deu um suspiro pesado chamando a atenção de Lena, que ao virar o rosto para mirá-la viu seus olhos azuis, agora em tom mais escuro, a fitando.

- O que foi? - Disse arqueando uma de suas sobrancelhas.

- Nada, só estava me perguntando o porquê de você odiar tanto o seu trabalho. - Disse ajustando seus óculos no rosto.

- Eu não odeio o meu trabalho. - Disse séria para a mulher, que deu de ombros.

- Não é o que seus quatro despertadores dizem. - Disse fazendo a Luthor revirar os olhos. - Olha ninguém com quatro, eu disse quatro despertadores adora o trabalho. - Seu tom era um pouco brincalhão. - Isso só diz o quão difícil é para você levantar pela manhã. - Lena a fitou sem saber o que dizer. - Mas... - Kara continuou se aproximando um pouco mais da mulher. - Você não odeia o meu trabalho. Ficou bem óbvio quando falamos com o Sr. Polk mais cedo, eu vi o brilho nos seus olhos verdes, srta. Luthor. - Se permitiu sorrir minimamente enquanto falava. - Acredito ser o mesmo brilho que você tinha quando era cirurgiã.

- Você está errada. - Disse negando com a cabeça, tentando disfarçar o sorriso que insistia em nascer enquanto ouvia a loira falar.

- Sei que a minha mãe garantiu seus serviços pelas próximas seis semanas? - Perguntou e ela assentiu. - A verdade é que eu não preciso de você, Lena. - Disse séria. - Eu já larguei as drogas e não voltarei a usá-las, então seu trabalho aqui é praticamente infundado. Você que o meu conselho, srta. Luthor? Aproveite essas semanas, tire férias! - Se aproximou do rosto da mulher, que continuava olhando para seus olhos e sussurrou. - Prometo que não conto para a minha mãe. - Piscou e então ela saiu do terraço, caminhando de volta para dentro da casa, deixando Lena ali parada digerindo tudo o que ela havia dito.

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