Enquanto mentiras reveladas parecem revestir o caminho de Bethany até o altar, como cacos de um espelho sob seus pés nus, ela se vê diante do momento de renunciar seu direito de sangue no império desconhecido do outro lado do oceano para aceitar a c...
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-Por que me chamou de Bethany? – perguntei, tentando me apoiar nas paredes enquanto a máquina flutuava para cima – O que é isso?
-Vocês têm elevadores na Europa, não?- ela perguntou curiosamente.
-Não assim – engoli em seco.
-Vai se acostumar em breve – ela sorriu, apertando os lábios enquanto o elevador parava e ela deslizava para fora – E chamei você de Bethany por que é seu nome. Não é?
-Sua mãe... Marise... Minha... Avó... Me chamou de Gwendeline o tempo todo – falei, andando atrás dela pelos corredores que passavam o metal escuro ao dourado.
-Não precisa se esforçar, é compreensível que não seja natural chama-la de avó ainda – ela sorriu – Minha amada mãe tem interesses para os quais apenas Gwendeline serve. Eu não.
-Quais os seus interesses? – perguntei, com meu coração acelerando, enquanto ela abria uma porta e fechava rapidamente, seguindo em frente.
-Então, Napho não contou a você como eu sou oportunista e interesseira? – ela ergueu uma sobrancelha, virando-se para me encarar sem parar de se mover. – Talvez apenas vaidosa e vazia, desta vez?
-Ele disse que era a mulher mais linda de todas – dei os ombros – E que deixou você no altar.
Uma tristeza tomou o rosto dela, quase uma imagem melancólica, uma pintura.
-Sim, e que dor de cabeça foi isso – ela deu um suspiro, me guiando para um grande quarto de metal dourado e almofadas brancas e macias – Sente-se onde quiser.
Ela esperou que eu entrasse no quarto, e eu observei enquanto o vestido dourado flutuava em volta dela, a saia encolhendo mais e mais e as mangas se enrolando em torno dos pulsos, até que sobrasse uma blusa dourada sobre calças brancas e uma mulher flutuando sobre o chão.
-Como... – olhei para os pés dela, a centímetros do piso brilhante. Ela sorriu, levantando um pé e colocando no chão e depois o outro, deixando dois pequenos blocos dourados flutuando sozinhos.
-Gosto de me considerar uma patrona das ciências – ela sorriu – San Francisco é um conjunto de partes emersas e ilhas. Flutuadores foram criados como uma tentativa de possibilitar que andássemos sobre a água. Não funcionaram bem para seu propósito, mas eu descobri que funcionavam perfeitamente bem em terra e comprei a tecnologia para mim.
Pisquei. Ela parecia mais humana e real agora, pensei, sentando em um dos sofazinhos.
-Você perguntou sobre os meus interesses – ela continuou, andando pelo quarto – Em primeiro lugar, as promessas que fiz a sua mãe. Garantir que fique segura, confortável e razoavelmente feliz.
-Essas promessas... – pisquei, engolindo em seco – É por isso que meu... Pai... O rei... Cedeu a você?
-Eu tinha apenas oito anos quando sua mãe morreu – ela suspirou, virando a pulseira com os dedos – Demoraria mais do que uma manhã para explicar os acordos que foram feitos ao longo dos anos após a morte dela.