Capítulo 4- Pesadelos são reais!

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Amanheceu chovendo, Edith portava um enorme vestido negro e um véu preso ao chapéu. Sua cara de suplicando proteção era algo que ela necessitava no momento e eu a acompanhei até o funeral de seu pai. Encarei Lucille que soltou um sorriso diabólico de lado e balbuciou- "Nós conseguimos meu querido!"- e eu balancei a cabeça pensando-" Como Lucille era o diabo encarnado, não tinha dó em ver o estado de Edith?"

O caixão com o pai de Edith estava fechado e ela colocou uma flor para seu pai e agradeceu por tudo- Estou segura com Thomas papai, eu perdoo o senhor e agradeço por seu um pai maravilhoso desde sempre, vá com mamãe agora!- ela falou e logo me abraçou encostando o rosto em meio peito. O funeral acontecia e enquanto todos estavam tristes, Lucille parecia mais feliz do que nunca por conseguir o que ela tanto quer, decidi ir pela manhã com Edith para Londres, ela precisava de carinho e conforto nesse momento difícil, e quando chegasse nos em Londres eu casaria com ela no papel a tornando a senhora Sharper.

Estou um pouco indisposta Thomas, posso ir para casa?- Edith questionou tristonha enquanto estavamos saindo do funeral- Claro minha querida, quer que eu fique com você na sua casa?- questionei e logo Edith balançou a cabeça concordando com a ideia assim poderia ajudá-la com as malas.

Eu fui pra casa de Edith e depois de arrumar as malas delas eu a fiz dormir fazendo cafuné em sua cabeça até que ela adormeceu. Eu fiz um chá para mim e logo uma voz ecoou me chamando, mas não era de minha mãe e então vi um fantasma preto morto pela peste negra me encarando na ponta da escada e então questionou- O que quer de mim?- o fantasma chegou perto de mim e então soltou- Proteja Edith, o mal vai tentar tirar a sanidade e a vida dela, você é bom meu jovem, não deixe que o mal te torne como Lucille!- o fantasma saiu e reforçou as palavras "Proteja Edith".

Bebi meu chá e dormi no sofá do quarto de Edith meio que vigiando ela a noite toda, eu sonhava o tempo todo com Edith morta e sabia que Lucille tramava mortes frias e dolorosas, Pâmela foi a facada, Enola envenenada e Margareth foi jogada da escada e todas tiveram seus corpos colocados nos tanques de argila.

Na manhã seguinte fui com Edith no cartório para assinar os papéis do casamento e depois iríamos de trem até Londres- Oficialmente minha esposa!- falei beijando a mão de Edith com a pequena aliança no dedo- Agora Londres e viver uma nova vida!- ela falou sorrindo e encostou a cabeça em meu ombro no trem- Thomas, como vai ser?- ela falou curiosa.

Não sei, mas com você ao meu lado vai ser maravilhoso!- falei beijando a testa dela que sorriu suspirando- Olhei para o anel que era de Lucille em seu dedo e suspirei pesado, eu tinha que esconder todos os venenos em forma de ervas que Lucille põe no chá e evitar que ela fique sozinha com Edith, eu ia cuidar de tudo.

Horas se passaram e eu adormeci e tive um sonho estranho, era precisamente Edith ensanguentada e eu morto ao lado de Lucille e Edith aos prantos por me ver morto. Aquilo me atordoou me fazendo passar a noite toda acordado olhando para Edith, logo notei a estação de trem de Londres e acordei Edith que ainda sonolenta fez força para continuar caminhando até a carruagem que nos levaria para casa.

Ah quando chegarmos te mostrarei a casa toda, ela é antiga mas foi onde eu cresci!- falei sorrindo e logo Edith falou algo me dando esperança para mudar- Nossos filhos poderiam correr e crescer lá também!- ela sorriu e me beijou me arrancando um sorriso lateral doce e confortável, Edith era meu conforto e minha redenção- Espero que até lá estejamos morando em outro lugar, não que eu não goste da casa mas é que também tive muitas lembranças ruins lá e bem Lucille não sai por nada e quer que eu faça companhia para ela!

Quando chegamos as malas de Edith foram levadas para dentro e mostrei a casa para ela e então logo depois ouvimos a voz de Lucille que havia chego dos correios trazendo cartas sobre os investimentos da casa e da minha máquina. O desespero se estampou em minha cara e logo Edith me confortou de modo doce- Vai ficar tudo bem, eu te prometo!- concordei com ela e logo a acompanhei até a biblioteca da casa enquanto eu conversava com Lucille na minha oficina- Que cara é essa não me diga que está todo apaixonado por ela?- ela falou sério- Você me fez uma promessa se  lembra?- ela falou me ponto na parede e me encarando- Eu quero somente duas coisa de Edith, você e o dinheiro dela!

Ela soltou e eu então decidi fazer um chá para mim e Edith, eu medi o piricanto e aqueci a água para fazer o chá de Edith e assim que terminei levei o chá a ela que questionou o gosto amargo da planta que por sinal é bem ruim mesmo. Eu dei um beijo em sua testa e fui tomar banho e Edith bateu na porta me dando boa noite e eu assim que me enchuguei  beijei a testa dela e a cobri deixando quentinha- Já volto, vou tomar um água e já feito com você!- falei perto dela sentindo sua respiração por seus lábios rosados e pequenos.

Sai para tomar água e logo me deparo com Lucille esperando minha presença em seu quarto- Hoje não Lucille, estou meio indisposto e vou dormi!- falei e dei um beijo na bochecha dela que me puxou pelo braço encarando meu rosto e eu relutei- Lucille, hoje não!- sai dali e segui para meu quarto onde Edith já se encontrava dormindo, olhei para meu relógio de bolso e vi que eram meia noite e eu precisava dormir afinal estava cansado da viagem e das aparições de fantasmas  o tempo todo.

A maçaneta da porta se mexeu e o fantasma de Enola surgiu apontando para Edith e me encarando sem falar nada- O que você quer Enola?- falei tenso e baixo- O que você quer, diga vamos, diga Enola, o que você quer de mim?- ela permaneceu apontando para Edith e soltou- A libertação e salvação está ao seu lado, não a mate ou morrerá da pior forma!- o fantasma de Enola sumiu e eu fui lavar meu rosto e pensei nas palavras de Enola sobre Edith- Minha morte?- olhei para meu reflexo e entendi o recado dado, morreria por dentro por angústia e sofrimento, ou atormentado por fantasmas a ponto de me jogar de um lugar e viver preso aqui, mas não quero...se Edith é minha salvação e libertação de todo o mal, que ela me salve desse pesadelo!




Vermelho Fúcsia- A colina escarlate sob a visão de Thomas Sharper (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora