Capítulo 4 _Lys

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Ficamos parados ali abraçados,noite a dentro,pelo que parece ser muito tempo,mas não tempo o suficiente.

Eu moraria nos braços de Az.

Estava tão envolvida com tudo,que me assustei quando começou a nevar.

o universo me trouxe de volta exatamente na minha época preferida do ano,nem me toquei.

Velaris foi feita pra ser vista a noite,fato,mas ser vista a noite,no paraíso dos braços do amor da sua vida e, no início do inverno,é como morar dentro de um sonho.

-Vou soar como um idiota,aprecie,mas essa sempre foi uma das memórias que nunca me deixou em paz,nossa 1° guerra de bola de neve,você muito bruta,como sempre,mas foi feita pra ser apreciada no inverno - diz Az,beijando meu nariz pra retirar o floquinho que parou ali.

Estranho pensar que,o encantador de sombras caladão e esquisito,seja o romântico bobo da relação.

É claro que demostro mais que tudo meu amor por ele.Mas as vezes,sou pior que criança,e hoje é um desses dias.Deixo meu parceiro confuso ao me abaixar,e me recuso a acreditar que ele realmente achou que iria ganhar um boquete,seguro a risada.Pego a neve que juntou em nossos sapatos e assopro no rosto de Az.
Me engasgo de tanto rir com o susto dele.

Sabia que ele iria se vingar,então quando coloca um olhar selvagem no rosto,saio correndo,transformo minhas asas e levanto voo.

Acho que são mais lágrimas no meu olho,e achei que meu estoque já tinha se acabado.

A sensação familiar e reconfortante do vento em meu rosto,toma contade todos meus sentidos,e o motivo que tinha me levado aquela casa é o primeiro a sumir de minha mente.

Me sinto tão viva agora,que pensar na sensação gelada chega a parecer piada.

A neve caindo,e meu coração está tão quente,que o frio nem parece estar ao meu redor,brinco com os floquinhos.

Então,estou sorrindo.

Azriel aparece planando debaixo de mim,com um sorriso tão grande que fotografo na memória,para que dure pra sempre.

Meu menino,está feliz.

O processo vai ser longo,temos muito entre nós,mas Azriel está SORRINDO,como pude um dia me esquecer da sensação que isso causa em meu peito.

Parceiro,meu parceiro - momento especial demais pra se usar palavras,então digo em sua mente.

Az pega e beija minha mão,vooa ao meu lado,sem tirar os olhos de mim.

Acho que posso muito bem me acostumar a uma vida inteira assim.

Na verdade,acho que nunca seria completamente feliz sem ele.

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Me sinto pronta pra voltar,mas quero passar em um lugar antes de chegar a casa do rio.

A casa da cidade.

A rua está silenciosa atrás de nós,sempre me esqueço das horas com Az,já se deve passar de meia madrugada,quando aterrissamos no jardim frontal.

Cresci aqui.Era uma criança atrasada,mas me lembro perfeitamente de me arrebentar no chão,quando o monstro do meu pai achou que era uma boa ideia me empurrar do segundo andar para que eu aprendesse a voar na marra,eu não passava dos 3 anos.

Estranho que essa seja a primeira lembrança que me vem a mente,a deixo passar,esse é um lugar feliz e não traumático.

- É esquisito se eu disser que queria que fossemos crianças de novo?

-Minha infância não foi exatamente o que eu chamo de memorável a esse ponto - retruca Az com um sorriso de canto

o que foi que aconteceu com esse cara?
fazendo piada com trauma?
anos atrás avisei a Rhys que não era uma boa ideia a amizade dele com Cass,mas sorrio,porque sou idiota e isso esquentou meu coração.

Mecanismo de defesa ou superação,um pontadinha em meu peito,vota no segundo.

Pego a mão de meu parceiro e o puxo pra dentro,a neve está dando demais sua força para um começo de estação.

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Quente,confortável e calmo.

e com o amor da minha vida tentando acender a lareira na sala,enquando preparo chocolate quente pra ele.

até iria voltar pra minha família,mas o olhar predatório no rosto de Az dá a entender que nem vamos subir pra dormir o resto da noite.

Um sorriso vulgar puxa meus lábios,que nojo,mas não paro de pensar na sensação de como é a sensação daquele homem em mim.

-Parceria idiota,e macho estupidamente gostoso- só percebo que falei em voz alta quando Az gargalha,com um tom diferente.

Procuro um papel e escrevo um bilhete a Rhys: "Estou com Az na casa da cidade,caso acorde e eu ainda não esteja em casa"

Desaparece no ar,e recebo uma resposta quase no mesmo segundo: "Me toquei que vocês tinham saído,me deve explicações senhorita"

"tenho mais o que fazer e também não vou perguntar o que faz acordado" nesse desenho uma carinha piscando e a mostrando língua

não espero pela resposta de meu irmão,realmente tenho mais o que fazer.

Pego as xícaras e me dirigo a Az.

Pergunto a mãe se ele precisava ser esse absurdo de lindo.

As sombras dele me envolvem,de um jeito predatório.

Me sento no sofá onde ele já se escora,com os braços atrás da cabeça,me observando.

Que o caldeirão me ajude.

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