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Park Sunghoon era jovem demais para morrer. Era isso que Jungwon dizia.

– Sung, você parece tão cansado, tem dormido direito ou voltou a madrugar vendo desenhos? – Os garotos eram amigos próximos, apenas Jungwon sabia dos gostos e segredos do mais velho.

– Eu não consigo dormir. Meu corpo dói, por dentro.

– Garoto, você é burro? Vou marcar uma consulta pra você ir ver isso! – esbravejou o moreno.

Sunghoon apenas concordou, não iria negar que estava curioso para saber porque estava cuspindo pétalas de petúnias. Ele já tinha pesquisado mais só encontrou documentos científicos complicados demais para sua cabeça.

Enquanto voltava para sua sala, encontrou Sunoo no corredor. Ele estava de mãos dadas com outro garoto.

– Sunghoon! Oi! Faz tempo que não te vejo – O entusiasmo do menino fez o coração de Park doer, e ele começou a tossir.

– Olá, Sunoo. Faz tempo mesm- – E as palavras foram cortadas por pétalas que começaram a fugir de sua boca.

– Meu deus! Sunghoon, você tá bem? – O menino que segurava a mão direita de Sunoo perguntou. Park não sabia quem ele era, mas parecia ser legal e bom o suficiente para estar com sua paixão platônica.

E não conseguiu responder, as pétalas que pulavam para fora da sua garganta não deixaram.

Vendo que junto delas, sangue escorria pelos lábios rachados do garoto, Sunoo e sua companhia apressaram-se em levá-lo até a enfermaria enquanto os alunos que caminhavam em direção à suas salas olhavam assustados para a cena e as pétalas caídas no chão, com manchas vermelhas em contraste com sua paleta delicada.

O enfermeiro não sabia exatamente o que dizer aos dois garotos desesperados na batente da porta da sala de primeiros-socorros. O que Park Sunghoon tinha era raro e ainda desconhecido pela medicina.

– O que posso dizer à respeito da situação desse garoto é que ele deve procurar um hospital, o mais rápido possível. Minha suspeita é que ele tenha uma doença descoberta recentemente, mas não posso afirmar nada – disse com pesar.

O menino ao lado de Sunoo concordou e caminhou em direção à maca que o mais velho ocupava, seu olhar melancólico para o nada lhe deixava com vontade de chorar até dormir.

– Sunghoon? – perguntou, recebendo a atenção o garoto – Você não me conhece direito, mas eu sou o Riki. Sabe, o enfermeiro disse que você precisa procurar um médico – o tom de voz do menino era calmo, porém preocupado, afinal, já tinha visto outra pessoa cuspir pétalas, e infelizmente ela não aguentou por muito tempo.

Sunghoon sorriu para ele, seu olhar dizia palavras de dor. Os olhos meio caídos, cansados, como se tivesse chorando durante a madrugada inteira. Olheiras profundas rodeavam-os, entregando que ele não dormia bem a um tempo, e a clavícula assustadoramente marcada dizia "não me alimento direito". Riki não pode deixar de sentir pena, mesmo que não quisesse, porque aquele jovem a sua frente parecia cada dia mais abatido, como se continuar vivendo fosse um peso. Com um resquício de coragem, pousou uma palma na mão pálida do mais velho, e notou que era possível ver suas veias de tão branca que sua pele estava. Sunoo assistia a cena preocupado perto da porta.

A mãe de Sunghoon foi avisada e chegou desesperada ao colégio. Assim que viu o filho, não conseguiu conter a lágrima silenciosa que escorreu pela bochecha, deixando claro o quanto estava preocupada com o seu bem mais precioso, o garoto que cuidou com tanto amor. Os garotos se despediram do Park, após muita insistência argumentando que deveriam acompanha-lo até o hospital.

Sunghoon sorriu para os dois e se despediu. Foi uma das poucas vezes que Sunoo viu ele sorrir.

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