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Três tinha que ser seu número da sorte, Jeongguk pensava enquanto via Taehyung percorrer com passos confiantes o caminho que ia da porta até o balcão.

Naquela tarde ele usava uma boina sobre os cabelos, óculos de armação transparente, e sorriu tão logo avistou Jeongguk. Não era seu típico sorriso educado, que costumava ficar estampado em seus lábios por tempo suficiente para que suas interações com outras pessoas fosse leve e animada. Se o conhece de verdade, Jeongguk até diria que ele estava tentando não rir ao se lembrar do que havia acontecido no dia anterior.

Como a boa alma que era, Taehyung não se importou em ficar com o capuccino adornado por um coração ainda pior que o do dia anterior. — Quem sou eu pra recusar café grátis — ele comentou com uma piscadela na direção de Jeongguk enquanto Jaemin recuava com cuidado, a fim de evitar criar mais alguma confusão.

Taehyung fez seu pedido de praxe, sem esconder o sorriso que curvava os cantos de seus lábios como um lembrete infame, mas adoravelmente encantador.

— Suponho que seria pedir demais café grátis pelo segundo dia consecutivo, espero que não se importe se eu pagar hoje. — Não havia nada em seu tom que indicasse arrogância ou deboche, e Jeongguk não conseguia acreditar que Taehyung tinha esperanças de que ele não se importasse com o fato de que iria pagar pelo pedido.

Como se Jeongguk não dependesse do pagamento feito pelos clientes para sobreviver e levar uma vida confortável.

— Eu poderia me importar, você sabe — comentou, mas aceitou o cartão e configurou a máquina para processar o pagamento pelo valor total.

— Você não me deve nada... — Taehyung retrucou. —Eu na verdade achei bastante divertido. Aposto que ninguém mais pode falar que bebeu um capuccino com desenhos tão diferenciados.

— Eu tive uma série de desenhos inspirados em Pokémon, com certeza isso é melhor que um, como foi mesmo que você chamou? Bilau...

Jeongguk ofereceu a máquina do cartão para que Taehyung digitasse a senha, vendo-o jogar a cabeça para trás em uma risada alta que chamou a atenção das outras pessoas para eles. Quando ele se recuperou, o sorriso ainda estava lá nos cantos de seus olhos, na forma como passou a língua sobre os lábios curvados para cima.

— É uma questão de perspectiva, mas você precisa concordar que bilaus não são desenhos que possam ser oferecidos a qualquer um, e nesse sentido eu me sinto quase... Especial. — Ele coçou um ponto logo abaixo do nariz, acima da boca, e digitou a senha no teclado numérico enquanto lançava olhares discretos na direção de Jeongguk.

— Eu poderia fazer um Pokémon pra você qualquer dia desses — Jeongguk soltou as palavras sem pensar duas vezes, vendo Taehyung levantar o rosto para encará-lo sem subterfúgios, e só então ele se deu conta de como suas palavras soavam como um flerte barato. — Quer dizer, você definitivamente precisa de uma perspectiva diferente se sente quase especial com aquilo—Quem nunca desenhou um pênis na adolescência, francamente!

— Eu ficaria feliz — Taehyung respondeu com a voz saindo grave e suave, rica em sabor e aroma, mas leve, como café cremoso. — Eu acho que preciso mesmo de uma perspectiva melhor na minha vida...

— Certo! ­— Jeongguk foi rápido ao retirar o comprovante de pagamento da máquina. Ele não precisava pensar sobre aquela resposta, que soava como se Taehyung estivesse não apenas aceitando seu flerte descarado, como também correspondendo. — Certo, um instante enquanto eu preparo seu capuccino.

Daquela vez Jeongguk estava preparado para lidar com o preparo do capuccino como a missão mais importante de sua carreira como barista. Com movimentos rápidos, com seus sentidos alerta, com uma maestria de quem havia ficado até mais tarde no café na noite anterior para praticar o desenho de um maldito coração.

A pressa é inimiga do coração [ jjk + kth • taekook ]Onde histórias criam vida. Descubra agora