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Quando Taehyung aparecia em dias mais cheios, ele não se aproximava. Por um lado, era bom porque Jeongguk não se distraía e ficava menos propenso a cometer algum deslize, mas era péssimo, porque, mesmo estando por perto, ele sentia falta de Taehung. Sentia falta das conversas, sentia falta da risada.

Taehyung sempre aparecia no mesmo horário, com uma margem de erro de alguns minutos, para mais ou para menos – às vezes algumas horas. Mas nada que parecesse alarmante.

Assim, quando Taehyung apareceu em uma terça-feira antes que Jeongguk tenha tido tempo para se preparar psicologicamente para um encontro com ele, algo não estava se encaixando muito bem.

"Bom dia", ele disse, a voz um pouco estridente se comparada com seu tom de voz normal, o que Taehyung usava quando estava relaxado, conversando sobre Pokémons, sobre sua infância e sobre ursos gigantes. Suas roupas estavam um pouco amassadas, embora o cabelo estivesse estilizado com algum tipo de pomada fixadora, penteado para um dos lados. — Eu preciso de algo doce e forte, que consiga levantar até mesmo um Pé Grande — pediu, olhando um tanto quanto perdido para as letras escritas no quadro da parede. — Pra viagem, de preferência.

— Ajudaria se eu soubesse a ocasião — Jeongguk arriscou a sugestão, embora não tivesse intenção de se intrometer na vida dele. — Eu preciso saber exatamente com que eu estou lidando aqui...

— Eu não dormi nada na noite passada e preciso de um cérebro que esteja com todas as funções em ordem se eu quiser manter meu emprego... Aliás, se tiver um cérebro extra que eu possa utilizar também, seria de grande ajuda...

— Sem cérebros extras inutilizados por aqui, infelizmente... Você já comeu alguma coisa?

— Nem vou ter tempo — foi a resposta.

— Já que você não vai sentar e comer torta de morango hoje, então que tal experimentar algo novo? Eu andei pesquisando umas receitas novas pro menu, pra mudança de estação. Ainda estou testando, mas acho que vai ficar bem com uma dose a mais de expresso—Talvez duas.

— Vou ser sua cobaia então? — Taehyung perguntou em um tom divertido, que quase conseguiu fazer com que Jeongguk esquecesse os círculos escuros embaixo de seus olhos. Ajudava o fato de que a armação grossa dos óculos, em um tom de rosa claro, conseguia disfarçar o tom arroxeado sobre a pele. Mas Jeongguk acreditava estar se tornando um especialista em assuntos relacionados a Taehyung.

— Bem, sim—Jaemin ainda está vivo, então é completamente seguro — explicou antes que suas intenções fossem interpretadas de modo errado.

— Ah, assim você me deixa mal acostumado, Jeongguk-ah... — Taehyung comentou, feliz, e foi preciso morder o lábio para não deixar escapar o que se passava em sua mente, especialmente com seu nome deslizando pelos lábios dele como néctar, fazendo o sangue percorrer seus vasos sanguíneos mais rápido e esquentando seu rosto.

Se Jeongguk pudesse faria muito mais por ele, deixá-lo mal acostumado seria a maior de suas vitórias.

— Aqui, me diga o que acha — comandou ao tampar o copo de plástico e entregá-lo a ele, que observou a mistura de marrom e vermelho nova e estranha com interesse.

Por um breve momento, Jeongguk pensou que Taehyung não confiaria o suficiente em suas habilidades para provar aquela bebida desconhecida. Mas logo ele estava aproximando os lábios do canudo de papel, sorvendo a bebida e estreitando os olhos, degustando.

O gemido que escapou de sua garganta fez Jeongguk respirar fundo, esquecendo-se o motivo por que pediu para que ele provasse sua nova receita. Era tão fácil se deixar levar pelo som gutural, deixar que mexesse com seus instintos e o fizesse desejar ouvir mais daquele som – por outros motivos, em outras ocasiões.

A pressa é inimiga do coração [ jjk + kth • taekook ]Onde histórias criam vida. Descubra agora