Cavalo de Troia

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A cabeça de Harry estava como um balão, ele precisou de alguns segundos para recuperar seus sentidos. Quando os recuperou, o sentimento de urgência foi o primeiro que veio.

Inclinou o corpo para frente, mas não conseguiu fazer nada. Estava amarrado à algo. Olhou para baixo e viu cerca de três gordas grossas lhe pressionando na altura do peito. Suas mãos estavam presas às suas costas. Também havia uma mordaça em sua boca, feita às pressas, aparentemente. Não conseguiria chamar ninguém.

De imediato, ele nem tentou. Sabia que não podia gritar sem saber o que encontraria, mesmo que seus instintos gritassem o contrário.

Estava escuro ali. Harry se encontrava à poucos metros de uma parede de pedra. Não conseguia movimentar muito a cabeça, nem para os lados e nem para cima, mas ele tinha certeza do lugar onde estava: a sala Misteriosa, no meio daquelas pilhas.

-...não podemos confiar em você, garota. – Harry escutou uma voz, abafada, vindo de trás. Ele não conseguia identificar quem era. – Não depois da última vez.

- Eu fiz exatamente o que vocês pediram agora! – exclamou Sophia. A voz dela estava muito alterada; talvez estivesse chorando. – Eu consertei o maldito armário e coloquei vocês dentro de Hogwarts. Agora vão fazer o que tem de fazer, mas honrem que falaram!

O silêncio veio a seguir. O único som era a respiração ofegante de Sophia. Ela parecia esperar por uma resposta.

- Sabe que não podemos fazer isso. – a voz lamentou. – E também precisamos de você, agora.

- Não! Não! – Sophia negava, desesperada. – Isso não estava no combinado.

Harry escutou alguns sinais de confronto, gritos desesperados de Sophia, mas que logo foram cessando. Ele se perguntava se alguém lá fora era capaz de escutar aquilo. Ele julgava que não, porque não era nem um pouco baixo.

- Vamos atrás daquele garoto, agora. – anunciou a voz, após algum tempo de silêncio. Sophia gritou, abafada; Harry achou que estivesse amordaçada também. – Vamos torcer para que essa garota não tenha armado mais nenhuma surpresa, e aí, podemos conversar.

- Não tem medo de encontrar seu irmão? – uma outra pessoa entrou no imaginário de Harry. Era uma voz feminina, ele achava. – Essa é a escola dele.

- Só vamos pegar o garoto. – o homem ponderou. – Nada mais. Ele irá ceder fácil. Temos os argumentos para que ele ceda.

- Ele é poderoso. – contra-argumentou a mulher. – Você sabe o que isso pode virar.

- Você está nessa ou não? – o homem perguntou, parecendo farto. – Que vire o que tenha que virar. Sua devoção à nova aurora tem de ser maior que tudo. Vamos fazer o que temos de fazer.

A mulher não respondeu, mas o homem se deu por satisfeito, aparentemente.

Harry engoliu em seco... estariam vindo para ele? Ele estava amarrado, não tinha como fazer nada.

Sophia novamente, gritou desesperada.

- Cale a sua boca, garota! – a mulher berrou, impaciente.

- Olhe aqui, Sophia. – Harry escutou mais um gritinho abafado, enquanto o homem retornava a falar, extremamente zangado. – Você não tem escolha. Se você sair mais uma vez da linha, considere todos que você conhece como mortos. Nos ajude agora e melhore sua situação, ou... você sabe bem.

Sophia gemeu, mas não gritou.

- Vamos logo. – pediu o homem. Harry fechou os olhos, sem saber o que fazer.

Porém, ele escutou uma porta se fechando. Haviam lhe deixado na sala, sem fazer nada.

O que estava acontecendo? ­Harry não havia pegado.

Ampulheta QuebradaOnde histórias criam vida. Descubra agora