Ampulheta Quebrada

Família

Harry sempre ansiou por esse momento, mesmo que lhe fosse inalcançável durante toda sua vida. Sempre imaginou o que iria falar se tivesse aquela oportunidade única, de ver, sentir e de poder falar, cara a cara, rosto a rosto, olho a olho com seus pais. Desde aquele momento tão doloroso no espelho de Ojesed... Harry era um vidro rachado, vide sua cicatriz, e aquele abraço fecharia seu vazio anterior. Assim ele sempre acreditou.

Todavia, não foi assim que as coisas se deram. Havia algo de estranho, algo de errado. Aquela imagem ainda ecoava em sua cabeça... aquele lugar, aquela visão. Logo ao entrar em contato com seu pai. Que lugar era aquele? Onde? Porquê tinha aparecido em sua mente? Porquê ele tinha desmaiado. Era mais uma das coisas que Harry não sabia explicar, sabe? Mais uma das inúmeras coisas.

Hermione e ele passaram por inúmeros exames logo após a chegada de Lily e James, principalmente Harry, que havia desmaiado. Aparentemente, os verdadeiro Harry e Hermione dali estavam desaparecidos. Não era uma coincidência. Não podia ser. Tinha que ter uma ligação e explicação bem dada para tudo aquilo.

Ele simplesmente não conseguia se sentir certo daquela forma. Ele podia olhar para seu pai, sua face e semelhança, engraçado, brincalhão... para sua mãe, com aquele olhar impactante, o sorriso fraternal e caloroso... podia olhar para sempre, podia abraça-los com toda a força, podia partilhar momentos inesquecíveis...

Não, ele não podia fazer isso. Aquilo não lhe pertencia. Ele sabia que não.

E também, Harry conseguia presumia o que Hermione sentia e não parecia legal. Afinal, como seria? Ela literalmente tinha perdido tudo da noite para o dia, jogada, arremessada naquele mundo, sem seus pais, sem amigos, sem nada... ela só tinha ao Harry. Obviamente ela não falaria isso para ele, mas era a verdade. Então, Harry ficaria feliz em poder ver os pais? Ele não podia fazer isso com Hermione. A garota fez tanto por ele naqueles dois últimos anos e ainda estava disposta a ajudar ao salvar o padrinho Sirius. Essa felicidade Harry não poderia permitir no momento.

Entretanto, ali estavam eles, em Godric's Hollow, a casa dos Potter.

- Chegamos – James anunciou, quando eles estavam de frente para uma casa.

Foi uma sensação estranha imediata, meio que um déjà vu, que confirmava que aquela era a casa. Harry sentia que ele já havia estado lá, o que era estranho, pois isso nunca tinha acontecido.

A casa era bem comum. Aparentava ter dois andares, mas esbanjava uma aura normal e incrivelmente acolhedora.

James abriu a portinhola que ligava o quintal com a entrada da casa e abriu passagem para eles.

- Entrem, vou fazer o melhor jantar de todos hoje à noite – Lily disse, dando uma piscadela para trás e abrindo a porta da casa.

Harry jurou que sua cicatriz ia arder em algum momento, mas não aconteceu. Aliás, não tinha acontecido desde que tinha aterrissado ali. Não da forma que ele conhecia. Ele tinha que saber mais sobre esse mundo. Voldemort, onde ele estava? Existia, para começo de conversa? Sirius estava por ali? Se James estava...

O interior da casa era simples, mas tinha um ar de realmente ser um lar; Harry não estava acostumado com isso na caótica convivência com os Dursley.

O andar de baixo era pequeno, Harry podia ver a sala a sua direita, com sofás ao entorno de uma mesinha de vidro decorada, a cozinha ao lado esquerdo, pequena, mas bastante apertada de coisas e móveis, um pouco semelhante à da Toca (devia ser um padrão para os cozinha bruxas) e uma escada que dava o acesso ao andar de cima. A mesa da cozinha, obviamente era muito menor que a da Toca e era parecida com alguma trouxa comum. Na verdade, a casa tinha um ar trouxa no geral, propriamente dito. Era de se esperar, Lily ainda era irmã de Petúnia. Alguma semelhança elas carregavam.