seis: lar.

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sempre pensei que, quando um autor escreve o último capítulo, talvez o doa, o faça chorar, mas acaba se tornando especial. acho que falhei. me dói, porque apesar de curtinha e sem muito enredo, treacherous esteve na minha vida durante alguns meses e me libertou de um bloqueio criativo terrível. esse capítulo talvez não tenha tanto significado para quem o lê, não foi o meu favorito, mas encerrou um processo que eu consegui findar.

acho que não falhei tanto assim.

•••

"when I found you, my heart found a home."

— Você tem certeza que tem que estar presente?

A voz de Kiara o fez sair da frente do espelho, a fitando completamente.

Ele sorriu, aproximando-de dela, envolvendo sua cintura com os braços e lhe dando um beijo casto nos lábios.

— Claro, Kie. Ali diz que o Sargento Maybank deve comparecer onde geralmente acontecem as festas de solstício. — JJ beijou seu pescoço, fazendo uma trilha até seu ombro.

— Que pena. Que Deus me perdoe, mas você nessa farda fica gostoso demais. — Segredou, mordendo o lóbulo de sua orelha. JJ riu, afetado, apertando ainda mais sua cintura. Kie não usava nada além de uma de suas camisetas que ficavam na casa dela e lingerie, mas JJ sentia vontade de tirá-las sempre que a via.

Eles estavam naquela fase do relacionamento em que tudo era motivo para beijos e sexo quente. Ou talvez, quem agia era o sentimento reprimido durante todos aqueles anos. De qualquer forma, Maybank estava seriamente pensando em deixar aquela merda para depois e tomá-la para si.

Se não fosse seu celular tocando na mesinha de centro, ele realmente teria o feito.

john b: estamos indo

john b: Lucca e May estão ansiosos para vê-los

jj: eu sei que você quer que a gente cuide dos seus filhos por uma noite de vocês dois, meu grande amigo

john b: colocar o sono em dia, jj. quando você e kiara tiverem os seus, vão entender.

john b: de qualquer forma, esperamos vocês lá.

JJ apenas visualizou, sentando-se no sofá de Kiara, esperando por ela.

Havia se passado cinco meses desde que Maybank declarou-se para a Carrera, e desde então, viviam como numa lua de mel, só que sem a parte do casamento e "até que a morte nos separe". Eles não se rotulavam, apenas disseram aos amigos que estavam tentando algo e desde então ignoravam qualquer coisa que definisse o que tinham. Talvez por medo de encararem a realidade.

Levantou os olhos, vendo a mais nova foto na estante de Kie. Ele e Kiara segurando os afilhados, Lucca e May, no dia em que nasceram. Seus sorrisos tímidos e maravilhados com os novos bebês. Eram fofos e tinham bochechas grandinhas, como as de Sarah. "Quando você e Kiara tiverem os seus, vão entender". JJ sorriu.

Imaginar um futuro ao lado dela não era ruim.

— Minha sorte é que já estava quase pronta. — Kie surgiu do quarto, usando um vestido em um tom pastel de azul, de mangas curtas e uma fenda na perna esquerda, discreta entre o tecido da peça. — O que foi?

— Você. — Deu de ombros, levantando-se. — John B pediu para ficarmos com os fedelhos hoje.

— Okay. Podemos dividir uma garrafa de vinho enquanto eles dormem, o que acha? — Organizou seus pertences em uma bolsa pequena, parando durante o ato para encará-lo, irritada. — E não os chame de fedelhos!

Treacherous | jiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora