6. Rauður

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P.O.V. Raven

Eu esperei pelo momento em que Arv iria dizer: "Fuja, Raven!" mas mesmo que ele tivesse dito, não havia para onde correr. O dragão que eu libertei agora estava longe, e o navio, no meio do oceano.

Os Filhos de Jadis estenderam a prancha, e eu fui obrigado à andar para trás. Ou era a prancha, ou a lâmina de Arv. Eu franzi as sobrancelhas em confusão. Teria sido eu, traído mais uma vez?

— Arv, tem certeza? — Soren questionou, tentando reprimir o nervosismo em seu tom.

— Meu navio, minhas regras, Soren. Não conteste.

Soren se calou em respeito ao mais velho. Arv caminhou apontando sua espada para mim, enquanto eu dava passos para trás. Meu pé afundou no vazio rapidamente antes de eu voltar a me equilibrar na prancha.

Ao olhar para baixo, vi as ondas turbulentas.

Eu sempre sonhei em viajar pelo mar, eu realmente o admirava, queria passar por ele e conhecer todas as ilhas do mundo. Que ironia seria se eu morresse neste. Será que eu voltaria como n'O Manancial do Caos? Eu renasceria como uma entidade aquática, ou aquela parte do livro também era mentira?

Haviam tantos pensamentos na minha cabeça que eu mal conseguia acompanhar.

A lâmina encostou no meu queixo e eu soube que aquela era a minha hora.

Que modo mais terrível de se morrer, eu pensei. Nada honroso. Eu entraria em Valhalla mesmo após de uma morte nada digna?

"Boa sorte, Raven." Arv gesticulou.

Com um movimento de mão, eu fui jogado para trás em uma névoa verde, e eventualmente, afundei.

A água salgada me envolveu. Vi o navio ir embora em uma velocidade surreal. Comecei a me sentir pesado, como se meus pulmões estivessem sendo apertados para que eu soltasse o ar e fizesse parte do oceano.

A escuridão é uma das poucas coisas que eu me lembro. Lembro de ser puxado para cima após segundos de desespero. Lembro do mar enchendo os meus pulmões.

Tudo, até mesmo minha mente, havia ficado em silêncio. Eu pensei que eu tinha morrido, até que finalmente consegui abrir os olhos.

Eu ofeguei, ainda sentindo a sensação de estar afundando, mas não havia água para ser expelida. Talvez eu tivesse acordado antes para fazer isso, ainda que sem consciência.

Olhei para os lados. Eu estava em uma praia, deitado num pano grande. Minhas roupas estavam menos ensopadas, mas geladas já que agora estava de noite. Do meu lado direito havia um embrulho de couro, e a esquerda havia um barco de madeira atracado à poucos passos de mim.

Aquela obviamente não era Drekahreiður, a ilha das Lutas de Dragões.

Dei um espasmo de susto quando senti uma mão me empurrando para me deitar outra vez.

Uma criança estava atrás de mim, de joelhos sobre seu vestidinho rosa. Oito anos, no máximo. Sua pele era bastante marcada pelo sol; o seu cabelo era loiro e cacheado. Já os seus olhos...

Primeiro eu pensei que estivesse delirando, mas então eu notei que aquilo era completamente real. Sua íris e pupila eram brancas.

Cega, pensei.

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⏰ Última atualização: May 19 ⏰

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