Capítulo XXXVIII - Irresponsavél

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Por mais que eu goste dele, acho que ainda é cedo demais para isso.
– Eu não sei Fabian. Eu também te amo, mas preciso pensar no assunto.
Ele respirou fundo e parecia decepcionado.
– Tudo bem, 'mor. Tens esse direito.
Eu sorri sem mostrar os dentes e ele deu-me um beijo na testa.
Eu preciso de descansar. Depois disto eu não sei como não estou desmaiada no meio chão. Muita emoção para um só dia.
Deixei o Fabian na sala e subi, para o que agora era o nosso quarto. Deitei-me e logo de seguida caí no sono.

Narração de Fabian:
Merda, ela não aceitou. Será que eu sou assim tão idiota para ela não querer casar comigo. Só tenho vontade de partir alguma coisa. Respirei fundo e tentei-me acalmar. Não, ela só precisa de pensar... Isto não quer dizer “NÃO” ou quer? Espero que não. Eu amo a Crystall, como nunca amei ninguém na minha vida e preciso de ter a certeza de que ela é minha, de verdade. Eu preciso de um papel que diga que ela é pura e simplesmente minha e de mais ninguém. 
Peguei nas chaves do meu carro e saí. Eu precisava de um cocktail, bem gelado... por que estar apaixonado por uma mulher não é nada fácil. Ainda mais quando se trata de um gajo que sempre quis todas e sempre teve todas. Eu não estou acostumado a esta coisa do amor... Bem, eu gostava de estar, mas não estou.
Entrei no carro e comecei a conduzir. Dirigi até um bar, onde ía sempre quando precisava de arejar as ideias. Eu sei que não deveria beber, e também sei que devia estar a cuidar da Crystal, mas eu preciso de uma boa bebida. Entrei no bar e pedi um wískey duplo. O barman entrgou-mo logo e eu fiquei sentado ao balcão enquanto bebia.
Depois de uns cincos copos de wiskey e dois de vodka, eu estava um pouco alterado. Uma loira aproximou-se de mim e começamos a conversar.
– Dás-me o teu numero? – perguntou.
Eu ignorei a pergunta e disse, que tinha pedido a minha namorada em casamento e que ela tinha pedido um tempo para pensar, e questionei-lhe se isso era bom ou mau. Ela respondeu:
– Eu não sei, mas se quiseres eu posso fazer com que a esqueças.
– Escuta, eu não entendo, tudo o que ela queria era ouvir um “eu amo-te” e quando ouviu ficou toda estranha, és mulher, não és? Sabes me dizer porque é que ela disse aquilo? Sim, porque vocês são tão complicadas? – eu disse, bebendo um shot de vodka logo a seguir.
– Tu estás super bêbado, porque é que não vamos para casa? – perguntou ela sem paciência.
– Ela é tão doce e adorável, mas esmagou-me o coração quando... Quando disse que não sabia a resposta... Como alguém não sabe a resposta para um... maldito pedido de casamento? – perguntei e a rapariga revirou os olhos. 
– Olha, eu não estou aqui para ouvir as tuas dores de cotovelo ou problemas matrimoniais, eu estou aqui para me divertir. Então, vai-te catar e a essa tal mulherzinha de quem tu tanto falas e deixa-me.
Eu soltei um riso devido ao que ela tinha acabado de me dizer e ela saiu completamente chateada. Eu preciso de voltar para a casa. Saí do bar a cambalear e entrei no meu carro. Respirei fundo e fechei os olhos.
– Só podem estar a gozar. – eu disse ao sentir a minha cabeça a doer.

Peguei no telemóvel e escrevi uma mensagem para a Crystal: "Eu amo-te... Mesmo que não aceites casar comigo.".
O meu telemóvel começou a vibrar na minha mão e o nome "Crystal" apareceu no visor.
– Fabian? Onde estás? – perguntou quando eu atendi.
– Eu estou no carro.
– Fabian, estás bêbado?
– Talvez esteja. – eu disse enquanto bazofiava.
– Não fales assim comigo? Tu estás bêbado e a conduzir! O Meu Deus, chama a porcaria de um táxi e volta para a casa agora.
– Estás tão mandona... adoro quando és mandona.- eu disse num tom de gozo.
– Fabian, vem já para a casa antes fiques a dormir na rua! – gritou e desligou. 
Fiquei a ouvir o sinal de chamada cortada durante algum tempo e depois, procurei o número do taxista. Disse-lhe onde estava e ele disse que já estava a chegar. 
Saí do carro assim que o táxi apareceu, disse-lhe para onde queria ir e entrei no carro.
Eu acho que adormeci pelo caminho, pois só me lembro de ter pago ao taxista e entrado em casa.

Narração de Crystal:
O que estava a sentir naquele momento? Era vontade de lhe dar um estalo naquela cara. O desgraçado deixa-me sozinha em casa, grávida e prestes a ter um filho para ir beber? Eu não estava a acreditar. 
Ele entrou pela porta e encarei-o com os olhos semicerrados.
– Oi amor. –disse ele com a voz arrastada. – Como está a nossa filhinha?
Eu olhei para ele com um ar sério e ele sorriu descaradamente.
– Tu és louco? Ou és um idiota retardado? Sim, porque nessa tua cabeça não existe massa cinzenta pois não?! – gritei.
Contive-me e sentei-me no sofá, a minha vontade era bater-lhe, mas eu preciso de ficar calma. Eu não posso perder a minha filha.
– Tem calma, Crys, o stress não te faz bem, muito menos á menina.
Eu pisquei os olhos uma dezena de vezes e respirei fundo.
– Fabian... eu amo-te, mas, por favor, sobe e vai tomar um banho gelado. Quando estiveres sóbrio conversamos.
Ele assentiu e subiu as escadas quase a rastejar. Sentei-me no sofá da sala e respirei fundo. Eu estava com uma enorme dor de costas e de cabeça. Eu preciso de uma massagem, urgentemente!
Depois de um tempo sentada, levantei-me do sofá e subi para o futuro quarto da Sheryl, e deitei-me sobre a cama. Fabian ainda estava no banho e eu estava a perguntar-me se ele bebeu, porque eu não respondi ao seu pedido. Ele precisa de esperar por mim e de me entender se ele quiser ser meu marido.
Ele saiu do banho com a toalha enrolada á cintura e sentou-se na cama.
– Desculpa. – disse ele entre um suspiro.
– Por amor de Deus Fabs, o que é que aconteceu?– implorei.
– Eu fiquei passado, fiquei muito passado, por não teres respondido o que eu queria ouvir. E eu prometi a mim mesmo que seria apenas um copo, mas perdi o controlo. Crystal, tudo o que eu quero ouvir de ti é um “Sim, eu caso contigo.”.

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