Procurando a Paz na Chuva

Lágrimas na Chuva

Olá pessoal, tudo bem? Muito tempo sem postar nada por aqui por motivos de final de faculdade, mas tenho alguns projetos para realizar. Esta vai ser uma fanfic mais curtinha, mas espero que gostem.

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Nenhum dos cultivadores do Recesso das Nuvens entendia o estranho hábito de Hanguang-jun, em todos os dias chuvosos, dá mais tenra á mais forte tempestade, ele saia, sem sequer levar sua sombrinha, e caminhava até o portão da seita. Ali ele ficava por horas a fio, não se importando com o quão molhado suas vestes estavam ou o quão curioso seu comportamento era. E mesmo que gerasse uma grande curiosidade entre discípulos e anciãos, ninguém ousava lhe perguntar o propósito, como se colocasse uma barreira de gelo a quaisquer questionamentos mesmo que inconscientemente.

Lan Sizhui, mesmo que fosse bem tratado por Hanguang-jun, não era uma exceção em se tratando de falta de coragem em descobrir aquele misterioso e estranho hábito. Talvez nem tanto pelos boatos em si, mas pela preocupação para com aquele que sempre lhe fora bondoso como um pai, ainda que afastasse os discípulos com seu temperamento rígido e silencioso.

Em um dia chuvoso, com gotas fortes o bastante para fazerem a vegetação dançar ao simples toque, Lan Sizhui, que se protegia da chuva com sua sombrinha ao sair de uma de suas lições, percebeu Hanguang-jun andando pela chuva com as vestes já molhadas e nenhuma proteção. O que certamente o deixou preocupado, pois, apesar de ser algo comentado e visto por alguns, era a primeira vez que via uma imagem tão desolada. Então, seja por preocupação ou curiosidade, ele o seguiu de longe para que não fosse pego fazendo algo suspeito o bastante para lhe render uma punição.

"Por sorte Hanguang-jun parece ainda não ter me notado" pensou.

A cada árvore que se escondia ele soltava um suspiro de alívio por não ser descoberto, mas ao mesmo tempo era estranho, já que Hanguang-jun era um dos melhores cultivadores e ele era apenas um discípulo. Assim acabou por jogar a responsabilidade em cima da chuva, agradecendo-a silenciosamente por encobrir sua presença.

Ao se esgueirar para a próxima vegetação e respirar por não ter sido pego a cada vez que se aproximava, uma mão tocou suavemente seu ombro fazendo seu corpo se virar rapidamente e abafar um grito preso em sua garganta. Logo após se voltar para trás percebeu que se tratava de Lan Xichen, este olhava para Sizhui com seu semblante gentil de sempre, mas que agora se diferenciava pelo toque pesaroso em seus olhos ao perceber que seu irmão estava novamente parado em baixo do portão.

-Creio que Wangji não irá se alarmar com um grito ou outro, mas por hora fiquemos em silêncio. Xichen levou seu dedo indicador a tocar em seus lábios, um sinal de silêncio. Sua voz era tão pacífica e suave que o desespero de Lan Sizhui foi acalmado.

-Peço desculpas pelo meu comportamento. Sizhui ficou amuado, como se tivessem lhe pego fazendo algo que sabia ser errado.

-Eu apenas fiquei preocupado e curioso, então o segui até aqui. Mas ele não percebeu.

Lan Xichen fechou levemente os olhos e suspirou.

-Bom, ele está imerso em seus próprios pensamentos, mesmo que fizesse um alarde ele poderia facilmente não notar ou apenas ignorar.

-Perdido em pensamentos? Sizhui ficou espantado, aquele Hanguang-jun que sempre foi tão forte e de pensamentos sólidos podia realmente ficar desse jeito.

Xichen o olhou compreensivamente.

-É normal que interpretem Wangji desse modo.

"Seu exterior é tão sério e calmo que seu interior tempestuoso acaba passando despercebido por todos" Xichen pensou consigo mesmo, raras eram as pessoas que não se amedrontavam com seu temperamento. Na verdade, ele conhecia apenas uma que conseguia tirar toda aquela calma externa apenas com algumas provocações. Naquela época fora divertido ver seu irmão, tão distante do mundo, ser obrigado pela própria pessoa a recebê-lo, gostasse ou não.