O inicio do fim ou seria inicio do começo?

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5 meses depois...

Eleezer.

O que falar sobre o homem de incríveis olhos verdes e cabelos encaracolados?

Bem, nossa convivência é tranquila. Eu e ele não somos  melhores amigos, mas também não somos inimigos. Afinal, amamaos a mesma mulher... ou melhor, meses depois do fático dia que descobri que minha mente segregadora apagou um ano de minha vida, eu já podia dizer que amávamos "as" mesmas mulheres. Luci e Maitê.

Quando Maitê nasceu — pra mim— me peguei boba, foi um sentimento tão grande e arrebatador que por um momento achei está seriamente doente, uma doença que não tem cura. Doente de amor. Meu coração se tornava pequenino  e eu sempre, sempre enchia meus olhos de lágrimas quando a pegava no colo. Era algo que eu não sabia explicar e definitivamente ainda não sei, é um amor sem igual. Que nunca senti na vida. 

Arrisco a dizer que amo mais aquele pequeno ser que conheci a poucos dias do que minha irmã que convivi a vida toda.

As pessoas nas ruas quando me viam com ela, achavam que eu era a mãe porque tamanho era o meu cuidado com a pequena. Odiava ter que dividi-la com alguém que não fosse seus próprios pais. Não entendam mal, em nenhum momento me senti mãe ou quis roubar o lugar da minha irmã. Era apenas muito amor e cuidado, cuidado de uma titia coruja.

Minha irmã se mostrou uma mãe e tanto, o que foi uma grande surpresa já que desde bem jovem ela foi muita imatura. Mas essa Luci que conheci após minha amnesia é uma mulher bem diferente da que eu me lembrava, é verdade que ela de vez em quando dá uma escorregada na antiga Luci; mas posso dizer com toda a certeza que a maternidade afinal tem seus milagres. O que muito me agrada e orgulha. 

Já o Eleezer deixa muito a desejar como pai, porque meu conceito de pai ideal é aquele que passa os perrengues da gravidez com a mãe e as noites de insônia após o nascimento, as trocas de fraldas e até mesmo o lavar das roupinhas. Infelizmente, não lembro se ele esteve presente na gravidez, no entanto nos outros ele foi falho, mas para compensar  é muito carinhoso com a filha.

Compensar. Essa parece ser a palavrinha que rege a humanidade, estamos sempre tentando compensar algo.

As pessoas parecem viverem tentando compensar aquelas ações que não tiveram responsabilidade e ousadia para assumir na hora.

Tempos atuais.

— Mana, já estou saindo. — olho para Lucineide em sua micro saia preta com top vermelho parada na porta a espera de  uma resposta. A resposta. As primeiras vezes que desejava palavras de vida sobre ela, ela achou brega e deu risada porque mesmo eu insistindo em dizer que não sou crente, continuo falando mesmo assim. Por que a risada? Porque uma semana após minha nova vida, ela me comunicou que antes eu tinha me tornado o que mais temia: evangélica.

Ver se pode? eu, crente? Deus me livre de fazer parte dessa raça de víboras. Gosto de ler a bíblia, ouvir alguns hinos, mas não me considero mais uma desses fanáticos.

— Já amamentou, Maitê? — desvio o olhar para meu relógio de pulso . 20:30 PM. Levanto do velho sofá e me aproximo da loira falsa de grandes olhos castanhos claros.

— Sim, acho que já esta no tempo de tirarmos a mamadeira dela. — comenta e como sempre fico feliz ao ela me incluir nas decisões que envolve minha sobrinha. 

— Acho que ela ainda é muito novinha para isso. — Luci abre a boca em objeção, mas  desvia o olhar para a porta ao ouvir Eleézer gritando seu nome.

— Que o Senhor te proteja minha irmã, a vocês dois. — lhe abraço e beijo o lindo rosto rebocado.

Observo minha irmã mais velha sair pela porta e meus olhos pinicam. Naquele momento eu não deixei o choro sair, até porque não tinha motivos. Mas na madrugada ao receber um telefonema foi impossível segurar as lágrimas.

"Por que tu estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e o meu Deus." Salmos 42:11

Por você, MaitêOnde histórias criam vida. Descubra agora