Capítulo 3: Adaptação

110 34 258
                                    

  Passados mais ou menos um mês e meio, tínhamos que nos adaptar, estávamos quase sem esperanças de um dia poder voltar para a civilização, nisso encontramos uma pequena caverna onde nós nos estabelecemos, ficar vagando sem rumo por aquela floresta não daria resultado algum. No céu não transitavam aviões, helicópteros, só pássaros voavam naquele céu e mais nada, eu ficava olhando a todo momento para cima, para ver se alguma aeronave passava, tinha quase certeza que não estava no planeta terra, eu pensava muito sobre o propósito de estarmos naquele lugar.

   Comecei a ensinar o garoto a caçar, acender fogueira, tudo que eu sabia, não era muito, mas o suficiente para sobreviver naquela floresta. Eu tinha que deixar ele preparado, caso acontecesse algo comigo, então passei todo meu conhecimento. Peterson era um menino inteligente, aprendia as coisas rápido, quase não chorava mais, e não tinha tanto medo como quando o encontrei. Em certo dia, eu e ele estávamos caçando nosso almoço, quando encontrei algo inusitado, me aproximei com muita cautela e disse para o garoto não chegar perto, até que eu descobrisse o que era. Cheguei mais perto, mas não muito, não arriscaria me aproximar demais. O objeto era como uma caixa, de um material que eu desconhecia. Dessa caixa foi projetado algo como um holograma, com as seguintes palavras; PEÇAM SEIS COISAS DAS QUAIS PRECISAM.

   No momento fiquei paralisado, um grande temor me dominou, e logo depois a raiva veio. Peterson ao longe me perguntava algo, mas eu não conseguia prestar atenção no que ele estava falando, a raiva de tudo isso que estava acontecendo, só aumentava, olhei para aquela caixa e comecei a gritar para ela, tudo que eu queria saber.

—Somos algum tipo de piada? Quem são vocês? Por que estão fazendo isso conosco? Qual o propósito? Estão rindo de nós aí não estão? onde quer que estejam? O que eu preciso? Preciso sair desse lugar!!!

   Enquanto eu ainda falava, gritava na verdade, olhei para o garoto, ele estava assustado por me ver gritando e rindo feito um louco. Olhar para ele me fez pensar que, mesmo com tanta raiva que sentia, não adiantava nada ficar gritando para uma caixa, e nós estávamos precisando de coisas, então me acalmei para pensar no que pedir. Eu não podia desperdiçar os pedidos, fiquei um tempo pensando bastante, tinha certas coisas que em uma floresta normal, seria de grande ajuda para sair dela, mas não nos encontrávamos em uma normal, não cometeria o erro de pedir algo que não teria utilidade naquele lugar estranho e bizarro. Me aproximei da caixa e comecei a falar os pedidos.

—Isso tudo é uma piada! Mas vamos lá. Queremos um bom machado, uma boa faca grande, cobertor, uma lanterna que recarregue a luz solar, 100 metros de corda e por último um jogo de cartas—Pedir essas coisas preocupado se foram boas escolhas.

   Assim que terminei de falar, aquela caixa de material desconhecido, se desintegrou em milhões de partículas, do mesmo jeito que o animal se desfez quando estourei a cabeça dele, fiquei imaginando como essas coisas chegavam. Por dias aguardei os pedidos, achando que estavam só zombando da nossa cara, mas em uma manhã me levantei e levei um susto, as coisas que pedimos estavam na entrada da nossa pequena caverna, e ao lado outra caixa que projetava palavras.

   Assim que me aproximei palavras surgiram da caixa; ESTÃO DANDO BONS RESULTADOS, PROJETO 091.

   Fui dominado por um temor que nunca senti em toda minha vida, eu não conseguia acreditar no que eu estava lendo, fiquei ali parado, pensando o significava aquilo, que estávamos sendo testados, avaliados para algum propósito. Depois de ler aquelas palavras, eu perdi quase toda esperança que ainda me restava, passei dias abatido, desanimado para tudo, até para pensar. Não demorou muito e meu ânimo foi voltando aos poucos, junto com a esperança de um dia sair daquela floresta. Parei de contar os dias depois de um tempo, tinha que me preocupar com coisas mais importantes. Eu e o garoto construímos um pequeno lugar para habilitar, rodeado de troncos de árvores para nos protegermos de qualquer coisa que aparecesse. Dentro desse cercado, fizemos uma pequena casinha, também de tronco de árvore, que deu muito trabalho para ser construída, mas conseguimos.
 
  Ficamos muito felizes quando terminamos, esses momentos de felicidade eram poucos, foi prazeroso demais ver Peterson sorrindo, ver ele com um sorriso no rosto, coisa rara de acontecer. Comemoramos bastante, foi uma noite alegre , a mais alegre que tivemos, desde o dia que chegamos naquela floresta.

PROJETO 091 ( Finalizada E Revisada )Onde histórias criam vida. Descubra agora