— Nós conversamos bastante, praticamente o tempo todo, nunca cansamos. É meio louco, eu sei, até criamos nossa própria linguagem. É como... como comida chinesa!
Taehyung parou perto do meio fio esperando alguns carros passarem. Havia marcado o almoço no restaurante local com Jimin, como foi dito antes.
Nesse meio tempo em que foi buscá-lo na casa do lago, o loiro não parava de falar. Era impressionante como mal respirava entre as falas.
— Comida chinesa?
— Sim! Digamos que às quintas você já esteja cansado da rotina de acordar mais cedo, fazer comida e guardar tudo na geladeira, se quiser ter uma janta descente ao voltar pra casa. Nesse dia você está lá, sem forças para esquentar a marmita, mas sem vontade alguma de pegar o telefone e pedir comida gordurosa de fast food. E então alguém chega... Um anjo com uma sacola enorme assim... — Jimin abriu os braços mostrando o tamanho do saco. — Cheio de comida chinesa! — riu. — Pois é, Jungkook às vezes faz isso. E eu nem preciso dizer nada. É como se ele lesse minha mente... Por isso que sou apaixonado por ele, porque ele me ganha nesses pequenos detalhes.
— Impressionante.
— Pois é... comida chinesa! — deu risada, seguindo o acastanhado ao atravessar a rua.
[...]
— Oh, sim. Ele é maravilhoso!
As bochechas do loiro já doíam de tanto sorrir. Com certeza, lá na capital, as orelhas de Jungkook deveriam estar pegando fogo de tanto que seu nome foi invocado.
— Então... — Taehyung limpou o canto da boca com o guardanapo de um jeito elegante. O ex de Jungkook mantinha os cotovelos rente ao corpo, longe da mesa, seguindo a etiqueta. Ele também mastigava devagar e fazia pequenos comentários quando não estava de boca cheia. — Iria me dizer como se conheceram.
— Ah, certo! — Jimin deu uma boa golada do vinho e lambeu os lábios. Não era difícil criar histórias em sua cabecinha fantasiosa. — Eu estava atravessando a rua e um idiota ultrapassou o sinal vermelho, me pegando em cheio. Era um ciclista, mas ele veio com tudo e eu voei pela pista! Mas, para sorte dele e azar o meu, não tinham câmeras de segurança, nem conseguiram impedir que o atropelador de fugir. A polícia também nunca o pegou, porque foi tudo tão rápido... Nem lembrei de nada que pudesse identificar o cara.
— Que absurdo. — disse horrorizado. — Mas você se machucou muito?
— Bom... Meu nariz amassou, quebrei meus malares e a parte frontal da mandíbula. Também torci o tornozelo e meu pé teve que ser imobilizado. Passei muito tempo andando de moleta. — Taehyung prendeu a respiração imaginando a dor dilacerante do loiro enquanto a pessoa que o atropelou, fugia sem prestar socorro. — Obviamente desmaiei na hora. Quando acordei no hospital, eu já tinha sido operado e meu rosto estava todo enfaixado. Eu parecia uma múmia. Só dava para ver uma parte dos meus lábios e o branco dos olhos.
— Nossa... Eu sinto muito.
— Não, tudo bem. Foi o destino. — deu de ombros.— O caso é que, no quarto de hospital tinha uma arquiteta que trabalhava no mesmo escritório que Jungkook. A primeira vez que o vi, ele trouxe lindos balões para ela. Acho que ficou com pena de mim, por causa do meu estado lamentável. Ele foi sensível o suficiente para me dar um balão. — Jimin largou os talheres para levar a destra ao queixo. Por alguns segundos se manteve distante e pensativo, como se estivesse mesmo revivendo àquelas memórias. Taehyung o achou adorável. — No dia seguinte ele voltou ao hospital para visitar sua amiga, mas também para me ver. E aí voltou no dia sucessor a esse, depois outro dia e mais outro...
— Isso foi bem atencioso da parte dele.
— Sim, muito fofo. Mas não era nenhum tipo de paquera, nem nada, porque ele nunca tinha visto o meu rosto e aquelas roupas do hospital não ajudavam muito. Éramos só duas pessoas se conhecendo.
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Marido De Mentirinha
FanfictionQuando Kim Taehyung diz não ao pedido de casamento do arquiteto Jeon Jungkook, a casa dos sonhos acaba se transformando em nada mais que um monumento vazio de sua rejeição. Isto é, até Jungkook encontrar ocasionalmente com Park Jimin, um mentiroso c...