Capítulo 33 - Minhyuk

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Infelizmente, preciso dizer algumas coisas antes de vocês lerem esse capítulo, porque diferente dos outros, esse capítulo tem uma temática bem mais pesada - embora eu tenha me esforçado para diminuir muito a carga dramática.

A primeira parte da história de Minhyuk se passa no ano de 1981. A segunda, de 1982 até 1986. Infelizmente é necessário dizer que, nesse período, a Coreia do Sul não estava em um dos seus melhores momentos históricos, pelo contrário. Em 1979 ocorrera um golpe onde militares tomaram o controle do estado, e nessa parte é mostrado as consequências desse período na vida de um dos personagens mais importantes de nossa história.

Terá sangue, dor, morte, e também sentimentos que nossos outros personagens não precisaram passar quando jovens, quando adolescentes. Aqui, será representado de uma forma bem mais simplificada a dor de ser um quase jovem-adulto no meio de um período de repressão, e apesar de eu ter dito que CB jamais teria discussões políticas, é meio inevitável quando isso explica tomadas de atitudes no futuro, e entender o porque de agirem como age. 

Esse também é o maior capítulo de CB até agora, com 74 páginas. Infelizmente não pude dividir no meio, porque a segunda será ainda maior, então peço que tenham paciência, e leiam em seu tempo. Mas espero que não desistam da leitura, também. Peço também compreensão porque eu não reli e corrigi o capítulo, justamente pelo tamanho.

Espero que eu tenha conseguido passar tudo que os nossos personagens sentiram, e vocês possam, de alguma forma, compreende-los. 

A segunda parte se tratará do capítulo 35, o 34 voltando para o ponto onde o 32 parara.

Boa leitura. 

***

Fevereiro de 1981 – Daegu

Seus passos eram firmes e rápidos, seus olhos desviando freneticamente de pontos da rua para outro, confirmando que ninguém o seguia enquanto assistia a casa cinza aproximando-se de seu ponto de vista.  

Sua postura era ereta e seus braços estavam firmes ao lado do corpo, imitando a maneira como os militares se portavam, e tentando se passar por um estudante comum de dezesseis anos, mesmo que fosse verdadeiramente e unicamente isso. Mas para aqueles homens isso não importava, caso você parecesse suspeito aos olhos deles. 

Seus dedos se agarraram na alça da bolsa de pano que carregava em seu ombro e onde guardava os materiais de estudo da escola, lembrando-se do embrulho no fundo da mesma que fazia um mínimo sorriso aparecer em seus lábios - estes tão raros quanto qualquer coisa que você poderia tirar algo de bom na sociedade atual que viviam, onde poucas pessoas eram confiáveis.  

Um sorriso falso apareceu em seus lábios quando sua vizinha o cumprimentou, empurrando o portão baixo com cuidado para as hastes de metal não estralarem no chão antes de rapidamente trancá-lo como todas as pessoas da região faziam, andando mais rápido ainda até a porta de entrada. A chave fora pega de seu bolso e então enfiada na fechadura, ouvindo os sons vindo de dentro da casa que sempre serviam como um combustor para seu coração relembrar o que era estar vivo, e por quem vivia.

— Eomeoni, cheguei! — disse ao fechar a porta atrás de si, retirando os sapatos sociais gastos e guardando-os no armário ao lado da porta de entrada junto de seu casaco pesado de inverno, notando a gelidez no tecido junto com as gotículas de neve que começavam a escorrer. Ele suspirou, sabendo que precisaria secar a água do piso antes que danificasse a madeira, lembrando-se do quando a mãe trabalhara para colocar o chão que todas as casas da vizinhança e de grandes famílias tinham. 

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